Pela construção de uma sociedade igualitária

Quando meninos e meninas aprendem juntos sobre tecnologia desde a educação básica
sexta-feira, 07 de março de 2025
por Ana Borges
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)
Apesar dos avanços significativos nos direitos das mulheres desde a adoção da Plataforma de Pequim, o mundo continua enfrentando crises novas e relacionadas, bem como a erosão dos direitos. A participação dos homens nessa luta é um fator pertinente e importante, considerando que na ponta final dessa jornada, está a construção de uma sociedade igualitária, na qual todos saem ganhando.

Crianças são influenciadas pelo que leem, e a presença de personagens femininas protagonistas ajuda a estimular a autoestima das meninas
Mas, na sua origem, essa é uma luta feminina — e histórica —, pela ampliação de oportunidades e igualdade de direitos. O mundo vive um momento de graves conflitos em que mulheres e meninas se encontram mais vulneráveis. Então, além de refletirmos sobre os marcos conquistados, é preciso nos determos sobre as dificuldades que ainda se impõem e o papel que as mulheres precisam desempenhar na construção de uma sociedade digna e respeitosa.

Por exemplo, mesmo com os avanços, ser uma mulher em posição de liderança ainda é um desafio na realidade contemporânea. De acordo com pesquisa realizada pelo IBGE, divulgada em 2024, a taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho foi de 53,3%, enquanto os homens representam 73,2%. Além disso, muitas sentem-se sobrecarregadas por equilibrar o emprego com atividades de casa. Segundo dados desta mesma pesquisa, em 2022 as mulheres dedicaram 21,3 horas semanais aos afazeres domésticos, enquanto os homens gastaram cerca de 11,7 horas.

A representatividade feminina segue limitada em áreas como engenharia, política e ciência. No Brasil, as mulheres representam somente 0,07% no setor de tecnologia, segundo dados da Serasa Experian. Já na educação básica o cenário é o contrário: elas equivalem a 81% dos docentes. Essa atuação predominante na formação regular brasileira vai além da sala de aula, abrangendo também a gestão escolar, onde ocupam 80,6% dos cargos, de acordo com o Censo Escolar 2020. 

On-line a favor delas

Já em relação à TI, a pesquisa da Experian mostra que 0,33% dos homens atuam nesta área, enquanto as mulheres seguem à margem dessa profissão. Em uma sociedade marcada pelo digital, é essencial compreender e estar dentro desse universo, podendo, assim, utilizar as ferramentas e plataformas online a seu favor na produtividade. Para isso, o letramento digital é indispensável. Para a especialista na área, Thais Pianucci, essa competência deve ser aprendida desde a infância e trabalhada na educação básica:  

“Quando meninos e meninas aprendem sobre tecnologia desde a educação básica, criamos uma oportunidade única de igualdade. Ao introduzir a tecnologia cedo, as meninas passam a enxergar esse campo como um espaço que também pertence a elas. Se essa exposição acontece apenas no momento da escolha de carreira, muitas sequer consideram a área como uma possibilidade. Portanto, letrar é fundamental não só para emancipar e equalizar oportunidades, mas para que tenham a certeza de que a tecnologia também é para elas”, argumenta. 

Protagonistas

A representatividade feminina também na literatura infantil é essencial para a construção de uma realidade mais equilibrada. Desde a infância, as crianças são influenciadas pelas histórias que leem, e a presença de personagens femininas fortes, diversas e protagonistas ajuda a estimular a autoestima delas. Dessa forma, livros infantis que trazem personagens femininas inspiradoras contribuem para um futuro em que a igualdade de gênero seja mais presente.  

De acordo com a diretora de produtos de Leiturinha [Clube de Livros Infantis], Lindsay Viola, “a presença de pautas e personagens femininas diversas nas narrativas permite que meninas se reconheçam dentro das histórias e se vejam como protagonistas de suas próprias vidas. Quando essas personagens são retratadas de forma complexa e autêntica, fugindo de estereótipos de gênero, elas ampliam as possibilidades de referência para diferentes realidades e personalidades”.  

(Fontes: ONU Mulheres Brasil, IBGE, Serasa Experian)

 

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