Um temporal na noite do último sábado, 19, ocasionou o que os moradores do bairro Vila Amélia já sabiam que um dia iria acontecer. Um veículo que estava estacionado na Rua Teresópolis, junto à margem do Córrego do Relógio, caiu no leito depois que parte do calçamento cedeu com a força da enxurrada. Sem a manutenção necessária, o córrego é, cada vez mais, uma ameaça para moradores e motoristas que passam por ali. Eles denunciam a falta de um sistema de drenagem e da construção de um muro de contenção junto ao leito, além da reestruturação do deck de madeira que cobria o córrego. O trecho atingido, em frente ao Colégio Estadual Zélia dos Santos Côrtes, que já apresentava infiltrações no calçamento, foi interditado pela Defesa Civil e o estacionamento de veículos está proibido no local. Motoristas e pedestres devem redobrar a atenção ao passar pela Rua Teresópolis.
Um antigo problema
Desde a tragédia climática de 2011, o Córrego do Relógio tornou-se uma dor de cabeça para quem mora na Vila Amélia. Com o transbordamento, o deck foi totalmente destruído. A prefeitura depois refez a cobertura com tábuas de madeira, mas a manutenção periódica não foi feita e o resultado não poderia ser outro: várias tábuas começaram a se soltar, outras se deterioraram com a ação do tempo e o perigo instalou-se no local que servia de passagem para pedestres.
No ano passado, uma mulher tropeçou em uma das tábuas soltas e se feriu. Cerca de sete meses depois, dois jovens que caminhavam sobre o deck também caíram devido as tábuas soltas e se machucaram. Depois disso, a prefeitura anunciou a elaboração de um estudo topográfico do local e apresentou projeto que previa reurbanização do local com um novo deck de madeira e a instalação de mobiliários, jardineiras e quiosques para lazer.
As tábuas, então, foram retiradas e foi instalado um guarda-corpo improvisado com tábuas de madeira na margem do córrego junto a calçada da Rua Teresópolis para proteger os pedestres. No último dia 10, A VOZ DA SERRA publicou reportagem mostrando os perigos no local. Na ocasião, a Secretaria Municipal de Obras informou que o projeto de obras no Córrego do Relógio já está pronto, bem como o orçamento, e foi encaminhado à Secretaria estadual de Cidades, junto com outras obras previstas para serem executadas em Nova Friburgo em parceria com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, como o projeto de drenagem da Rua Duque de Caxias, nova pavimentação da Avenida Alberto Braune, drenagem do Cônego e asfaltamento da estrada de Floresta Mendes. O Governo do Estado sinalizou de forma positiva, mas ainda não há data para o início das obras. A prefeitura não informou o custo previsto das intervenções na Vila Amélia.
Quando esteve no bairro há duas semanas, nossa equipe de reportagem ouviu muitas reclamações dos moradores. Eles denunciaram também o mato alto no local. “É um absurdo o que está acontecendo aqui. A prefeitura nos abandonou. Há meses que não é feito nada neste córrego. Nem sequer iniciaram a obra e agora o mato cresceu e está cheio de ratos aqui. É preciso uma providência urgente”, desabafou Maria das Graças Barboza, que tem um quiosque na feira da Vila Amélia.
Perto dali, um trecho da calçada com uma rampa para acesso de cadeirantes foi praticamente engolida pelo matagal. Mais adiante, um buraco enorme facilita a queda de pedestres no leito do córrego. “Recentemente, uma criança caiu ali”, recorda-se Maria das Graças.
“Uma criança pode acidentar-se aqui e até cair no córrego. O isolamento deveria ter sido mais bem feito. Do jeito que improvisaram esse guarda corpo, uma criança pode passar por entre essa proteção com ripas de madeira e cair na água”, observou um morador.
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