A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Friburgo informou que na semana passada, a Vigilância Epidemiológica recebeu um comunicado da Gerência de Doenças Transmitidas por Vetores e Zoonoses da Secretaria estadual de Saúde (SES/RJ), confirmando resultado positivo para o vírus oropouche em Nova Friburgo. É o primeiro caso da doença denominada febre oropouche no município.
Diante do comunicado as equipes de Vigilância Epidemiológica e Vigilância Ambiental estiveram na última quinta-feira, 4, na casa do paciente para conduzir as investigações e determinar se o caso é autóctone (transmissão local) ou importado (quando a transmissão ocorre em outro território), identificar o paciente e traçar as estratégias para uma ação.
O paciente é um idoso de 81 anos que manifestou sintomas em maio, com quadro de cefaleia, artralgia intensa, tontura, náusea e vômitos. Não foi necessária internação. O idoso evoluiu para cura sem sequelas. Eloe não histórico de viagem recente.
Cabe ressaltar que o Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen), referência no Estado do Rio de Janeiro, está realizando exames para detecção de febre oropouche de forma amostral daqueles que negativaram para dengue, chikungunya e zika. Portanto, não há ainda, no estado, coleta específica para a febre oropouche.
A doença
A febre oropouche (FO) é uma doença causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) do gênero Orthobunyavirus, da família Peribunyaviridae. O Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir de amostra de sangue de uma bicho-preguiça (Bradypus tridactylus) capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos estados da região amazônica. Também já foram relatados casos e surtos em outros países das américas Central e do Sul (Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela).
Transmissão
A transmissão da febre oropouche é feita principalmente por mosquitos. Depois de picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus permanece no sangue do mosquito por alguns dias. Quando esse mosquito pica outra pessoa saudável, pode transmitir o vírus para ela.
Existem dois tipos de ciclos de transmissão da doença:
Ciclo silvestre: Nesse ciclo, os animais como bichos-preguiça e macacos são os hospedeiros do vírus. Alguns tipos de mosquitos, como o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus, também podem carregar o vírus. O mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, é considerado o principal transmissor nesse ciclo.
Ciclo Urbano: Nesse ciclo, os humanos são os principais hospedeiros do vírus. O mosquito Culicoides paraenses também é o vetor principal. O mosquito Culex quinquefasciatus, comumente encontrado em ambientes urbanos, pode ocasionalmente transmitir o vírus também.
Sintomas
Os sintomas da febre oropouche são parecidos com os da dengue e da chikungunya: dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia. Neste sentido, é importante que profissionais da área de vigilância em saúde sejam capazes de diferenciar essas doenças por meio de aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais e orientar as ações de prevenção e controle.
Diagnóstico
O diagnóstico da febre oropouche é clínico, epidemiológico e laboratorial. Todo caso com diagnóstico de infecção deve ser notificado. A FO compõe a lista de doenças de notificação compulsória, classificada entre as doenças de notificação imediata, em função do potencial epidêmico e da alta capacidade de mutação, podendo se tornar uma ameaça à saúde pública.
Tratamento
Não existe tratamento específico. Os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico.
Prevenção
Recomenda-se evitar áreas onde há muitos mosquitos, se possível; usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplique repelente nas áreas expostas da pele; manter a casa limpa, removendo possíveis criadouros de mosquitos, como água parada e folhas acumuladas.
Se houver casos confirmados na sua região, siga as orientações das autoridades de saúde local para reduzir o risco de transmissão, como medidas específicas de controle de mosquitos.
Em caso de sintomas suspeitos, procure ajuda médica imediatamente e informe sobre sua exposição potencial à doença.
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