Informações rápidas, vídeos, cores e áudios. Tudo feito para chamar a atenção dos usuários de telefones celulares, cada vez mais presentes nas vidas de todos, sejam adultos ou crianças. Com o advento das redes sociais, cresceu também o desejo de consumo por informações rápidas e instantâneas. Isso, reflete-se diretamente nos hábitos das pessoas, entre eles o hábito da leitura. A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita pelo Instituto Pró-Livro e pelo Itaú Cultural, mostra que entre 2015 e 2019, o país perdeu 4,6 milhões de leitores. Nesses quatro anos, a porcentagem de leitores no Brasil caiu de 56% para 52%. Outra pesquisa mostra ainda que 93 milhões de brasileiros, 48% da população, não leu nenhum livro, nem em parte, entre julho e setembro de 2020.
Além do problema histórico da falta de incentivo à leitura, a pesquisa confirmou uma suspeita: 66% dos entrevistados disseram preferir navegar na internet durante seu tempo livre, e 62% afirmaram preencher essas horas com o aplicativo de mensagens WhatsApp. Para a professora de Português Ana Lúcia Anselmo, esse é um ponto muito delicado, porque envolve rotina familiar. Mas, segundo ela, “a verdade é que não podemos mais deixar de lado a prática da leitura que é primordial para o estímulo da criatividade, exercita a memória, contribui com o crescimento do vocabulário e a melhora na escrita, além de benefícios para a interação social.”
A queda do hábito de leitura reflete diretamente nos resultados de outras respostas da pesquisa: 19% informaram ler muito devagar; 13% afirmaram não ter concentração suficiente para ler e 9% não compreendem a maior parte do que leem. De acordo com a professora de Português, nos adolescentes, a manutenção do foco é o maior desafio. “Quando em grupo, a divisão da leitura torna a tarefa mais atenta e prazerosa, Individualmente, principalmente quando a leitura é silenciosa, é comum que se distraiam e tenham dificuldade de recontar a história lida”, revela ela, acrescentando ainda que “existe também dificuldade na interpretação e compreensão do que leem, porém, o que mais me chama a atenção é justamente o limite do alcance de entendimento do que se pergunta. É muito comum que as respostas venham pela metade ou superficiais justamente por não haver compreensão do que efetivamente foi questionado”, observa a educadora.
De acordo com o Instituto Pró Livro, o desenvolvimento social e econômico do Brasil depende do combate do analfabetismo funcional. E, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (INAF) de 2018, três em cada dez brasileiros entre 15 e 64 anos têm esse déficit. Para Ana Anselmo, as crianças devem ser estimuladas à leitura mesmo antes do letramento.
“A leitura é um hábito e isso deve ser estimulado sempre. A família é o primeiro e maior estímulo para uma criança, para tudo, não seria diferente com relação à leitura. O hábito de leitura compartilhada é um grande incentivo para os pequenos. Quando digo leitura, não me refiro somente a livros. Que tal a criança ler uma simples tirinha e contar o que leu?”, sugere a professora.
Venda de livros aumentou durante a pandemia
Apesar do cenário não ser favorável, uma boa notícia durante a pandemia da Covid-19 veio exatamente do mercado editorial. De acordo com os dados do o 11º Painel do Varejo de Livros no Brasil, houve um acréscimo na venda de livros em 29,3% no ano passado e um faturamento das editoras que superou a casa dos R$ 2 bilhões. Somente em 2021 foram comercializados 55 milhões de livros no Brasil. Tomara que cada página desses livros tenha sido lida e compreendida, não somente mais um exemplar esquecido na estante. Assim, as próximas pesquisas podem trazer resultados mais animadores, dizem os educadores.
Feira na praça
Um estímulo à leitura acontece em Nova Friburgo com mais uma edição da Feira de Livros na Praça Getúlio Vargas que reúne inúmeros títulos literários e também didáticos. No local, os amantes da leitura encontram obras recém-lançadas pelo mercado editorial, best-sellers e até grandes clássicos da literatura. Tem também livros de culinária, apostilas para concursos públicos, livros de Direito, literatura, revistas didáticas e livros infantis bastante procurados. Há também revistas, discos e CDs. As tendas da Feira Literária estão abertas neste fim de semana das 8h às 19h.
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