Ministério da Saúde lança guia para estimular atividades físicas

Praticar exercícios com supervisão é benéfico na pandemia, revela estudo publicado em revista científica
sexta-feira, 09 de julho de 2021
por Vinicius Gastin
Incentivo às atividades físicas é o conteúdo do Guia lançado pelo Ministério da Saúde (crédito Rovena Rosa / Agência Brasil)
Incentivo às atividades físicas é o conteúdo do Guia lançado pelo Ministério da Saúde (crédito Rovena Rosa / Agência Brasil)

O Ministério da Saúde lançou um guia para estimular a população a praticar atividades físicas. Com a publicação, o Governo Federal espera promover hábitos saudáveis e uma melhor qualidade de vida entre os brasileiros e reduzir o sedentarismo. Cerca de 70 pesquisadores da área da atividade física e saúde, além de técnicos do ministério e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) participaram da elaboração do documento produzido em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Dividida em oito capítulos, a publicação orienta a prática de atividades físicas em diversos contextos, por diferentes grupos sociais e faixas etárias, com recomendações sobre quantidade, intensidade e exemplos de atividades. O ministério vai distribuir 74 mil cópias do documento para secretarias estaduais e municipais de saúde; profissionais e usuários do programa Academia de Saúde e de centros de reabilitação com foco na atenção às pessoas com deficiência visual e órgãos governamentais.

O guia também estará disponível para download no site da pasta, também em versões de áudio e em braille, e traduzidos para o inglês e o espanhol. Segundo o secretário nacional da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Raphael Parente, o Ministério da Saúde espera influenciar o trabalho das equipes de atenção à saúde primária e a implementação de iniciativas de atividade física por estados e municípios.

“Os profissionais da atenção primária de diferentes formações poderão utilizar as recomendações para aconselhar os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) na prática de atividades físicas, reforçando os benefícios.”

Já a diretora do Departamento Nacional de Promoção de Saúde, Juliana Rezende, o estabelecimento de diretrizes voltadas à prática de atividades físicas é fundamental para reduzir o sedentarismo entre a população, e este é o primeiro documento oficial brasileiro com tal propósito. Segundo Rezende, o texto foi elaborado a partir de recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), da consulta pública a interessados no tema e revisão de estudos científicos recentes.

Presente à cerimônia de apresentação do guia, a representante da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Socorro Gross, parabenizou o ministério pela iniciativa, destacando a importância de políticas públicas voltadas a estimular a atividade física.

“A América é, infelizmente, a região mais obesa do mundo. E onde há uma redução [da frequência de] atividade física entre a população. Quatro em cada dez pessoas não fazem nenhuma atividade física que beneficie a saúde. E isto tem a ver com vários fatores. Podemos envelhecer saudavelmente. E também melhorar a saúde mental de nossas crianças e jovens por meio da atividade física”, comentou Socorro.

Só faz bem

As atividades físicas realizadas com supervisão profissional durante a pandemia da Covid-19, sejam elas online ou presenciais, trazem mais benefícios sobre a saúde mental e física do que o sedentarismo ou a prática de exercícios sem supervisão. Isso é o que demonstra um estudo feito com 344 voluntários e publicado na revista científica Psychiatry Research.

Apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o estudo investiga os efeitos da prática regular de exercícios físicos sobre a saúde física e mental neste momento de combate à Covid-19. Para tanto, o estudo considerou três modelos de aulas praticadas durante a pandemia – presencial com supervisão profissional, online sem supervisão e online com supervisão por vídeo chamada – e comparou tais situações com o sedentarismo, ou seja, com pessoas que não estavam praticando qualquer tipo de exercício neste momento.

A pesquisa foi feita por meio de um questionário online, em que voluntários deveriam responder se estavam conseguindo fazer exercícios físicos durante a pandemia e como estava a saúde mental deles antes e durante a crise sanitária e qual era o nível de atividade física praticado antes e durante a crise. No caso da saúde mental, foram avaliados nove itens que compõem a Madrs-S (Montgomery-Asberg Depression Rating Scale–Self Rated): tristeza, tensão, dificuldade de sono, alteração de apetite, dificuldade de concentração, lentidão, incapacidade de sentir, pessimismo e pensamentos suicidas.

“Dos quatro grupos analisados (com supervisão online e presencial, sem supervisão e sedentários), aqueles que não faziam nada durante a pandemia apresentaram pior saúde mental e piores níveis de atividade física. Para nossa surpresa, quem realizou exercício supervisionado remotamente apresentou maiores níveis de atividade física, principalmente as intensas, comparado com quem fez o exercício sozinho, e uma leve tendência sobre quem fez presencial”, disse Carla da Silva Batista, pesquisadora da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo e uma das autoras do estudo, junto com Acácio Moreira Neto.

“Entre os que praticam exercícios, 59% das pessoas melhoraram a saúde mental, independentemente de fazer exercício supervisionado, ou não. Quando se analisa somente quem faz atividade supervisionada, houve melhora de 25%, igual ao grupo de quem faz supervisionado presencial”, afirmou Carla, em entrevista à Agência Brasil. De acordo com a pesquisadora, a saúde mental dos grupos que fizeram exercícios, independentemente de terem sido supervisionados ou praticados por conta própria, ficou melhor do que a de quem não fez nada ou foi sedentário na pandemia.

 

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