Laudo psiquiátrico atesta: tabelião que matou família não tem problemas mentais

Preso desde agosto, Ricardo Pinheiro Jucá Vasconcelos atirou contra esposa grávida e sogros, no Cônego
sexta-feira, 15 de outubro de 2021
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
Ricardo Jucá: “em condições mentais de exercer ato da vida civil”, segundo o laudo (Arquivo AVS)
Ricardo Jucá: “em condições mentais de exercer ato da vida civil”, segundo o laudo (Arquivo AVS)

Um laudo médico assinado pelo psiquiatra Mauro Acselrad, do Hospital Penal Psiquátrico Roberto Medeiros, no complexo penitenciário de Bangu, na última quarta-feira, 13, atesta que Ricardo Pinheiro Jucá Vasconcelos, preso desde 13 de agosto deste ano por matar a família, não tem problemas mentais. Na avaliação da equipe médica, segundo o laudo, o réu “encontra-se em condições mentais de exercer ato da vida civil”.

Naquela  noite de sexta-feira, na casa da família, no Cônego,  o tabelião de 43 anos atirou contra a mulher, grávida de 6 meses, e os sogros.  Morreram na hora Nahaty Gomes de Mello, de 33 anos, e sua mãe, Rosimery Gomes da Cunha, de 67, respectivamente esposa e sogra de Ricardo. O sogro Wellington Braga Mello, de 75 anos, ainda sobreviveu, apesar de ter levado dois tiros, um deles na boca, mas veio a falecer  em 1º de setembro, no hospital.

A Polícia Militar  foi acionada por vizinhos, que denunciaram ao 190  homem armado ameaçando a família e escutaram disparos de arma de fogo. Ao chegarem à residência, os policiais encontraram o sogro do atirador no portão, ferido no rosto. O corpo da sogra estava na sala e o da mulher, em um quarto no andar de cima. Ainda muito alterado, segundo os policiais, o atirador se rendeu e, a caminho da 151ª DP, confessou ter atirado na mulher e na sogra.

Uma semana após o crime, o juiz Marcelo Alberto Chaves Villas, da 1ª Vara Criminal de Nova Friburgo, determinou a transferência de Ricardo do hospital penal psiquiátrico onde estava, no Rio,  para um presídio comum.  A denúncia apresentada pelo Ministério Público contra o réu à Justiça ratificou a conversão da prisão em flagrante em  preventiva e determinou a transferência.

Segundo a decisão do juiz Villas, “a denúncia narra crimes bárbaros” e “inexiste prova de que o acusado sofra de perturbação mental”. O juiz assinalou que, por ser  praticante de tiro desportivo, o réu foi  submetido a exame psicológico sem restrição da capacidade cognitiva, pois tal exigência faz parte do Estatuto do Desarmamento.  Villas considerou também que o “surto psicológico” alegado inicialmente para cometer os crimes, de forma superficial, não justificava a presunção de inimputabilidade do réu. 

O tabelião foi indiciado pela polícia  pelos crimes de dois feminicídios consumados, aborto e tentativa de homicídio, que, com a morte do sogro, se converteu em homicídio. Somadas, as penas passam de 84 anos.

Em postagem pública em rede social, uma parente próxima das vítimas contou detalhes da tragédia na casa do Cônego. Segundo ela, Nahaty teria sido alvejada enquanto estava deitada na cama, lanchando. Ela teria levado três tiros na cabeça e um na barriga. A mãe subiu as escadas correndo e também foi  atingida. O pai levou dois tiros ao tentar sair pela porta. “Peço que meu grito seja ecoado para essas mulheres que se submetem a homens violentos, dominadores, ciumentos”, escreveu ela.

 

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TAGS: crime