Jogo Seguro, a ser “adequado”, reúne série de aspectos a serem cumpridos no Rio

Protocolo de higienização prevê desinfecção dos estádios, a exemplo de Conselheiro Galvão
terça-feira, 23 de junho de 2020
por Vinicius Gastin
Maracanã vazio: cena que deve se repetir por algumas semanas
Maracanã vazio: cena que deve se repetir por algumas semanas

Depois de três meses, enfim, a bola voltou a rolar nos gramados do Rio de Janeiro. Ainda que novamente paralisado, após novo decreto do prefeito da capital, Marcelo Crivella, é possível que novas partidas aconteçam esta semana. Essa é a intenção, embora ainda existam inúmeras incertezas. No caso do Friburguense, o torcedor tricolor terá que ser um pouco mais paciente. Sem compromissos oficiais previstos para 2020, o Frizão apenas acompanha o desenrolar na Série A e do Grupo Z, para conhecer mais dois adversários na Seletiva de 2021 – o Americano é o primeiro rival definido.

Para que os jogos pudessem ser retomados – ainda que dentro de um cenário polêmico e longe de ser unânime -, a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) elaborou, juntamente com autoridades médicas e clubes, um protocolo de cuidados intitulado Jogo Seguro. O texto foi aprovado por unanimidade por todos os médicos e membros da equipe de saúde das 16 equipes que estiveram presentes ao debate, após estudos e discussões em diversas reuniões. Entretanto, deve sofrer algumas adequações para, segundo o prefeito do Rio, entrar em conformidade com as regras do município.

A VOZ DA SERRA teve acesso ao protocolo Jogo Seguro, na íntegra, e tenta destrinchar um pouco das diversas recomendações. Fato é que o futebol vai ser desenvolvido de uma forma um pouco diferente, desde os bastidores ao campo.

Seguindo o protocolo, por exemplo, são utilizados preferencialmente os estádios Mário Filho (Maracanã), Nilton Santos e São Januário, embora outros locais também estejam recebendo as partidas. Os ambientes são previamente desinfectados e higienizados para receber os jogos. Cabines de desinfecção foram alocadas em locais estratégicos para atender ao staff do estádio e aos profissionais dos times.

A delegação dos clubes está sendo composta com no máximo 40 pessoas, incluindo atletas, comissão técnica e todo staff envolvido. Qualquer pessoa comprovadamente com doença em atividade ou suspeita clínica de Covid-19 tem o acesso impedido, e a chegada da delegação do clube ao estádio deve acontecer 60 minutos antes no início da partida. Os ônibus utilizados devem ser previamente higienizados e desinfectados.

A princípio, a concentração aconteceria 48 horas antes dos jogos, onde seriam coletados materiais para o exame PCR em atletas e comissão técnica, podendo ser acrescentados os testes de sorologia. Na sexta-feira, 19, após Flamengo e Bangu descumprirem essa parte, a Federação anunciou uma adequação: no chamado Protocolo Jogo Seguro - Fase II, no item 9 (concentração), foi incluído o Teste Rápido para Antígeno Covid-19, em material coletado de nasofaringe. O exame substitui o PCR e, retira a obrigação da realização da concentração. Ao invés de punir, a Ferj adequou uma parte do texto a partir de um descumprimento.

O protocolo indica ainda que deve ser disponibilizado na entrada dos ônibus álcool em gel para todos os passageiros e motoristas higienizarem as mãos ao entrarem, e deverão utilizar máscaras durante todo o tempo de transporte. Os motoristas dos coletivos devem ser igualmente testados. As janelas devem permanecer abertas sempre que possível, para ventilar e manter arejado o ambiente interno do ônibus.

O acesso aos vestiários, quando a estrutura do estádio permitir, deve ocorrer em túneis diferentes entre os times. Todos têm temperatura corporal aferida através de termômetro infravermelho.

Cada delegação possui direito a 32 passes para acesso ao vestiário, número que pode ser reduzido se preciso para adaptar às condições do estádio. Todos devem utilizar máscara durante todo o tempo dentro dos corredores e vestiários. Deve ser garantido que as cabines utilizadas pelos jogadores no interior do vestiário, onde guardam seus pertences e materiais de jogo, tenham o máximo de distanciamento possível de acordo com orientações dos órgãos de saúde, onde se necessário for, intercalando estes dispositivos.

Também deve ser disponibilizado dispensers abastecidos com álcool gel 70% para higienização das mãos na entrada e interior dos vestiários ocupados por cada equipe, e o tempo máximo no local será reduzido, priorizando atividades de aquecimento ao ar livre, em campo. Os times não devem utilizar o túnel de acesso ao campo ao mesmo tempo, devendo a prioridade ser da equipe mandante. As banheiras e SPAs foram interditadas.

O protocolo de entrada em campo proíbe a participação de crianças e mascotes, sem foto oficial antes da partida ou o tradicional cumprimento com aperto de mãos entre jogadores e equipe de arbitragem, tampouco troca de flâmulas. As cadeiras do banco de reservas são ocupadas de maneira intervalada, preservando distanciamento entre os jogadores. Caso não seja possível acomodar a todos os reservas – dez no máximo - e comissão – até cinco pessoas -, estes últimos devem ser alocados em cadeiras ao lado do banco. Também será  disponibilizado álcool 70% próximo ao banco de reservas.

Assim como já ocorre em outros países, o trabalho da imprensa também possui limitações. Não há contato em campo ou qualquer outra localidade com os jogadores e comissão técnica. Todos os profissionais devem observar os protocolos da categoria profissional, serem testados e acompanhar todas as medidas protetivas de higiene e segurança que cercam o jogo.

Os gandulas, usando máscaras, são responsáveis por higienizar as bolas de jogo com produto apropriado. Não são permitidos atos como beijar bolas, abraçar e cumprimentar atletas do mesmo time ou adversário, reuniões em grupo e outras aglomerações. Também não está sendo permitida comemoração de gol com aglomeração de jogadores e comissão técnica ou toques de mãos.

A reposição hídrica será dispensada de forma individual com material descartável, em mesas próximas ao campo. O uso de squeezes está proibido. Todos os profissionais envolvidos nos jogos assinam o Termo de Consentimento Informado para o Covid-19, com esclarecimentos de deveres e risco. E assim, mesmo que de uma maneira diferente a do habitual, as redes voltam a balançar aos poucos pelo Estado do Rio. Resta torcer para que todos os protocolos também sejam cumpridos em estádios de menor estrutura, mas partidas onde não há cobertura tão intensa da mídia.

 

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TAGS: futebol