O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador considerado para a inflação oficial do país, subiu 0,12% em julho, segundo dados divulgados na sexta-feira, 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A inflação brasileira vinha desacelerando desde fevereiro. O indicador chegou a ter deflação de 0,08% em junho, mas neste mês voltou a acelerar puxado pelo grupo de Transportes (1,50%) e com destaque para a gasolina (4,75%). Em julho de 2022, o IPCA também teve deflação de 0,68%.
Com isso, o país passa a ter uma inflação acumulada de 3,99% na janela de 12 meses. No ano, acumula alta de 2,99%.
O resultado de julho veio acima da expectativa de mercado, que era de uma alta de 0,07% no mês. Mas analistas entendem que o resultado geral veio benigno, por conta de uma desaceleração na inflação de serviços.
Em julho, cinco dos nove grupos do IPCA tiveram alta. Além de Transportes, houve alta em Saúde, e cuidados e despesas pessoais. Já grupos importantes como alimentação e bebidas, e habitação tiveram quedas.
“Os três grupos com maior peso no IPCA tiveram movimentos inversos. Houve variação positiva para transportes, com 0,31 p.p. para cima, enquanto alimentação e bebidas, e habitação trouxeram o índice em 0,26 p.p. para baixo”, disse André Almeida, analista do IBGE.
Resultado dos grupos que compõem o IPCA:
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Alimentação e bebidas: -0,46%;
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Habitação: -1,01%;
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Artigos de residência: 0,04%;
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Vestuário: -0,24%;
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Transportes: 1,50%;
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Saúde e cuidados pessoais: 0,26%;
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Despesas pessoais: 0,38%;
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Educação: 0,13%;
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Comunicação: -0,00%.
Gasolina, forte alta
Dentro do grupo Transportes, que acumulou alta de 1,50% no mês e impacto de 0,31 ponto percentual no índice geral, a gasolina foi o maior destaque de alta. O combustível teve ganho de 4,75% no mês, além de contribuição de 0,23 p.p. no IPCA.
Segundo André Almeida, excluindo a gasolina do índice geral, o IPCA teria fechado o mês de julho com nova deflação de 0,11%. O peso total do combustível no índice é de 4,79%, o maior de todos que pertencem à cesta do IPCA.
Nos resultados do mês passado, a gasolina havia recuado 1,14% por conta das reduções de preços promovida pela Petrobras para as refinarias. Em julho, os preços sofreram um ajuste relevante porque passaram a captar a reoneração de impostos federais, como o PIS e Cofins, no combustível.
O governo federal aumentou os impostos sobre gasolina e etanol desde o início de julho. O aumento foi de R$ 0,22 por litro no caso do etanol e de R$ 0,34 por litro da gasolina, segundo estimativa da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
O etanol também teve alta em julho, porém mais modesta (1,57%). Dentro do subgrupo de combustíveis, que teve alta de 4,15%, o gás veicular também subiu 3,84%. Por fim, o óleo diesel teve queda: 1,37%.
Ainda em Transportes, o término do programa de descontos no carro zero trouxe alta no preço do automóvel novo, de 1,65%. Pedágios também tiveram reajustes em várias praças, o que gerou aumento acumulado de 2,44%. As passagens aéreas continuaram a subir, com aumento de 4,97%.
Alimentos e habitação em queda
Juntos, os grupos de Alimentação e bebidas, e Habitação, tiveram peso negativo de 0,26 p.p. no IPCA.
Em Habitação, o principal destaque foi a redução dos preços de energia elétrica residencial, que incorporou o Bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas no mês. Das 16 praças medidas pelo IBGE, apenas Curitiba teve alta no mês, de 3,53%. Em todas as outras houve recuos superiores a 1,5%.
Já o grupo de Alimentação e bebidas segue recuando graças aos preços de Alimentação no domicílio, que teve queda de 0,72% em julho. O subgrupo já havia registrado deflação em junho, de 1,07%.
Apesar de uma deflação menor que no mês anterior, a Alimentação no domicílio vinha caindo desde abril, o que empurrou preços de alimentos para baixo.
Em julho, o IBGE destaca reduções do feijão-carioca (-9,24%), do óleo de soja (-4,77%), do frango em pedaços (-2,64%), das carnes (-2,14%) e do leite longa vida (-1,86%). Entre as altas, estão as frutas (1,91%), com destaque para banana-prata (4,44%) e mamão (3,25%).
Já a Alimentação fora do domicílio teve alta de 0,21%, mas desacelerou em relação a junho (0,46%). Segundo o IBGE, houve altas menos intensas do lanche (0,49%) e da refeição (0,15%) contra 0,68% e 0,35% em junho, respectivamente.
Inflação de serviços desacelera
A inflação de serviços desacelerou no mês de julho, de 0,25% no mês ante 0,62% em junho. Com isso, o acumulado em 12 meses caiu para 5,63%.
Vale destaque para itens relacionados ao turismo, visto que julho é um mês de férias escolares. Houve altas em passagens aéreas (4,97%), aluguel de veículos (10,13%), pacote turístico (1,11%) e hospedagem (1,05%).
“Nós tivemos uma desaceleração bem relevante de serviços subjacentes. Eles já tinham cedido no IPCA-15, mas no fechamento cederam ainda mais. Saíram de 0,55% para 0,25%, menos da metade daquela aceleração de junho. É um resultado extremamente importante”, relatou Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital.
“Essa tendência de descompressão está evidenciada, isso aumenta de forma significativa a chance de ter núcleos de inflação perto dos 3%. Se serviços subjacentes permanecerem nesse patamar, começa a entrar no radar uma aceleração da queda de juros, talvez antes até o que a gente está pensando”, prossegue Damico.
INPC tem queda de 0,09% em julho
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — que é usado como referência para reajustes do salário mínimo, pois calcula a inflação para famílias com renda mais baixa — teve queda de 0,09% em julho. Em junho, a queda foi de 0,10%. Assim, o INPC acumula alta de 2,59% no ano e de 3,53% nos últimos 12 meses. Em julho de 2022, a taxa foi de -0,60%. (Fonte: G1)
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