Faleceu na madrugada de quarta-feira, 31, em Nova Friburgo, a professora Thereza de Jesus Barbosa Barros, que dedicou mais de 60 anos de sua vida ao magistério. Dona Therezinha, como era carinhosamente chamada por seus pares (‘eu sempre fui baixinha’), iniciou sua carreira em 1948, no Rio de Janeiro, onde nasceu, mas foi aqui que viveu a maior parte de sua vida. De volta ao Rio antes de terminar o primário, lá concluiu os estudos até o 3º grau, formando-se em Letras (francês, português e latim).
Adulta e preparada para iniciar sua caminhada como mestra, retornou a Friburgo, onde se estabeleceu, definitivamente. Em 1953, convidada pelo professor Humberto El-Jaick, lecionou no Colégio Estadual Rui Barbosa (atual Ceje), e em outros importantes educandários, como o Cêfel e a Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia.
Dona de uma personalidade envolvente, deu várias entrevistas para A Voz da Serra, a última, em 2019, aos 97 anos. Dona de uma lucidez impressionante, lembra com precisão nomes, datas, fatos e lugares, e analisa com propriedade a situação da educação pública no Brasil.
Hoje, em sua memória, transcrevemos resumidamente trechos das nossas entrevistas, quando a professora era enfática na defesa de suas convicções, da mesma forma como preparou as várias gerações de alunos, os futuros cidadãos, como gostava de apontar:
“Gostaria de passar tudo que acumulei de experiências e conhecimentos, em meus quase 100 anos de vida. Meu papel é incentivar os jovens, pedir que não desistam, que lutem por uma educação de qualidade, por escolas estruturadas, por salários decentes e por um país melhor. Que não deixem de estudar, nem de ensinar. Não cruzem os braços. Um dia, isso vai melhorar, tem que melhorar. Ser aluno e professor devem ser nossos eternos compromissos”.
“Jamais me arrependi da escolha que fiz e até hoje sinto falta e saudades do meu tempo em sala de aula. Não me conformo com aposentadoria aos 70 anos, na rede pública, ao contrário da particular, onde continuei por um bom tempo. Muitos de nós estamos aptos, de todas as formas, a continuar. Naturalmente, aos 70 já não temos o mesmo vigor, mas também não somos inúteis. É uma questão de adequar horários e disponibilidade de cada um, porque aposentadoria compulsória, aos 73, é, na verdade, uma ‘expulsória!’”.
“Nesses tempos em que é comum as pessoas viverem bem até os 90 ou mais, como eu, faço questão de votar. Não delego aos outros o que diz respeito a mim, sou responsável pelas escolhas que faço”.
O corpo da professora Therezinha foi sepultado no Cemitério São João Batista, nesta quinta-feira, 1º, às 10h30. Direção e equipe de A Voz da Serra, manifestam seu mais profundo pesar aos familiares, amigos e ex-alunos.
Confira o vídeo de uma das entrevistas aqui.
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