A exatos dois meses das eleições municipais, o cenário que se desenha nem poderia ser chamado de atípico, porque a rigor já passamos há muito deste ponto, observa a coluna do Massimo.
O que temos, na verdade, é algo inédito por todos os lados que se olhe, e que dificilmente voltará a se repetir.
Não apenas pela precarização do processo eleitoral em razão da Covid-19 (fenômeno mundial) ou pelo enorme número de pré-candidatos (fenômeno local), mas também pelos efeitos da polarização (fenômeno nacional) e pelas notícias que brotam da crise no Palácio Guanabara (fenômeno estadual).
Comunicação difícil
Como já dissemos em outras oportunidades, o vácuo de lideranças em Nova Friburgo redundou numa acentuada fragmentação política, e na consequente possibilidade de que venhamos a ter quase três vezes mais candidatos à prefeitura do que tivemos em 2016.
Isso, por si só, já tornaria muito mais difícil o período de campanha, demandando muito mais empenho por parte de assessorias, imprensa e da população para que as propostas de cada grupo venham a ser verdadeiramente conhecidas pelo eleitorado.
Mas claro que o cenário é ainda pior, dadas as severas limitações impostas pelo novo coronavírus.
Caminho fácil
Como resultado desta combinação, tem muita gente apostando em atalhos, na construção de personagens estereotipados, e na transferência de votos (e rejeições) a partir de esferas superiores.
Em especial a federal, dado o caráter polarizador da presidência da República em sua atual encarnação.
Disputa feroz
Pois bem, a coluna já manifestou seu entendimento de que, numa cultura eleitoral mais madura, a composição de cada grupo, o histórico de seus integrantes e a qualidade de suas propostas são - ou deveriam ser - fatores muito mais importantes do que apoiar ou criticar quem tão pouco contato terá conosco.
Mas, claro, nem todos pensam assim.
E a verdade é que este tipo de eleitor mais passional tem sido disputado a tapa entre candidaturas que pretendem morder a mesma fatia do bolo eleitoral.
Divisão
O voto bolsonarista, por exemplo, parece fadado a ser dividido entre algumas candidaturas paralelas.
Há, afinal, uma chapa apoiada pelo deputado federal Luiz Lima, outra apoiada pelo vice-presidente Hamilton Mourão e que conta com a simpatia (inclusive registrada em foto recente) do deputado federal Eduardo Bolsonaro, e ainda outra lançada pelo partido ao qual é filiado o senador Flávio Bolsonaro, com apoio deste.
Ou seja: para quem está apostando alto na transferência de votos a vida também parece que não será fácil.
No Rio (1)
E já que mencionamos o deputado Luiz Lima - o mais votado em Nova Friburgo nas eleições de 2018 -, ele acaba de ser apontado, em convenção do PSL, como pré-candidato da sigla à Prefeitura do Rio de Janeiro.
Até uma semana atrás o nome mais cotado para concorrer como vice na mesma chapa era o da ex-deputada Cristiane Brasil (PTB), filha de Roberto Jefferson.
No Rio (2)
Contudo, na última sexta-feira, 11, ela foi detida durante a segunda parte da operação Catarata, acusada de integrar um grupo político que teria fraudado licitações de quase R$ 120 milhões.
Assim, a chapa, que também conta com o apoio do PSD, terá como candidata a vice a advogada Flávia Ribeiro dos Santos.
Mais uma
Entre as convenções que já ocorreram, ficou faltando registrar mais uma: a do Partido Trabalhista Cristão (PTC), que aconteceu quarta-feira passada, 9, durante a qual foi confirmada a pré-candidatura a prefeito de Mariozam da Rádio, tendo Glayce Cardinot como vice.
Nas contas do colunista, portanto, o cenário atual indica algo entre 15 e 17 possíveis candidatos a prefeito.
Não vai ser nada fácil fazer a cobertura dos próximos 60 dias...
E o Legislativo?
Temos falado muito sobre o número de candidatos a prefeito, mas entre os que pleiteiam uma vaga na Câmara Municipal o cenário não é muito melhor.
Sem a possibilidade de realizar coligações os partidos tiveram de lançar nominatas próprias, e para isso recorreram a muitas candidaturas cuja verdadeira ambição é ajudar a obter legenda para eleger um ou dois nomes.
Não chega a ser novidade, mas o que sempre existiu agora se acentuou.
E, claro, quem se presta a esse serviço geralmente espera ser recompensado no futuro com alguma indicação política...
Saturação
Ao todo devemos ter algo próximo a 600 candidatos, o que dá uma ideia do nível de ruído que o eleitor terá de filtrar se quiser se concentrar nas propostas de quem mais parece lhe representar adequadamente.
Existe a perspectiva de que, a depender do contexto, tenhamos vereador eleito com menos de 400 votos, e prefeito com algo próximo a 20 mil, se tanto.
Levando-se em conta o tipo de desafio que aguarda a próxima gestão, definitivamente não é um cenário animador...
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