Fechado há dez anos, espaço do antigo Centro de Arte ganha novo projeto

Na semana do Artista do Teatro, A VOZ DA SERRA ouviu os integrantes da comissão que está trabalhando para a reabertura do antigo Porão
sexta-feira, 13 de agosto de 2021
por Christiane Coelho, especial para A VOZ DA SERRA
Exposição de quadros no antigo Centro de Arte (Reproduções da web)
Exposição de quadros no antigo Centro de Arte (Reproduções da web)

Na próxima quinta-feira, 19, comemora-se o Dia do Artista do Teatro. Mas, os friburguenses estão órfãos do palco da efervescência cultural da cidade: o Centro de Arte, no porão do antigo Casarão do Barão de Nova Friburgo, na Praça Getúlio Vargas, 71. O espaço está fechado há dez anos desde que foi atingido severamente pela enchente em janeiro de 2011. Naquela ocasião, o conhecido Porão da Arte, foi totalmente tomado e destruído pela lama. E, nunca mais suas cortinas se abriram para espetáculos teatrais, musicais, exposições e tantas outras manifestações artísticas que lá eram realizadas.

No ano passado, artistas friburguenses criaram o movimento “Volta Centro de Arte”, que além de lutar pelo retorno do espaço, também desejavam ser ouvidos para a execução do projeto de reforma. Coisa que não aconteceu, quando foi licitada uma empresa para a reforma, em 2020, no governo do então prefeito Renato Bravo. O projeto, na época, previu 47 lugares na plateia do Teatro Bebete Castillo, o que, na visão dos artistas, não é viável, pois inviabiliza financeiramente a produção de espetáculos para uma plateia tão pequena, nem o público. 

“Quando assumimos o governo o processo já estava homologado, mas o projeto não estava à contento do que desejava a classe. Nós pertencemos a ela, trabalhamos por ela e na medida do possível e do legal vamos atender aos seus requisitos não só no que diz respeito ao Centro de Arte, mas as demandas gerais da cultura”, relata o atual secretário municipal de Cultura, Joffre Evandro (abaixo).

Artistas e governo unidos pela volta do espaço

Com a nova gestão municipal, foi criada uma comissão para fazer o acompanhamento, a fiscalização e a prestação de contas da execução dos trabalhos a serem desenvolvidos no Centro de Arte. Fazem parte dela dois representantes da Secretaria Municipal de Cultura, incluindo o secretário, dois representantes do Conselho Municipal de Políticas Culturais, dois do Movimento Volta Centro de Arte e o presidente da Fundação Dom Joao VI. 

“Atualmente, graças aos esforços constantes e permanentes da classe artística, representada por diversos grupos, foi aberto um canal de comunicação com a prefeitura que, embora não tenha atingido todas as reivindicações, têm produzido resultados positivos”, relata Cacau Rezende (acima), um dos integrantes da comissão “Volta Centro de Arte”.

Para Lincoln Vargas (abaixo), outro integrante da comissão, há grande boa vontade e interesse comum neste assunto de todas as partes. “Todos reconhecem a importância deste espaço e as dificuldades que teremos em todo o processo da reforma até a reinauguração do Centro de Arte”, explica.

Entre as dificuldades está o fato do prédio ser muito antigo e tombado pelo patrimônio histórico. “Uma coisa é fazer uma obra num espaço que não é tombado, não é histórico e não tem mais de 100 anos de existência. Outra coisa é fazer obras num espaço como o Centro de Arte, que é um casarão muito antigo. É um processo mais lento. Acredito que tudo está acontecendo no tempo que é possível ser feito. O que é importante é que temos, neste momento, a certeza de que as coisas vão andar”, entusiasma-se Jorge Ayer (abaixo), integrante da comissão pelo Conselho Municipal de Políticas Culturais.

Projeto para reconstrução do Centro de Arte

A Fundação Dom João VI é a dona do imóvel e, por tratar-se de um prédio tombado, está controlando todo o processo. O projeto inicial foi feito por ela. “ Fizemos atendendo a um regramento do Corpo de Bombeiros, na época, com 47 lugares no teatro. O processo foi paralisado por não atender a classe cultural. Buscamos outras alternativas e o Corpo de Bombeiros autorizou algumas alterações, desde que dentro do regramento de segurança”, explicou o presidente da Fundação Dom João VI, Luiz Fernando Dutra Folly.

Com o trabalho da comissão, um novo projeto para a reconstrução do Centro de Arte foi feito. Dessa vez, com 73 lugares no teatro. “Temos conseguido avançar em termos de conversa, de diálogo. Boa parte do projeto tinha complicações por parte de exigências de segurança. É um espaço antigo e sempre complicado adequar. Conseguimos chegar a um bom projeto, com número de lugares que garante a sustentação dos espetáculos, a sustentabilidade das produções”, esclarece Jorge Ayer.

O projeto foi protocolado no dia 14 de junho para ser analisado pelo Corpo de Bombeiros. “A corporação é bastante rigorosa e tem que ser.  Hoje tem que ter espaço maior de passagem, espaço maior entre as poltronas. Conseguiu-se garantir a integridade maior do palco, o número de poltronas no teatro que garanta a sustentabilidade, a manutenção do espaço de exposição, enfim, dentro do possível, os anseios da classe artística estão atendidos,” disse Jorge Ayer.

Assim que tiver a  aprovação do novo projeto pelo Corpo de Bombeiros, terá que ser feito um aditivo no processo já licitado e com empresa já vencedora. “Estamos na fase burocrática. Espero que resolvendo isso, já possamos iniciar as obras do Centro de Arte”, revela Luiz Fernando Dutra Folly.

Depois de tanto tempo sem a alegria do encontro de amigos, sem as emoções sendo tocadas pelas artes, sem as cortinas se abrirem, sem o bis no final do show, sem o encanto da magia, finalmente, se renova a esperança de um novo recomeço pro Centro de Arte. “Todo o processo foi revisto, analisado, e construído sob a ótica de muitas leituras e chegamos a um consenso de que era possível reabri-lo. Em breve, estaremos entregando um equipamento totalmente remodelado e com características que atendam tanto às normas de segurança do Corpo de Bombeiros, quanto aos interesses da classe artística de Nova Friburgo”, sustenta o secretário de Cultura, Joffre Evandro.

 

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