A 13 quilômetros do centro do município de Resende, no sul fluminense, um conjunto de 30 placas solares em cima de uma sala-de-ordenha de vacas chama a atenção. Com capacidade de gerar uma média de 1.193 kW/h de energia por mês, a estrutura captadora de energia do sol fez a Fazenda Boa Vista, uma tradicional produção agrícola familiar, ir além da produção de 700 litros de leite por dia e reduzir em 80% os custos com a conta de energia elétrica.
A novidade sustentável faz parte dos oito projetos energéticos já introduzidos no município pelo programa do Governo do Estado do Rio de Janeiro, o Rio Energia Limpa, que oferece uma linha de crédito para a instalação de energia solar. O programa já somou 43 aportes em todo o Rio no ano passado, tornando-se o projeto de maior crédito a agricultores fluminenses em 2023, com R$ 1,7 milhões investidos. A ação faz parte do Agrofundo, programa de fomento agropecuário e tecnológico da Secretaria estadual de Agricultura, operacionalizado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater-Rio), que oferece aos agricultores fluminenses empréstimos a juros baixos. Desde 2020 já foram oferecidos mais de R$ 12 milhões em créditos a agricultores, possibilitando o investimento em 324 projetos.
“A agricultura é um pilar da nossa sociedade. Entendemos que investir em infraestrutura para os nossos produtores, especialmente em energia solar, é fortalecer nossas cidades e a renda da população. Com linhas de crédito como essas, afetamos positivamente o bolso dos nossos produtores e valorizamos o interior do Rio de Janeiro, possibilitando a melhoria da economia”, observa o governador Cláudio Castro.
Crédito em condições acessíveis
Entre as unidades contempladas, está a Fazenda Boa Vista, de Ismar de Carvalho Rodrigues. Dono de 151 hectares, há dois anos ele produz leite para vender aos clientes no município de Barra Mansa, também no sul do estado. Em contato com a Emater, Ismar ficou sabendo do crédito disponibilizado pelo Rio Energia Limpa e se interessou imediatamente em colocar energia solar em sua propriedade, principalmente após saber das condições facilitadas de pagamento. O limite financiável da linha de fomento é de 100% do orçamento, até R$ 60 mil, com prazo máximo de 60 meses e juros anuais de 2%.
“Temos uma expectativa de redução de 80% do valor da conta de energia. Não agora, que nós ainda estamos pagando o empréstimo, mas o equipamento de energia solar já está dando uma diferença grande. Já está atraente porque baixou bastante a minha conta de luz. Com isso, tenho condições de pagar a parcela do aporte e o gasto de energia”, comentou o produtor rural, de 75 anos.
A adoção da energia solar também beneficiou o produtor familiar de hortaliças, Adilço Luiz Fernandes, de 58 anos. Dono de 5,5 hectares de terra na zona rural de Nova Friburgo, seu projeto de energia solar já funciona há três meses. Ele conta que a economia na conta de luz, já ultrapassou mais de 50%, com a conta caindo de R$ 1.500 para R$ 700. Com o valor poupado, o produtor friburguense já começa a investir.
“Sou o segundo em Nova Friburgo que participou desse projeto de energia limpa. Produzo tomate, abobrinha, pimentão, couve-flor e brócolis. Os juros do empréstimo são muito baixos. Se eu fosse financiar diretamente com o banco, seria muito mais caro. Meu empréstimo ficou em R$ 39 mil e já estou pagando ao Governo do Estado. Com o valor que sobra, posso poupar uma parte e investir na produção, comprando mais sementes, defensivos agrícolas e equipamentos”, conta o agricultor friburguense.
Linhas de crédito disponíveis
As linhas de crédito são diversificadas e atendem a vários fins, como o Rio Genética (de melhoramento genético dos rebanhos pecuários), Prosperar (fortalecimento da agroindústria de base familiar), Frutificar (acesso à linha de crédito específica para financiamento de projetos de fruticultura), Florescer (desenvolvimento da cadeia produtiva das flores), Cultivar Orgânico (aumento da produção e produtividade dos sistemas orgânicos), Multiplicar (aquisição de equipamentos para a pesca), Rio Leite (aumento da produção e da qualidade do leite), Rio Ovinos (fomenta a oferta de produtos da ovinocultura), Rio Mel (aumento da oferta de mel, entre outros produtos), Rio Café (produção cafeeira), Rio Aves (produção de avicultura) e Rio Energia Limpa (energia solar).
“Realçar o potencial do campo é um dos principais destaques do Rio Energia Limpa. A energia solar traz mais economia no custeio das atividades agropecuárias, além de ser uma excelente alternativa ao produtor que, muitas vezes, sofre com a qualidade de fornecimento de energia. Ter a capacidade de gerar a sua própria energia faz com que a propriedade rural tenha um ganho considerável, podendo este recurso ser aplicado nas atividades do produtor”, destaca o secretário estadual de Agricultura, Dr. Flávio.
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