Na última sexta-feira, 26, os membros da Defensoria Pública Estadual em Nova Friburgo fizeram uma vistoria no Hospital Municipal Raul Sertã e encontraram, ou melhor, não encontraram alguns itens considerados básicos para prestação de serviços aos pacientes internados na unidade. A equipe constatou que medicamentos utilizados no processo de intubação de pacientes e até mesmo sabão e papel toalha, indispensáveis nestes tempos de pandemia, estavam em falta.
Para ajudar o Hospital a prestar atendimento de qualidade, empresários de 80 empresas da cidade, principalmente do setor de confecção, se mobilizaram ainda na noite desta sexta-feira para doar ao Raul Sertã 600 fardos de papel toalha (com 1.000 cada); 50 caixas de álcool 70 (com 12 unidades cada); 70 galões de sabão líquido neutro (5 litros cada); 25 mil copos descartáveis e 30 borrifadores. A entrega dos materiais aconteceu neste sábado pela manhã.
“Nós do setor do vestuário, através do Sindivest, resolvemos nos mobilizar de maneira urgente emergencial para poder viabilizar esses insumos básicos, uma vez que a gente trabalha em parceria com a municipalidade e precisa desse apoio na ocasião do suporte para a população friburguense e a indústria tem total interesse em colaborar para a questão da prevenção à saúde. Cada um fez uma contribuição voluntária e somos cerca de 80 empresas envolvidas para municiar o Raul Sertã e Hospital Maternidade. Todos os itens foram comprados em Nova Friburgo”, disse um dos empresários.
A Secretaria municipal de Saúde esclareceu que, devido à pandemia e a grande demanda por esses itens, a pronta entrega pelos fornecedores está dificultada. A pasta reforçou também que o hospital, no entanto, não está desabastecido desse itens para o atendimento a pacientes com a Covid-19.
Na inspeção, a Defensoria também questionou qual o total real de leitos exclusivos para Covid no hospital municipal. A Secretaria de Saúde respondeu que possui dez leitos de UTI e outros oito semi intensivos que não são lançados nos boletins diários que mostram o status da pandemia no município, por isso é que nestes boletins não constam o total de 18 leitos de UTI para pacientes com Covid no HRS.
Denúncias desde maio
Em maio deste ano, o Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) recebeu um ofício da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores com denúncias relacionadas ao atendimento a pacientes na rede pública de Saúde de Nova Friburgo diante da pandemia do coronavírus e ausência de materiais considerados básicos, além de uso inadequado de EPIs, falta de equipamentos e medicamentos. De acordo com o presidente da comissão, o vereador Wellington: “Os profissionais que trabalham no Raul Sertã recebem apenas uma máscara para cada 12 horas trabalhadas. Plantões de 24 horas recebem duas máscaras. O tempo ideal de uso para cada uma delas é de apenas duas horas. Não há vitamina C, essencial no tratamento da Covid-19; faltam com frequência papel toalha, álcool 70º, óculos de proteção, capotes e luvas”, denunciou em ofício.
Na época, a prefeitura informou, através da Secretaria Municipal de Saúde, que adquiriu e que já estava no almoxarifado, sendo distribuídos aos profissionais que estão na linha de frente, 330 mil máscaras cirúrgicas, oito mil máscaras N95, que são específicas para uso médico, “além de protetores faciais – já foram entregues 300 deles aos profissionais da Atenção Básica, e também os insumos que estavam em falta, foram providenciados e estão chegando. Os capotes são para os que entram na área Covid. Quanto à vitamina C, desconhecemos esse protocolo citado na denúncia. É muito importante esclarecer que a Anvisa publicou a nota técnica 04/2020, que orienta os profissionais de saúde a utilizarem máscaras N95 ou equivalentes, por um período maior que o indicado pelos fabricantes, desde que a máscara esteja íntegra, limpa e seca. A indicação é necessária, já que muitos profissionais relatam baixos estoques para atender os pacientes graves em UTIs.”, dizia a nota.
O secretário de saúde Marcelo Braune também se pronunciou. "No hospital toalha de papel não está em falta, acabamos de receber mais de mil litros de álcool 70º, no nosso almoxarifado temos óculos de proteção, capote, luva e cerca de 30 mil máscaras de proteção.”
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