Editorial: Faltando ar

quarta-feira, 07 de abril de 2021
por Jornal A Voz da Serra
Editorial: Faltando ar

Era para ser por um ano, respiramos fundo, buscamos força e enfrentamos a Covid-19, em março de 2020. Cuidamos uns dos outros em nosso ambiente de trabalho para assimilar a necessidade das máscaras, nosso mais novo acessório, então. Intensificamos a higienização das mãos e nos empenhamos para manter o distanciamento social.

Separamos nossas mesas de trabalho, nos revezamos na redação, mas seguimos com a nossa missão sagrada de informar. Em tempos de pandemia trouxemos incansavelmente para nossas páginas dados seguros, opiniões, debates, análises científicas.

Buscamos informar com precisão os índices de nossa cidade para ajudar a população  a se conscientizar do momento que vivíamos, com entrevistas exclusivas com médicos, infectologistas, empresários, para oferecer ao leitor fontes de informação segura, para que ele formasse sua própria opinião.

Tivemos oportunidade de homenagear em nossas páginas e plataformas digitais vários profissionais da saúde, com inúmeras reportagens sobre o exaustivo dia a dia de um hospital: brigamos por eles e por suas condições de trabalho.

Promovemos campanhas educativas para uso da máscaras e pedimos para todos ficarem em casa no momento em que o mundo nos deu essa recomendação. Nos diziam que essa era a única maneira de nos proteger e proteger os outros.

Um ano se passou e cá estamos ainda lutando contra um vírus que nos desafia, observando políticos que não souberam administrar a epidemia, nos roubando a chance de termos um hospital que pudesse atender nossa população.

Vimos verbas de milhões desaparecerem, por acharem que não íamos precisar de respiradores, medicamentos. Reportamos todas essas mazelas e a má gestão do dinheiro público em nossas páginas. Não nos furtamos a expor situações calamitosas, pois nosso dever de ofício é informar.

Encaramos as críticas às nossas matérias com serenidade, entendendo o momento polarizado que impera em nossa sociedade. Não nos deixamos abater, sabedores de que fazemos o que deve ser feito, sem estar a serviço de nenhum lado.

Em nossas páginas estão matérias aprofundadas, indo sempre além do fato, para trazer aos nossos leitores uma visão ampla, sem apontar o certo e o errado, permitindo um posicionamento coerente.

Aos 76 anos de informação, em meio a uma crise que se arrasta passado um ano, chegamos no limite, também estamos perdendo a capacidade de respirar. Manter um jornal impresso exige altos custos, que a sociedade não deseja pagar. A transparência tão bradada nos comícios políticos, se esvai nas brechas da lei, e assim nossa população se empobrece por não poder opinar nos destinos de sua cidade.

Os filhos herdam a loucura dos pais. A frase de Gabriel Garcia Marques que me  inspirou para escrever o editorial do ano passado, relembrando a trajetória de uma empresa familiar que está em sua terceira geração, hoje, essa mesma frase alerta: não temos tempo para loucuras.

Estamos frustados por não poder, um ano depois, colocar em nossa manchete, o controle da pandemia ou a cura para a Covid-19. 

Completamos oito anos de uma direção séria, comprometida com a notícia, com seus funcionários e colaboradores. Uma empresa pequena, mas com suas finanças rigorosamente em dia.

E não posso e não quero entregar para meus filhos um jornal sem fôlego, sem oxigênio. Agradecemos aos nossos amigos, leitores e parceiros, que acreditam em nós e em nosso trabalho.

Mas se a sociedade, se nossas autoridades, nossos políticos, nossas empresas, não percebem que precisam dar suporte nesse momento, reconhecendo a importância de um jornal local, de sua própria cidade, para ajudar a nos manter vivos, talvez seja melhor desistir.

 

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