Colocar a comida na mesa tem sido cada vez mais complicado. Se já não bastasse o impacto na economia doméstica causado pela pandemia e pela crise econômica que só faz subir o preços de alimentos básicos, nas últimas semanas, itens como arroz, feijão e óleo de soja, tiveram reajuste acima do normal. O aumento pesou e o consumidor sentiu o impacto no estômago e também no bolso.
Segundo especialistas, dois fatores explicam a alta dos alimentos. O primeiro é o dólar alto que incentiva os produtores a aumentarem as exportações, reduzindo, assim, a oferta de produtos no mercado interno. Em segundo, o auxílio emergencial. O benefício do Governo Federal estimulou o aumento do consumo e foi direcionado, em grande parte, para a população mais pobre do país, que tem uma cesta de compras formada, em sua maioria, por produtos básicos, como alimentos.
Há dois meses, o desemprego causado pela pandemia atingiu em cheio Rosinéa Pinto e para driblar a crise financeira, há dois meses ela vende quentinhas em Nova Friburgo durante o dia e à noite, porções de petiscos. Segundo dona Néa, o valor total das últimas compras de supermercado é quase R$ 400 mais caro do que nas primeiras vezes. O óleo de soja chega a custar mais de R$ 7 a garrafa com 900 ml e o arroz passa dos R$ 20, o pacote com cinco quilos.
“Os produtos que mais encareceram foram arroz, feijão, óleo de soja e carne – seja a carne de segunda ou carne de porco que era mais acessível, agora está tudo mais caro. Nas primeiras compras eu gastei em torno de R$ 600. A última compra que eu fiz, basicamente com os mesmos alimentos, o gasto foi de R$ 1 mil. A carne da semana que antes eu gastava algo em torno de R$ 150 hoje já me custa R$ 220”, disse dona Néa.
Caso os produtos continuem em alta, não vai ter jeito, o preço da quentinha vai subir. “Já tive que dar uma variada no preço das porções para me manter dentro do mercado, mas se continuar vou ter que repassar aos clientes”, lamentou ela que hoje vende suas quentinhas a R$10.
Procon de olho
O coordenador do órgão em Friburgo, Alexsandro Gabetta, informou ontem que vai intensificar a fiscalização nos supermercados. Ele destaca que o Procon tem realizado o atendimento presencial e vem recebendo muitas queixas sobre o preços dos alimentos. Funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h. No entanto, este atendimento é realizado do lado de fora, seguindo todas as regras de prevenção. O Procon também recebe as reclamações via e-mail: proconnf@gmail.com e pelos telefones: (22) 2525-9179 / (22) 2525-9263 / (22) 2525-9204.
Notificações a empresas alimentícias
Segundo informou o Valor Econômico, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça, notificou esta semana as principais empresas e associações ligadas à produção e distribuição de alimentos da cesta básica. Todos terão cinco dias para responder aos questionamentos. Os supermercados terão que listar quais os produtos básicos que tiveram maior variação no último mês e os três itens com maior reajuste. Também vão ter que mencionar os três principais fornecedores desses produtos, bem como o preço médio praticado por esses fornecedores nos últimos seis meses. Havendo indícios concretos de aumentos abusivos, a Senacon informou que poderá sancionar administrativamente os incidentes como infrações aos direitos dos consumidores. As multas, segundo o órgão, podem passar de R$ 10 milhões.
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