Fechado 2021, a primeira coluna "Observatório", de Wanderson Nogueira, neste novo ano traz uma triste notícia que acompanhamos durante todos os meses do ano que terminou: Nova Friburgo teve número de nascimentos em queda e pela primeira vez na história teve mais óbitos do que novas vidas. Os dados são do Portal da Transparência dos cartórios.
O menor número de nascimentos é um fenômeno que aconteceu também em nível nacional, provavelmente por conta da pandemia. Já o de mais mortes do que nascidos não se repete no Brasil. O país contabilizou 2.551.942 recém-nascidos e 1.684.263 mortes. O número de óbitos em nível nacional, assim como em Nova Friburgo, também foi recorde.
Nova Friburgo fechou 2021 com 2.319 óbitos registrados, superando as duas piores marcas até então: 1.876 mortes em 2011 (ano da tragédia climática) e os 1.848 óbitos de 2020, quando se iniciou a pandemia da Covid-19. A média de mortes de Nova Friburgo, excetuando 2011 e 2020/2021 é de 1.502 mortes/ano. Excetuando os óbitos por Covid-19 no município (622), ainda sim 2021 ficaria acima da média.
Nova Friburgo registrou 2.015 nascimentos em 2021, abaixo da marca de 2020, quando foram registrados 2.128 recém-nascidos. Em 2019, antes da pandemia, foram 2.250 nascidos. Na relação nascidos para óbitos, Nova Friburgo fechou o ano, portanto, com 304 vidas a menos. O impacto disso deve influenciar no censo, que de forma mais abrangente, conseguirá medir moradores que vieram de outros municípios, assim como friburguenses que migraram.
Censo: dificilmente teremos 200 mil habitantes
Sempre há a discussão de que Nova Friburgo teria mais de 200 mil habitantes. Essa marca influenciaria diretamente na elevação de repasses ao município pelo Fundo de Participação. No entanto, ainda que próximo dos 200 mil, cruzamento de dados variados, como carros emplacados e títulos de eleitores, indicam ser uma aposta bastante arriscada acreditar que tenhamos chegado aos 200 mil.
Confusão bastante comum é sobre a realização do 2º turno das eleições municipais que acontecem nas capitais e em cidades com mais de 200 mil eleitores. Portanto, atingir a marca de 200 mil habitantes não dará aos friburguenses a chance de eleições em dois turnos, caso o 1º colocado não atinja a marca de 50% dos votos mais um. Nova Friburgo fechou 2021 com 150.916 eleitores.
Observa-se que o número de eleitores também caiu com relação ao ano anterior que registrava 151.502 eleitores. Os dados corroboram para a perspectiva de que dificilmente o censo a se realizar nesse ano colocará Nova Friburgo com 200 mil habitantes.
Atualmente, apenas 95 dos 5.568 municípios brasileiros têm 2º turno nas eleições municipais. Dos 92 municípios fluminenses, apenas dez têm 2º turno. Se fosse considerado ter 2º turno em cidades com mais de 150 mil eleitores, o número no Brasil subiria para apenas 131, sendo Nova Friburgo o 130º com mais eleitores.
No Estado do Rio de Janeiro, seriam apenas mais três: Magé, Macaé e Nova Friburgo que se somariam ao Rio de Janeiro, São Gonçalo, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Belford Roxo, Niterói, São João de Meriti, Campos, Petrópolis e Volta Redonda. Lembrando que no último pleito, dos 95 municípios com possibilidade de 2º turno, 38 tiveram prefeitos eleitos já no 1º turno.
Chegou a tramitar no Congresso Nacional um projeto que pretendia aplicar o 2º turno em todos os municípios com mais de 100 mil eleitores. Curiosamente, o número de cidades com possibilidade de 2º turno subiria pouco: das atuais 95 para 192, entre os quais Nova Friburgo, que como já dito entraria também no recorte de 150 mil eleitores. Ou seja, um custo pequeno para a Justiça Eleitoral, mas que daria garantia de maior legitimidade para eleitos e eleitores.
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