O ator e professor Jeferson Cunha faz um chamado à classe artística para lotar o plenário da Câmara Municipal de Nova Friburgo, na próxima segunda-feira, 21, às 18h, para uma audiência pública sobre o abandono e sucateamento dos equipamentos culturais da cidade.
Coube ao músico e professor Lincoln Vargas coordenar os encontros para articular a audiência, que contou com a adesão da jornalista e assessora de imprensa Scheila Santiago, para agendar o encontro na Câmara.
A ideia surgiu de uma ação conjunta iniciada na Setorial de Teatro, devido à insatisfação dos artistas com a falta de respostas oficiais a antigas demandas. Com a evolução da discussão sobre o tema, concluíram que o melhor caminho para tentar reverter o abandono dos espaços seria uma audiência no parlamento do município.
“A falta de um calendário, com uma programação definida para todo o ano, com o pleno funcionamento dos equipamentos existentes na cidade, atrapalham o crescimento da cidade no que diz respeito à área cultural”, avaliam, de modo geral, os fazedores de arte e cultura.
O Centro de Arte será um dos temas abordados, assim como o Teatro Municipal, o Ponto de Cultura Casarão de Riograndina e Praça CEU. A classe também pretende promover a eleição do Conselho de Cultura, elaborar um Plano Municipal de Cultura e implementar leis municipais de incentivo à cultura. Sobre o assunto, falou Jeferson Cunha:
Diante de tantos problemas qual a principal demanda dos artistas neste momento?
Os movimentos #voltacentrodearte e #vivacultura nasceram da necessidade de resgatar os espaços de atuação dos artistas e por considerarmos a cultura como algo fundamental na constituição das sociedades humanas. A crise que vivenciamos nesses últimos anos, ocasionada pela covid-19, trouxe muitas dificuldades financeiras aos trabalhadores do setor. O movimento se ergue mais uma vez buscando aliados para além do setor cultural, como sindicatos locais, entidades civil organizadas, movimentos estudantis e outros, dando ciência da importância do fazer cultural em nossa cidade e o que ela proporciona de melhor para toda a população. Os setores da cultura e economia criativa foram os mais afetados pela pandemia do coronavírus e aqui em nossa cidade os equipamentos se encontram em estado cada vez mais precário. E a morosidade só agrava a situação de todos os artistas locais.
Como vocês pretendem pressionar as autoridades, tanto do Legislativo quanto do Executivo?
A princípio faríamos uma manifestação artística em frente à Prefeitura pleiteando reabertura de diálogo com o chefe do Executivo, uma vez que o mesmo foi interrompido. Devido ao período eleitoral, julgamos pertinente deixar para outra oportunidade e entendemos que uma audiência pública para falarmos do abandono dos equipamentos, junto ao Legislativo, seria o mais adequado no momento. Queremos debater o problema nessa audiência e fazer com que chegue à população, de modo geral, o que estamos enfrentando há um bom tempo. Vale salientar que não descartamos a possibilidade de movimentos em frente à Prefeitura com carro de som. Para tanto, estamos mobilizando representantes de outros segmentos da sociedade civil organizada para comparecer à audiência na Câmara. É muito importante a presença não só dos artistas e promotores de eventos, como da população em geral. Afinal, o público é o nosso maior incentivador.
Quanto de tolerância e paciência vocês ainda estão dispostos a aceitar?
No que se refere à tolerância, os artistas já tentaram, de todas as formas, o diálogo, buscando sensibilizar os responsáveis pela Secretaria e o prefeito sobre a implementação de ações as mais urgentes possíveis relacionadas aos equipamentos. No caso do Ponto de Cultura de Riograndina, por exemplo, entendemos que a Secretaria pode ser mais incisiva e ouvir o que vem sendo proposto. O 2º distrito teve as atividades paralisadas, o que não se justifica, uma vez que foram apresentadas diferentes opções de locais alternativos para funcionamento. Contudo falta articulação com a comunidade e a falta de sensibilidade traz consequências gravíssimas se considerarmos que o Ponto também tem seu papel social. Ali há uma preocupação severa em relação ao Casarão, um de seus patrimônios históricos que hoje necessita de uma restauração e/ou revitalização, situação essa que não ocorreu ao longo de anos. Em uma entrevista, o atual secretário de Cultura cometeu uma gafe ao alegar ter ocorrido na obra emergencial um escoramento no imóvel, o que não foi detectado pela comunidade. Por fim, esperamos com nosso movimento, de forma incansável, deixar a população a par do que vem ocorrendo com a Cultura em nossa cidade.
Ao final da entrevista, Jeferson Cunha reitera o convite a todos os cidadãos friburguenses para que compareçam no dia 21, às 18hs, à Câmara Municipal.
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