Cresce consumo dos jogos de tabuleiro durante a quarentena

Reunir a família e estimular o raciocínio são alguns dos benefícios oferecidos
terça-feira, 02 de junho de 2020
por Vinicius Gastin
Cresce consumo dos jogos de tabuleiro durante a quarentena

Muitos hábitos mudaram e ainda se alteram a todo o momento com a evolução tecnológica constante no mundo. Entretanto, algumas práticas parecem se perpetuar e ganhar força em determinados períodos, a exemplo do que acontece nesta situação de isolamento social. A VOZ DA SERRA destacou recentemente os jogos de futebol de mesa e o crescimento do mercado de games. No entanto, os jogos de tabuleiro ainda ocupam um lugar especial no coração dos brasileiros.

Não são raros os registros em redes sociais de famílias inteiras reunidas em torno de uma mesa, preservando a tradição de jogos como baralhos e outros que envolvem dados, tabuleiros, peças e cartas. Essa não é uma mudança apenas por consequência da pandemia, mas a confirmação de uma tendência observada no país nos últimos anos.

Segundo dados da Pesquisa Game Brasil 2019, pelo menos 28% da população do país se diverte com tabuleiros (“boardgames”), fatia próxima dos que jogam cartas – 34%. O segmento representou 9,7% das vendas do setor de brinquedos, de um total de R$ 6,871 bilhões, em 2018. A indústria dos jogos analógicos como um todo também teve um crescimento de 7,5% no ano, como mostra levantamento da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq).

Em todo o mundo, foram lançados mais de quatro mil jogos de tabuleiro em 2018, segundo o site especializado “BoardGameGeek”. Só no Brasil, de acordo com o Censo Ludopedia 2018, que traça o perfil do jogador nacional, 66% das pessoas investem em “boardgames”. Só neste ano títulos lançados ou em desenvolvimento já somam 421.

“Os jogos modernos são mais fáceis de jogar. Têm partidas curtas, não longas como as de ‘War’ e ‘Monopoly’”, explica Cristiano Cuty, diretor de criação e produção da Conclave Games, editora nacional de jogos, durante entrevista à revista Forbes.

Apesar do crescimento do consumo, o preço ainda é um entrave para o mercado. Segundo o Censo Ludopedia, realizado em um fórum de jogadores, 57% dos jogadores consideram o preço elevado um dos fatores que impedem um consumo maior no segmento de “boardgames”, enquanto 67% dos entrevistados dizem gastar mais de R$ 100 por mês com jogos de tabuleiro. Preços menores, em suma, poderiam chamar novos “players”.

No caso das produtoras do Brasil, além de ser difícil competir com a produção de peças fora do país, os editores precisam superar a barreira do estigma para atingir o grande público. Os jogos ainda são vistos como coisa de criança ou de nerd, o que aumenta a necessidade se criar uma cultura nova de jogos de tabuleiro. A situação, entretanto, já foi pior: nos anos 1980, havia poucos jogos licenciados e muitos copiados das empresas de fora.

As expectativas dos empresários para os próximos anos são otimistas. Todos os entrevistados acreditam que o mercado vai seguir crescendo, e um dos caminhos é firmar parcerias com grandes marcas internacionais.

Bons para o cérebro

Além de oferecer a possibilidade de reunir toda a família em torno do mesmo divertimento, os jogos de tabuleiro também oferecem estímulos positivos ao raciocínio. A Assomensana (Associação para o Desenvolvimento e Potencialidade das Habilidades Mentais, na sigla em italiano) realizou uma pesquisa sobre o assunto, dando ênfase aos jogos tradicionais. Eles moldam novas formas mentais – também graças à companhia de outras pessoas – e produz efeitos positivos no cérebro dos participantes.

O jogo, em todas as suas formas, é um importante treinamento mental. Isto foi afirmado pelo professor Giuseppe Alfredo Iannoccari, presidente da Assomensana, que atribui grande importância à ginástica mental proporcionada pelos jogos.

“Os jogos de mesa, incluindo os de baralho, mas com mais de dois jogadores, enriquecem as redes neurais, ou seja, as ligações entre as células, e estimulam os neurônios a fazer contato uns com os outros, aumentando importantes “reservas” do cérebro.

Um estudo recente, realizado no Instituto Max Planck em Berlim, destacou a forma com a qual o jogo aumenta a capacidade de planejamento, memória, atenção e raciocínio”, disse o especialista.

Os benefícios dos jogos de tabuleiro, na visão do professor, são derivados principalmente do fato de que estes exigem que o cérebro se mantenha concentrado durante um longo período. A concentração é um dos pilares fundamentais para o bom funcionamento cognitivo. Cada pessoa deve ser capaz de manter o foco durante 50 minutos, com uma diminuição natural na concentração depois de cerca de 20 a 30 minutos.

O especialista explica que nos jogos de tabuleiro e nos jogos de grupo, as memórias verbal e visual são naturalmente envolvidas e necessárias por causa das próprias regras dos jogos, para prever os movimentos dos adversários, para projetar os próximos passos e para raciocinar sobre a realização destas atividades.

 

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 79 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra

TAGS: