O basquete municipal vibra. E Nova Friburgo também. No último dia 9 de dezembro foi assinada a parceria entre a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), através do Sesi, e a Confederação Brasileira de Basketball (CBB) que promete transformar o município na cidade do basquete no Brasil. A casa da Seleção Brasileira de Basquete será montada no Ginásio Esportivo Frederico Sichel, do Sesi, no distrito de Conselheiro Paulino. A estrutura passará por obras de adequação para comportar os treinos e competições de grande porte, além de projetos sociais na área de esporte e saúde.
O União Basketball foi uma dessas tentativas recentes de reerguer a modalidade em alto nível. Criada para disputar a Liga Super Basketball em 2017, competição que reúne diversas equipes de todo o Estado do Rio, o União teve o caminho interrompido por dificuldades, retomou as atividades em 2018 e conseguiu o acesso para a disputa da Liga A. Contudo, dificuldades financeiras e estruturais impediram a continuidade do projeto.
Um dos idealizadores do União Basketball, Diogo Soares, se uniu a Calebe Ambrósio e juntos, em 2019, promoveram o Campeonato Estudantil Friburguense de Basquete (Cefriba) – com a promessa de nova edição este ano. O torneio reuniu equipes de algumas escolas do município em duas categorias, utilizando sedes diferentes a cada rodada (acima).
Um pouco da história
Todas essas tentativas vão ao encontro de uma trajetória de glórias, que surgiu durante o período da Primeira Guerra Mundial, junto ao Sanatório Naval. A sede militar era a principal alternativa para tentar recuperar os marinheiros com tuberculose, doença para qual não existiam remédios à época. Junto à estrutura do Sanatório foi construída uma quadra poliesportiva.
Os marinheiros do Rio de Janeiro trouxeram para a cidade a nova modalidade, já praticada na capital fluminense. Na década de 1940, existiam apenas três quadras de basquete em Nova Friburgo, nas sedes do Esperança, Friburgo e Fluminense A.C. Nestes locais, onde o futebol era o carro-chefe (e começava a despontar como grande paixão nacional), o basquete ganhou espaço e passou a ser praticado.
O Clube de Xadrez usava a quadra do Fluminense e a partir dali surgiu uma geração de grandes jogadores. A Sociedade Esportiva Friburguense também despontou com uma equipe forte, formada por Ido Rodriguez, Carvalho, Rubey, Benício Valladares, Gil Cariello, Filadelfo e Lair Macedo, o Salame, para muitos o maior jogador de basquete que a cidade já teve. À época, o clube se resumia a uma quadra de basquete, um campo de forceball e o salão social. Por isso, apenas Bazet trabalhava na manutenção do clube.
A década de 1950 foi considerada como a do apogeu dos esportes amadores de Nova Friburgo. O vôlei municipal, por exemplo, contava com oito equipes. No basquete, os primeiros campeonatos foram disputados no município às terças e quintas-feiras. Às quartas e sextas, as tabelas davam lugar às redes para o voleibol masculino e feminino. As fábricas, especialmente a Rendas Arp, possuíam um quadro recreativo extenso, presidido pelo pai de Paulo Velinha — considerado um dos atletas mais talentosos do basquete friburguense de todos os tempos.
Anos depois, a Ypu montou uma equipe forte, que praticava um basquete mais técnico, estilo europeu. O foco que antigamente se concentrava na rivalidade entre os clubes Xadrez e SEF (Sociedade Esportiva Friburgunse) passou a ser Ypu e Rendas, dono de um estilo mais criativo e solto para jogar. Outras agremiações como o Celf (Clube Esportivo Literário Friburguense) de Benício, Gil e Ailton Vavá, surgiram para compor o cenário esportivo da cidade. No campo do Friburgo, o Yanke foi fundado e o Filó também passou a ter uma equipe.
A época de ouro do basquete friburguense prosseguiu até o início da década de 1960. Os campeonatos eram tão disputados a ponto de a Rendas Arp pagar jogadores de fora da cidade, como o pivô Cabeção e dois atletas da Seleção de Niterói. O Clube de Xadrez não deixou por menos e contratou atletas de campo, expandindo a rivalidade existente entre as duas equipes.
A construção do ginásio Celso Peçanha (anexo ao atual Instituto de Educação de Nova Friburgo – Ienf) também marcou a história do basquete. Pouco tempo depois da inauguração, um jogo especial foi lembrado com carinho pelos amantes deste esporte. O Flamengo de Canela, decacampeão invicto do Rio de Janeiro e base da Seleção Brasileira com oito jogadores, esteve na cidade para enfrentar a Seleção de Friburgo e venceu por apenas um ponto. No ginásio foram realizados diversos amistosos importantes que incentivaram a criação de outros espaços esportivos como aquele.
Novas opções de entretenimento começaram a surgir e atraíram, inclusive, os cartolas e abnegados do esporte na cidade. Com o passar do tempo, o basquete como um todo encareceu e a prática ficou restrita a determinados grupos. Tais histórias e muitas outras ficaram eternizadas no tempo.
O basquete de Nova Friburgo voltou a ter alguns outros bons momentos nos anos 90, com a formação da vitoriosa equipe do Nova Friburgo Country Clube. A cidade revelou diversos atletas, mas a estrutura e os investimentos no município não acompanharam o desenvolvimento do esporte, que voltou a ficar decadente.
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