Cartilha orienta para detecção precoce do glaucoma infantil

Doença é responsável por 5% dos casos de cegueira em crianças no mundo
quinta-feira, 17 de agosto de 2023
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Sociedade Brasileira de Glaucoma)
(Foto: Sociedade Brasileira de Glaucoma)

Nesta quinta-feira, 17, a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) lança em live, no seu canal no YouTube, um novo aliado de pais e pediatras para a detecção precoce do glaucoma infantil. Trata-se da cartilha “Glaucoma infantil: diagnóstico precoce é a melhor opção”, cujos três personagens (Íris, Glauco e Pio) protagonizam a campanha de prevenção ao glaucoma pediátrico que será lançada pela SBG. Embora a doença não tenha cura, ela tem tratamento. Entre adultos, o glaucoma é considerado a principal causa de cegueira irreversível no mundo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o glaucoma é responsável por 5% dos casos de cegueira em crianças em todo o globo. Isso significa que de 1,5 milhão de crianças de 0 a 7 anos, 75 mil ficaram cegas devido à doença. “A população, os pediatras, são o público-alvo da live, porque são as primeiras pessoas que têm contato com a criança com suspeita de glaucoma infantil que dá sintomas”, disse à Agência Brasil a oftalmologista Hévila Rolim, professora de oftalmologia da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e coordenadora do setor de Glaucoma Pediátrico da SBG. Hévila é uma das autoras da cartilha, junto com Ana Flávia Belfort e Regina Cele Silveira Seixas, também coordenadoras do setor de Glaucoma Pediátrico da entidade.

Tipos da doença 

O tipo mais comum da doença é o glaucoma congênito. “A criança nasce já com sinais, ou desenvolve nos dois primeiros anos de vida. Pais e pediatras que têm o primeiro contato precisam reconhecer os sinais para que um especialista seja procurado”, indicou Hévila. Na criança, o glaucoma não costuma ser silencioso, como ocorre com o adulto.

No principal subtipo, que é o glaucoma congênito primário, o aumento da pressão do olho leva, na criança em desenvolvimento, ao crescimento do tamanho do olho. “A córnea fica opaca, a criança fica com o olho grande, às vezes o olho cresce de um tamanho diferente do outro, a criança tem lacrimejamento, sensibilidade à luz muito importante. É um olho diferente do olho de um bebê ou de uma criança de 2 anos normal”, informou a oftalmologista.

Há outros tipos de glaucoma infantil, como o congênito secundário, que pode surgir em decorrência de cirurgia de catarata congênita, do uso de corticoides por longos períodos, de trauma ocular e de outras malformações do olho. Hévila Rolim esclareceu que até os 4 anos de idade, o olho da criança está mais maleável, em crescimento. “Esse olho se distende com o aumento da pressão ocular e muda o formato. Por isso, surgem alterações, como o olho ficar grande e a córnea opaca”. Depois dessa faixa etária, o glaucoma pode ser silencioso. Daí, ser importante a consulta regular com um oftalmologista para que a doença possa ser identificada.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que a criança sem nenhum fator de risco realize, em primeiro lugar, o Teste do Olhinho ainda na maternidade e, depois, a primeira consulta com um oftalmologista entre 6 meses e um ano. “Mas toda criança deve passar por uma consulta de rotina com oftalmologista entre 3 anos e 5 anos”, insistiu a especialista.

Tratamento

Para o principal tipo do glaucoma infantil, que é o glaucoma congênito primário, o tratamento é essencialmente cirúrgico, diferente do adulto, em que o tratamento principal começa com colírio. Na criança, ele pode ser usado até a cirurgia ou como um adjunto ao tratamento cirúrgico. Como a doença é causada por uma má formação, o olho produz diariamente um líquido que todo dia é escoado, no sistema de drenagem do olho. “No glaucoma congênito, esse sistema de drenagem é mal formado e isso leva ao aumento da pressão ocular”. No glaucoma congênito, o objetivo da cirurgia é restaurar o escoamento desse líquido, para restaurar a pressão intraocular”. “É esse glaucoma que assombra a gente, porque ele cega”.

Hévila esclareceu que mesmo com a cirurgia, os médicos podem normalizar a pressão, mas não conseguem fazer o olho reduzir de tamanho, ou seja, não conseguem restaurar a anatomia do olho. Advertiu que mesmo fazendo a cirurgia, muitas crianças vão apresentar alguma deficiência porque, na maior parte das vezes, o paciente não chega aos especialistas em estágio inicial. Já chega com glaucoma avançado. Por isso, a SBG está lançando a cartilha para que o diagnóstico seja feito o mais precocemente possível, para que a criança possa ser referenciada a um oftalmologista capacitado a operá-la e normalizar a pressão intraocular. “O diagnóstico tem que ser precoce para evitar a deficiência visual”, reiterou. Nos outros tipos da doença, o tratamento pode ser cirúrgico ou clínico.

As três personagens da cartilha visam sensibilizar e aproximar as pessoas, falando sobre quais são as funções de cada parte do olho, como o olho funciona, quais são os sinais e sintomas do glaucoma infantil, como é feito o diagnóstico, como é o tratamento, quais são as recomendações de exames para uma criança saudável. “Está um material acessível para a população”.

Rede de referências

A SBG está participando, em conjunto com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e a Sociedade Brasileira de Oftalmopediatria (SBOP), do processo de criação de uma rede de referenciamento no Sistema Único de Saúde (SUS) das principais doenças infantis que levam à cegueira. A ideia é que o glaucoma infantil seja incluído nessa rede, para que os pacientes cheguem mais cedo nos médicos, e a cirurgia e o tratamento possam ser realizados, evitando-se a evolução do quadro para deficiência visual ou para cegueira. (Agência Brasil)

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 79 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra

TAGS: