A “Aldeia da Criança Alegre Kinderdorf Rio” é uma Organização Não-Governamental (ONG) sem fins lucrativos fundada em 1968 pelo padre alemão Hermann Josef Wüste, para a implantação de Casas Lares, com casais sociais, que durante 40 anos acolhiam crianças e adolescentes abandonados ou em situação de risco no Estado do Rio de Janeiro, nos moldes do pós guerra europeu.
Na década de 90, a entidade já vinha desenvolvendo também ações educativas, culturais e de assistência social com comunidades, o que acabou posteriormente definindo as prioridades de intervenção para chegarmos ao cenário atual da Aldeia da Criança: a partir de 2010 aproximadamente a Aldeia mudou a sua forma de intervenção social, acompanhando o movimento nacional em relação ao sistema de abrigamento, passando a atuar com as famílias vulneráveis, crianças e adolescentes através deste projeto “Portas Abertas”, com a abertura de espaços institucionais voltados à educação integral de crianças, adolescentes e jovens, com atividades socioeducacionais (esportivas, artísticas, educacionais e culturais) oferecidas no contraturno escolar das escolas públicas, constituindo também espaços de convívio para pessoas da comunidade, em especial familiares das crianças e adolescentes participantes das atividades, sendo aquelas em maior risco e situação violação de direitos essenciais.
Além disso, oferece apoio à estruturação e qualificação dos serviços realizados em creches comunitárias e públicas (centros educativos), participando sempre dos equipamentos e espaços do Sistema de Proteção à Criança e de Direitos Humanos (conselhos de direitos).
Desde a origem, a entidade preza pelo desenvolvimento comunitário e pela defesa dos direitos humanos, com foco nas crianças e adolescentes. A entrada da Aldeia em cada localidade sempre se deu observando as características e demandas locais, quase sempre sem equipamentos sociais e serviços essenciais.
Em Nova Friburgo…
Na localidade de Centenário, no distrito de Campo do Coelho, construiu e ofereceu em cessão de uso ao município, um posto de saúde e tempos depois, transformou um espaço de produção de mudas e galinheiros na Creche Vovó Dolores, municipalizada anos depois da construção.
Em 2014, decidiu reunir um grupo de amigos da Alemanha para desenvolver um projeto de ampliação: colocar forro nos telhados, pintar e ampliar o espaço da creche, para que pudesse atender a mais crianças. Transformaram três galpões de galinheiros desativados em espaçosas salas de aula. São mais de dez anos de oferta desse espaço para o município.
Em 2016 a Aldeia recebeu e hospedou a delegação de atletas alemães paraolímpicos na sede no Rio de Janeiro e depois eles conheceram o núcleo de Centenário. Em contrapartida, ofereceram 100 ingressos para que alunos e professores da Aldeia assistissem a alguns jogos Paraolímpicos no Rio de Janeiro.
No núcleo de Amparo, onde tudo começou, a Aldeia construiu uma grande unidade escolar, onde funcionou por mais de 15 anos, a Escola Estadual Aldeia da Criança Alegre. Desde 2010, esse espaço encontra-se em comodato com a prefeitura inicialmente para Casa de Passagem e depois para abrigar famílias no período do desastre de 2011; em Conselheiro Paulino, construiu a creche Franz Haug, com a ajuda dos alemães, em especial sr. Franz, que foi homenageado batizando o espaço.
Em 2018, a Aldeia inaugurou um Projeto de Corte e Costura, mais uma vez com o apoio dos amigos da Alemanha, desta vez diretamente do Rotary Club. De lá para cá, já formaram mais de 150 jovens, em 22 grupos habilitados a iniciar o próprio negócio ou trabalhar nas diversas ofertas de costura da região. São majoritariamente mulheres jovens, que, além da prática da costura, recebem orientações sobre direitos trabalhistas e sociais, cidadania, noções de matemática, língua portuguesa e informática voltada para costura. Nesta atividade, montam seus currículos, criam suas marcas, elaboram cartazes de divulgação dos seus produtos.
Ao final da jornada de aprendizagem, um bazar é aberto e apresenta ao público toda produção dos participantes, que experimentam precificar as peças, vender, calcular trocos, embalar e dialogar com o público, desenvolvendo na prática (e sob supervisão) suas habilidades de venda e relacionamento com clientes. Essa proposta rendeu até uma reportagem em um jornal alemão de grande circulação.
Para crianças e adolescentes, a Aldeia oferece atividades no contraturno escolar em Centenário e em Conselheiro Paulino, com oferta de apoio pedagógico inspirado na pedagogia Waldorf, capoeira, música, dança, informática, oficina das emoções e rodas de conversas temáticas, sob a supervisão da equipe técnica (psicólogo e assistente social). Matheus Hille e Nívea França se deslocam entre os dois núcleos para conduzir os diálogos com as crianças, os adolescentes e mulheres da comunidade.
Recentemente, em razão das comemorações pelos 200 anos da colonização alemã, a gestão da Aldeia promoveu um encontro com a sra. Marion Klintworth, presidente da German Mitteland BVMW na sede no Rio de Janeiro, onde traçaram planos, entre eles, a ação pioneira de implantar o ensino da língua alemã para as crianças e adolescentes atendidos pela Aldeia. Sendo assim a Aldeia da Criança possui mais de 55 anos de trabalho – sem interrupções - com crianças, adolescentes e famílias em situação de pobreza, apoiando o desenvolvimento local de suas comunidades e promovendo diversas ações e serviços gratuitos.
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