Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado um aumento alarmante nos casos de violência contra médicos em estabelecimentos de saúde. De acordo com dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), no ano passado foi registrado um recorde preocupante: 4.562 registros de ocorrência em delegacias de polícia envolvendo médicos que sofreram lesão corporal, difamação, injúria ou furto. Isso se traduz em uma média de 12 médicos vítimas de violência por dia em todo o país.
Desde 2013, aproximadamente 40 mil registros de ocorrência foram registrados por profissionais da saúde, evidenciando a gravidade e a persistência desse problema. De acordo com levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), a cada três horas, um profissional da Medicina é vítima de algum tipo de agressão no ambiente de trabalho, seja em hospitais, unidades básicas de saúde, clínicas, laboratórios ou consultórios.
Uma análise mais detalhada dos dados revela que, embora os homens ainda sejam a maioria das vítimas, o número de médicas agredidas têm se aproximado do número de médicos agredidos em alguns estados. Em 2022, estados como Acre, Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima e Tocantins registraram um número de agressões a médicas quase igual ao de médicos, representando 44% de todo o país. Além disso, as agressões ocorrem com mais frequência no interior dos estados do que nas capitais ou grandes centros urbanos, o que sugere uma necessidade urgente de políticas de segurança mais eficazes nessas áreas.
Um problema estrutural
Especialistas apontam que a violência contra médicos reflete a crise estrutural da saúde no Brasil. A falta de investimentos, a precarização das condições de trabalho e os esgotamentos físico e mental dos profissionais criam um ambiente propício ao conflito. Soma-se a isso a frustração dos pacientes, que muitas vezes descontam nos médicos a insatisfação com o sistema como um todo.
Segundo o médico e diretor do Conselho Federal de Medicina (CFM), Estevam Rivello, os profissionais da saúde têm sido responsabilizados por deficiências estruturais do sistema. “Quando não há médicos suficientes, medicamentos ou exames, o profissional é culpado pela falha de gestão”, afirma. A falta de triagem adequada, segurança especializada e infraestrutura agrava a situação. “A população está revoltada, com razão. Mas o alvo da raiva acaba sendo quem está na ponta”, diz Expedito.
Diante desse cenário alarmante, o Conselho Federal de Medicina tem se mobilizado para apoiar projetos no Congresso Nacional que visam endurecer as penas para agressores de médicos. A entidade destaca a importância de proteger profissionais que estão à disposição da sociedade para cuidar da saúde da população.
A violência contra médicos não só compromete a segurança dos profissionais, mas também afeta a qualidade do atendimento prestado à população. O CFM reforça a necessidade de medidas mais rigorosas para coibir essas agressões e garantir um ambiente de trabalho seguro para os médicos.
Fonte: Ampla, G1 e JP News
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