Há quatro anos, a Companhia de Arte Jane Ayrão vem desenvolvendo um Projeto Artístico-Cultural que tem como objetivo a conquista de leitores, levando-os até as grandes obras da literatura brasileira, através de montagens cênicas, de produções teatrais.
Em um ambiente dramático, entre a proximidade da morte e a esperança de cura surge uma história de amor, intriga, dor e superação
Este ano, 2025, a Cia. buscou inspiração na obra ‘Floradas na Serra’, de Dinah Silveira de Queiroz. “Seguindo esse pensamento, lembro que a ‘palavra’ está sempre impregnada de apreciações, valores e sentidos. A palavra encenada dá vida aos fatos, transmitindo valores e sentidos expressos no texto; nessa perspectiva, tornar viva a palavra e ler o mundo, com grandeza poética e prazerosa, com imagem, luz e som”, define a diretora Jane Ayrão.
Em seu processo de adaptação do romance de Dinah, ela conta que se inspirou e utilizou, da forma mais criativa possível, do que a autora descreveu os anos 30. “Através dos figurinos, criados pelo estilista Virgílio Santos, ambientação cênica, além do canto lírico, da dança clássica, entre outras formas de expressão, buscamos retratar a época com fidelidade, e através da soma desses elementos, atingir o corção do público”, ressalta Jane.
Em relação à inspiração, ela aponta as semelhanças entre Nova Friburgo e Campos do Jordão — cidade onde a história se desenvolve, ambas cercadas de montanhas, e clima propício para o tratamento da tuberculose.
‘Floradas na Serra’ retrata as angústias e expectativas de um grupo de tuberculosos internados em um sanatório em Campos do Jordão, numa época em que a doença era conhecida como a "peste branca" e provocava inúmeras mortes. Neste ambiente dramático, onde a proximidade entre a morte e a esperança de cura acentua as melhores e piores qualidades do ser humano, surge uma história de amor, intriga, dor e superação.
“Quando as regiões montanhosas florescem, entre penhascos nasce a edelweiss, uma flor belíssima, que simboliza a ‘temporada da cura’. Sempre me senti encantada com esta obra, onde a temporada da cura surge em momentos emocionantes. Por isso também escolhi o consagrado romance da Dinah, como tema para o 4º espetáculo da companhia”, conta.
A diretora lembra que desde que chegou a Nova Friburgo, se encantou com “a inspiradora história de uma cidade formada por dez povos, que com amor e trabalho construíram essa grande cidade que é Nova Friburgo. Por isso, sempre procuro um jeito de homenagear essa interessante e diversificada colonização, através da arte cênica. E desta vez, a homenagem será para a Colônia da Áustria”, completa, Jane.
A atual produção teve início no segundo semestre de 2024, com várias pesquisas. Para ser o mais fiel possível, a equipe consultou importantes nomes da literatura, como a professora Martha Pereira, e imersões sobre vida e obra da escritora Dinah Silveira de Queiroz.
Segundo Jane, na área da medicina, e em relação às cidades serranas no combate à tuberculose, a equipe ouviu o pneumologista Renato Abi-Ramia, recorreu ao departamento da Marinha para realizar pesquisas em fotos e relatos nos arquivos do Sanatório Naval — Hospital de Tisiologia (NF), fez contato com a professora de literatura brasileira Aline de Moraes. E contam com a psicopedagoga Rosângela Carreiro — que acompanha o trabalho de atores e personagens, alinhando-os com a história, e com o diretor teatral português António Terra, em imersões sobre teatro e neurociência.
Em tempo: A flor edelweiss, também conhecida como "flor dos Alpes", entre outras definições, é um símbolo de amor eterno, fidelidade e pureza. Ela é frequentemente associada a lendas de amor e coragem, devido à dificuldade de colher a flor em suas altitudes elevadas. O nome "edelweiss" significa "branco nobre" em alemão.
Deixe o seu comentário