O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), divulgado nesta semana pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), revelou que Nova Friburgo aparece em 3º lugar no ranking de desenvolvimento entre os demais municípios da Região Serrana. Os dados da pesquisa referem-se a 2023. Petrópolis ficou na 1ª posição e Teresópolis, em 2º lugar. A nível estadual, Nova Friburgo alcançou a 13ª colocação entre os 92 municípios fluminenses. Caiu oito pontos em dez anos. Em 2013, o IFDM friburguense foi o quinto melhor do estado.
O levantamento constatou ainda que houve evolução nos indicadores de Saúde, Educação, Emprego e Renda na Região Serrana, no período entre 2013 e 2023. No entanto, os municípios serranos se dividiram entre desenvolvimento moderado e baixo. A última colocação da serra ficou com Duas Barras, que apresentou piora nos indicadores Emprego e Renda (-11,4%) e Saúde (-10,2%), regredindo 22 posições no ranking estadual.
Elaborado pela Firjan com base em dados oficiais referentes a 2023, esta edição do IFDM analisou 5.550 municípios brasileiros, que respondem por 99,96% da população. “É inadmissível que ainda hoje, apesar da melhoria nos últimos anos, se constate um Brasil tão desigual. Através do IFDM conseguimos chamar a atenção para a situação crítica de muitas cidades, que nem sequer tem quantidade razoável de médicos para atender a população, em que a diversidade econômica é tão baixa que sete em cada dez empregos formais são gerados na administração pública. Nossos cálculos indicam que as cidades críticas têm, em média, mais de duas décadas de atraso em relação às mais desenvolvidas do país. É como se parte dos brasileiros ainda estivesse vivendo no século passado”, ressalta o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.
Indicadores
Criado em 2008 e atualizado neste ano com nova metodologia, o estudo da Firjan é composto pelos indicadores de Emprego e Renda, Saúde e Educação e varia de 0 a 1 ponto, sendo que quanto mais próximo de 1 maior o desenvolvimento socioeconômico. Através dessa pontuação, é possível avaliar o município de forma geral e específica em cada um dos indicadores.
Tanto a avaliação geral quanto às análises dos indicadores são classificadas em quatro conceitos: entre 0 e 0,4 – desenvolvimento crítico / entre 0,4 e 0,6 – desenvolvimento baixo / entre 0,6 e 0,8 – desenvolvimento moderado / entre 0,8 e 1 – desenvolvimento alto. O estudo permite, ainda, avaliação absoluta por município e ano e comparações entre cidades e anos anteriores.
Na recente análise, Petrópolis apresentou desenvolvimento moderado, com IFDM Geral de 0,7396. Sob a ótica das vertentes, alcançou 0,6479 no IFDM Educação, um número 26,3% maior que no ano de 2013. O IFDM Saúde foi de 0,7527 (+19,3%) e o IFDM Emprego & Renda, 0,8181 (+1,5%).
Também em nível moderado, Teresópolis alcançou a pontuação 0,7321 no IFDM Geral, apresentando maior avanço na vertente de Saúde (0,7522, +23,7%), seguido do IFDM Educação (0,6491, +22,8%) e com menor variação, mas com o melhor desempenho no município, o IFDM Emprego & Renda (0,7951, +0,39%).
Serra teve o 4º melhor IFDM do estado
A Região Serrana alcançou o 4º maior IFDM médio do estado (0,6222), ficando próximo à média dos municípios do estado fluminense (0,6224). Sob o ponto de vista das vertentes, de 2013 a 2023, apenas uma ficou acima da média dos municípios do Rio de Janeiro: IFDM Educação (0,6167, 2,4% acima). O IFDM Emprego & Renda (0,6505) e o IFDM Saúde (0,5994), ficaram, respectivamente, 1,6% e 0,7% abaixo da média do estado.
Nova Friburgo, o segundo maior município em população na Região Serrana, com quase 200 mil habitantes, registrou piora em Emprego e Renda (-2,3%), além de ter sido o município da região que menos evoluiu em Educação (+13,0%) e o 4°que mais evoluiu em Saúde (+6,4%).
IFDM geral da Região Serrana e Centro-Norte fluminense
57 milhões de brasileiros vivem em cidades com desenvolvimento socioeconômico baixo ou crítico
O IFDM aponta que 47,3% das cidades brasileiras (2.625) ainda têm desenvolvimento socioeconômico baixo (2.376) ou crítico (249). São 57 milhões de pessoas vivendo nessa situação. Os municípios com desenvolvimento moderado são 48,1% (2.669) e aqueles com alto nível são apenas 4,6% (256). Os três mais bem avaliados pelo estudo são Águas de São Pedro (SP), São Caetano do Sul (SP) e Curitiba (PR).
A análise também mostra que 99% dos municípios analisados registraram avanço no índice geral entre 2013 e 2023. Com isso, a pontuação média brasileira no estudo é de 0,6067 ponto, referente a desenvolvimento moderado. As três vertentes do índice contribuíram para esse avanço, ainda que em ritmos distintos. O IFDM Educação teve o maior crescimento (+52,1%), passando de 0,4166 ponto em 2013 — quando era a variável com pior pontuação — para 0,6335 em 2023, tornando-se o componente de melhor desempenho.
Já o IFDM Saúde registrou o segundo maior avanço (+29,8%), aumentando de 0,4626 ponto para 0,6002. Já o IFDM Emprego e Renda foi o que menos evoluiu (+12,1%), mesmo com a forte recuperação pós-pandemia. Essa trajetória de desenvolvimento disseminado resultou em redução de 87,4% no número de municípios com desenvolvimento crítico, que passou de 1.978 em 2013 para 249 em 2023.
O gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, observa que todas as regiões ainda têm cidades em situação crítica, mas que as regiões Norte e Nordeste ainda são as mais prejudicadas. Ele destaca que o estudo oferece análise detalhada para que o cenário possa ser modificado nos próximos anos. “Estamos fornecendo um quadro representativo para a formulação de políticas públicas mais eficazes e equitativas”, pontua Goulart.
Nos municípios críticos, sete em cada dez empregos formais são na administração pública
A distribuição dos municípios brasileiros por nível de desenvolvimento do IFDM Emprego e Renda em 2023 revela cenário contrastante. Enquanto 20,3% das cidades têm alto nível de desenvolvimento nessa dimensão — a maior proporção entre as três vertentes do IFDM —, ainda há desafios significativos: um em cada quatro (25,2%) municípios apresenta um mercado de trabalho em condição crítica.
O IFDM Emprego e Renda avalia a capacidade de geração de empregos e de distribuição de renda nos municípios, levando em conta absorção da mão de obra local, diversidade econômica (indicadora de resiliência do mercado), taxa de desligamentos voluntários (reflete a mobilidade e a confiança do trabalhador), PIB per capita (medida de riqueza produzida por habitante), participação dos salários no PIB (indicadora de distribuição de renda) e taxa de pobreza (evidencia a parcela da população em situação de vulnerabilidade socioeconômica).
Nas cidades com desenvolvimento crítico no IFDM Emprego e Renda, 9,3% da população adulta possui emprego formal. Nos municípios de alto desenvolvimento nesse indicador, esse percentual é de 39,4%. O estudo também aponta que a baixa diversidade econômica nos municípios críticos é ilustrada pela alta dependência nos empregos públicos: nessas cidades, sete em cada dez vínculos formais (67,9%) de emprego estão na administração pública, frente a apenas 10,6% nos municípios com alta performance.
* O IFDM completo com gráficos pode ser acessado em: www.firjan.com.br/ifdm.
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