Casos de dengue aumentam 2.250% em Nova Friburgo

Depois de dois anos com queda, número de pessoas com doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti volta a crescer
quinta-feira, 15 de setembro de 2022
por Christiane Coelho (Especial para A VOZ DA SERRA)
(Foto: Pexels)
(Foto: Pexels)

Próximo da chegada da Primavera (estação começa quinta-feira que vem, 22), o tempo mais quente e chuvoso favorece a proliferação do mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão da dengue, Febre Chikungunya e Zika. Depois de um período com registro de poucos casos dessas doenças, durante o auge da pandemia da Covid-19, em 2020 e 2021, os números voltam a crescer. Esse ano, já foram registrados 90 casos de dengue em Nova Friburgo. Um aumento de 2.250% em relação a todo o ano de 2021. Também neste ano, houve registro de quatro pessoas infectadas com Chikungunya na cidade, enquanto no ano passado não houve nenhum caso. Já, em relação à Zika, não houve infecção no município ano passado nem neste ano.

A dengue, Chikungunya e Zika são transmitidas através da picada da fêmea do mosquito infectada por uma das doenças. A transmissão não se dá pelo contato pessoal, como a Covid-19. E a proliferação do mosquito Aedes aegypti acontece através do depósito de ovos da espécie em água parada, como vasilhas, pratinhos dos vasos de plantas, pneus, entre outros.

Para prevenir essas doenças, é necessário acabar com o meio onde o mosquito transmissor pode se desenvolver, ou seja, não deixar acúmulo de água. De acordo com a prefeitura, hoje Nova Friburgo conta com 38 agentes de combates a endemias, que visitam as casas, em busca de possíveis focos do Aedes aegypti e realizam atividades de instruções que auxiliam no combate da proliferação do mosquito.

De acordo com a prefeitura, somente em agosto, 37 armadilhas para capturar o mosquito para pesquisa de infestação do Aedes foram instaladas nos bairros Parque das Flores, Santa Bernadete e Córrego Dantas. Ao todo, 12.605 imóveis receberam visitas domiciliares para controle e conscientização em diversos outros bairros.

Para combater o Aedes, as pessoas devem manter os ambientes e recipientes limpos e sem acúmulo de água, que favorecem a sua proliferação. As principais medidas de prevenção são: deixar a caixa d’água bem fechada e realizar a limpeza regularmente; retirar dos quintais objetos que acumulam água; cuidar do lixo, mantendo materiais para reciclagem em saco fechado e em local coberto; e eliminar pratos de vaso de planta ou usar um pratinho que seja mais bem ajustado ao vaso.

Casos no estado e no Brasil

Até junho, o Brasil registrou 504 mortes por dengue. O número representa praticamente o dobro de mortes notificadas em todo o ano passado. Os casos de dengue no Estado do Rio de Janeiro cresceram 177,6% nos primeiros cinco meses do ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação a 2020, o aumento foi de 20,5%. Foram registrados 4.178 casos da doença até maio. Destes, 1.672 foram na cidade do Rio de Janeiro.

De janeiro e junho, o Brasil contabilizou 108.730 casos prováveis de Chikungunya, aumento de 95,7% em relação ao mesmo período de 2021. Também até junho, foram confirmados 19 óbitos por Chikungunya, sendo 14 deles registrados no estado do Ceará. Quanto aos dados de Zika, até junho foram contabilizados 5.699 casos da doença, aumento de 118,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Nenhuma morte por Zika foi notificada no país neste ano de 2022.

Sintomas

Dengue, Zika e Chikungunya tem sintomas semelhantes: em geral, elas provocam febre, dor de cabeça e manchas vermelhas pelo corpo. Mas alguns poucos sintomas as diferenciam. No caso da dengue costuma haver uma dor atrás dos olhos. Já a Chikungunya pode provocar dor e inchaço nas articulações. A Zika, por sua vez, pode causar febre baixa e vermelhidão nos olhos.

Novo genótipo de vírus da dengue encontrado no Brasil

Em maio também foi registrada a detecção, pela primeira vez, do genótipo cosmopolita do sorotipo 2 do vírus da dengue no Brasil. O caso aconteceu em Aparecida de Goiânia, em Goiás. A linhagem, que é a mais disseminada no mundo e está presente na Ásia, no Oriente Médio e na África, nunca havia sido encontrada no Brasil. A detecção do genótipo da dengue foi liderada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública de Goiás (Lacen-GO) e ocorreu em fevereiro a partir de uma amostra de um caso de dengue do final de novembro do ano passado.

Segundo a Fiocruz, as secretarias municipal e estadual de Saúde e o Ministério da Saúde foram comunicados. Os pesquisadores publicaram um artigo na plataforma de pré-print medRxiv. Além das ações de combate à dengue, os pesquisadores enfatizam a importância de intensificar a vigilância genômica do agravo para mapear a possível circulação da linhagem cosmopolita e compreender melhor as rotas de introdução do vírus no país.

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