Sem calendário e recursos, Frizão prepara reformulação em 2023

Série A2 era uma primeira divisão, com Cabofriense, Macaé, América, Americano e outros times de investimento
quinta-feira, 01 de setembro de 2022
por Vinicius Gastin
Para o próximo ano, clube deverá novamente que remontar praticamente todo o elenco
Para o próximo ano, clube deverá novamente que remontar praticamente todo o elenco

Sem grandes recursos e com dívidas acumuladas, o Friburguense se reinventa a cada temporada. São transformações profundas de elenco, formado em sua maioria por garotos, descobertos através de testes envolvendo Nova Friburgo, região e trazidos por meio de parcerias. Ainda assim, o clube consegue montar times minimamente competitivos, capazes de, ao menos, manter o time na Série A2 do Campeonato Carioca.

“Realmente este ano nós não conseguimos sensibilizar, não só o empresário local, como a cidade. A Série A2 é um produto novo e não gera muita atração. Isso fora o cenário pós-Covid, em que todos tentam se recuperar. A não ser a Unimed, que apoiou a gente, não conseguimos outros patrocínios. A partir do que tínhamos de receita, e sabendo das dívidas, inclusive para não aumentá-la, priorizamos o que sempre fizemos. Desta vez colocando a maioria dos garotos do Sub-20, de 19 a 21 anos. Trouxemos o Jorge Luiz e o Toshyia, que depois de um ano parado, veio na base do amor. Tivemos o Pedro e o Rodriguinho, ambos com 23 anos. E só. De resto, só garotos. Tivemos Wellerson e Ryan, com 17 anos, titulares”, resume José Siqueira, o Siqueirinha, gerente de futebol do Tricolor da Serra.

Tamanhas modificações de um ano para o outro são resultados de um processo que se agrava a cada temporada. A falta de calendário limita a busca por receitas, e também dificulta a assinatura de contratos longos com os atletas. Atualmente, por exemplo, o Frizão possui um calendário fixo com apenas um quarto de ano com competição profissional.

“Nós tivemos três meses de campeonato, e eu acompanho esse processo desde 1999, quando a TV Globo entrou. E não é só a Série A2. O time pequeno que está na primeira divisão tem apenas janeiro, fevereiro e março. Nesse contexto, os dois melhores entre eles conseguem uma classificação para a Série D do Brasileiro, possibilitando um calendário completo e criando a oportunidade de chegar a uma C, à exemplo do Volta Redonda. Você precisa contratar jogador, assim como numa empresa, sem data marcada para ele sair. É necessário que ele cresça, se estabilize. É o produto do clube, que pode te trazer receita”, explica Siqueira.

Tal cenário encurta a manutenção de um elenco já na temporada em vigor. O plantel tricolor que disputou a Série A2 Estadual, por exemplo, já sofre com algumas baixas para a disputa da Copa Rio, que teve início apenas duas semanas depois da última rodada da Taça Corcovado.

“O torcedor, talvez, não entenda. Um jogo em Nova Friburgo pela Série A2, hoje, custa R$ 11 mil. Nós fizemos 11 partidas, sendo que temos um valor de receita estimado em R$ 3 mil por jogo. São em torno de R$ 80 mil de despesas só com os jogos. Pegando 30 jogadores ganhando o salário mínimo, há uma folha, somando os impostos, de R$ 40 mil. Com mais funcionários, R$ 45 mil. A despesa do Friburguense atualmente, com uma receita bem pequena, não tem como ser menor que R$ 80 mil por mês. Quando se fala de quatro meses, gasta-se, somando jogos e salários, R$ 400 mil numa segunda divisão. Aí vem uma Copa Rio no processo de mata-mata. O mínimo de contrato que se pode fazer é de três meses, ou seja, colocando mais R$ 240 mil em um campeonato que pode terminar em dez dias”, expõe o dirigente.

“A coisa se profissionalizou e virou um grande negócio, mas para poucos. Inclusive, a própria Lei Pelé, não a original, mas a atual, modificada pela “Bancada da Bola”, no Congresso, em 60% a 70%. Hoje o jogador parece livre. Ele sai do clube e vai para as mãos de empresários. Você pode ter grupos com uma qualidade de grande empresa, mas pode ser um grupo a usar a marca do seu clube de forma negativa”, completa.

Além dos obstáculos internos, há também os adversários, cada vez mais fortalecidos através de investimentos que faltam atualmente ao Friburguense. Clubes tradicionais brigam pelos mesmos objetivos com o Tricolor da Serra, e o cenário tende a se complicar com o passar das temporadas. Algo que reforça a urgência pela busca de novos investimentos para o clube.

“Hoje se compete numa Série A2 que, na verdade, era uma primeira divisão. Jogamos contra Cabofriense, Macaé, América, Americano e outros times de investimento. Era muito equilibrado já na primeira divisão e até parece que a segunda divisão é fraca, que há a obrigação de subir. Temos que começar a entender que, assim como o Friburguense, há times que, além de ter um padrão de primeira divisão, possuem grandes investidores. Exemplos são o Sampaio Corrêa, o Artsul, o Maricá. Seja por recursos próprios, públicos ou de investidores. Temos que buscar esse caminho”, finaliza Siqueira.

 

 

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TAGS: futebol