O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) desacelerou em dezembro, registrando alta de 0,96%, depois de variar 3,28% em novembro. De janeiro a dezembro de 2020, o índice, que é usado como base para o reajuste dos contratos de aluguel, acumulou alta de 23,14%. Em dezembro do ano passado, a taxa foi de 2,09% e a alta acumulada nos 12 meses de 2019 ficou em 7,30%.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 29, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). O Coordenador dos Índices de Preços do instituto, André Braz, destaca que a desaceleração ocorreu por causa da diminuição da pressão inflacionária no índice ao produtor por estágios de processamento, que cedeu em dezembro.
O mercado em Friburgo
Ouvido por A VOZ DA SERRA, o titular da Etna Administração e Serviços, Ricardo Figueira, disse que o mercado vê com preocupação esses índices e que, neste momento, o principal é ter bom senso – tanto locatários quanto locadores.
“Devido à situação de pandemia e de crise econômica, não estamos orientando a aplicação direta destes índices, porque refletem um momento atípico da economia, totalmente inerte nesse momento que estamos passando. Portanto, a mediação, a revisão em valores de aluguel muito abaixo do mercado, a divisão das perdas, tudo isso tem sido negociado e praticamente em todos os nossos contratos os percentuais de inflação estão sendo praticados bem abaixo do que institutos de medição e pesquisa estão apontando. O diálogo, a ponderação e a empatia são as palavras que estão norteando todas as renovações de valores contidos nos contratos que estão sob nossa administração”, afirmou Ricardo Figueira.
E completou: “A primeira medida que estamos enfatizando é a mediação, buscando a negociação para diminuir as perdas, tanto para quem paga quanto para quem recebe. Dessa forma estamos conseguindo reduzir esses índices em cerca de 50% e, na maioria das negociações, estão acatando nossas propostas”.
Ainda segundo Figueira, atualmente a maior demanda está na locação de imóveis em Nova Friburgo, com um aumento em torno de 20%. Ele explica que esse movimento se deve às famílias que estão se mudando para a cidade e, num primeiro momento, alugam um imóvel para adaptação. Caso se interessem em fixar residência, então iniciam a procura de imóveis para compra, setor que, de acordo com ele, ainda segue em baixa no município.
A insatifação de locatários
Nem todo mundo pensa e age como o Ricardo, que acredita que o diálogo e o bom senso devem nortear qualquer discussão sobre reajuste de aluguéis. Nesse sentido, o jornal também ouviu uma locatária – que preferiu não ser identificada. Ela mora há mais de dez anos no mesmo apartamento, na Rua General Osório, com o marido e um filho e, segundo ela, nunca teve problemas com o pagamento do aluguel ou da taxa de condomínio.
No entanto, apesar da longa e correta relação entre locatário e locador, ela disse que em meados de julho foi surpreendida com uma cobrança de reajuste retroativo do aluguel do apartamento. Surpresos com a pretensão do aumento, ela conta que o marido escreveu uma carta, indignado, à imobiliária, questionando o reajuste e ressaltando as dificuldades enfrentadas por todos em meio à pandemia e a crise econômica.
“Ficamos justamente indignados com a forma como fomos abordados, sem nenhum contato prévio, um aviso sequer. Simplesmente o comunicado de que haveria o reajuste e ponto final. Não concordamos e avisamos que então entregariamos o imóvel, e caso a situação não fosse revertida, nos mudaríamos para outro apartamento no mesmo prédio, o mais breve possível. Depois disso, não houve mais cobrança, nem mensagens. O assunto morreu ali”, contou.
E finaliza: “Agora, já estávamos esperando um reajuste para o próximo ano, mas esperamos que, desta vez, haja bom senso na cobrança, o que não ocorreu da última vez. O mesmo apartamento que estava para alugar há alguns meses, no mesmo prédio em que moramos, por um valor mais baixo do que o que pagamos, continua desocupado. Se não houver um acordo razoável, se o proprietário não quiser conversa, vamos nos mudar”, adiantou a locatária.
Variação dos índices durante o ano
O principal componente do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPG-M) também desacelerou, registrando variação de 0,90% em dezembro, abaixo dos 4,26% de novembro. No ano, a taxa acumulou alta de 31,63%. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) avançou 1,21% em dezembro, depois de subir 0,72% em novembro, acumulando alta de 4,81% em 2020.
A maior variação no mês ocorreu no grupo habitação, que passou de 0,23% em novembro para 2,11% em dezembro, com destaque para a taxa de eletricidade residencial, que havia caído 0,16% em novembro e aumentou 8,59% em dezembro.
Último componente do IGP-M, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) variou 0,88% em dezembro, ante 1,29% em novembro. No acumulado do ano, o INCC fechou com alta de 8,66%. O grupo materiais, equipamentos e serviços subiu 1,76% no mês e acumulou alta de 15,93% no ano. O índice da mão de obra ficou em 0,06% em dezembro e 2,54% em 2020.
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