Os friburguenses Hugo Dembergue, 24 anos, e Leandro Marra, 30, criaram o estúdio Frame 8 atendendo a demanda de pessoas e marcas. Usando criatividade, fotografia e edição, o estúdio fotográfico, que é super descontraído, por sinal, é voltado para o ramo empresarial, que, através das fotos, oferecem suporte para o crescimento, desenvolvimento e profissionalização da mesma. Confira a jornada deles no mundo da fotografia nessa entrevista exclusiva para o Caderno Z.
AVS: Quando surgiu essa paixão pela fotografia?
Leandro: Eu comecei a fotografar umas festas com aquelas câmeras point and shoot mesmo com umas amigos quando tinha uns 16 anos para poder entrar nas festas de 15 anos que rolavam pela cidade. Nessa época, montei um site junto com uns amigos.
Hugo: Aos 18 anos, no meu primeiro emprego. Trabalhava como estagiário de direção de arte em um ecommerce de moda fitness, até que surgiu uma vaga para fotógrafo de lookbook, ali aprendi muito, desempenhei várias funções, mas foi na fotografia que encontrei minha paixão.
Quando vocês começaram a fotografar profissionalmente?
Leandro: Pergunta difícil... o que é ser profissional, né? Mas eu vivo de fotografia desde 2005 mais ou menos.
Hugo: Posso dizer que comecei na fotografia trabalhando, o que é engraçado e até mesmo perigoso, mas acredito que as oportunidades aparecem e a gente não deve deixar passar.
Qual a formação de vocês?
Leandro: Ensino médio.
Hugo: Cursei Publicidade e Propaganda.
Quando decidiram se juntar e montar um estúdio?
Leandro: Vai fazer 4 anos! Um amigo em comum nos apresentou, trocamos umas ideias e decidimos tentar. Daí, seguimos em frente.
Hugo: Durante a faculdade. Eu já trabalhava na área de fotografia publicitária, mas atendia apenas o cliente do site de moda fitness. Aos poucos a gente vai melhorando e acreditando que nosso trabalho pode chegar a mais lugares. Daí encontrei o Leandro, que já tinha uma bagagem de trabalho em outros estúdios e na área de casamento, e que também acreditava que podia alcançar mais clientes com a fotografia. Já se passaram 4 anos desde que resolvemos montar um plano de negócios e traçar estratégias para começarmos um negócio de fato.
Quais as maiores dificuldades para um fotógrafo em início de carreira?
Leandro: Tudo. Qualquer tipo de arte é sempre um problema, né? O mercado não valoriza, pessoas querem fazer parcerias que geralmente não vale a pena. Falta de portfólio, entre outros.
Hugo: Ter portfólio profissional para vender o seu trabalho e acesso a equipamento de qualidade, que não é nada barato.
Qual é o estilo de fotografia que vocês curtem mais?
Leandro: Hoje eu acredito que o legal é conhecer o estilo que a marca quer apresentar e tentar juntos chegar a um resultado que é atingir o público alvo da mesma. A pesquisa e desenvolvimento e ter cada um de um jeitinho é o que é gostoso para mim!
Hugo: Na publicidade devemos nos adequar à necessidade e ao estilo das marcas. A fotografia comercial me encanta pelo fato de estar em constante mudança dependendo do nicho de mercado que atuamos.
Equipamento faz diferença no resultado final?
Leandro: Depende do resultado desejado. Do conceito e do que se quer passar. Geralmente o equipamento torna mais fácil o processo de fotografar, não o processo criativo.
Hugo: Faz! Total não, mas chega em um ponto que você não consegue extrair muita coisa de um equipamento básico. Contudo, a sensibilidade é muito mais importante do que qualquer tecnologia mirabolante.
De qual foto vocês mais se orgulham?
Leandro: Muito difícil essa, hein? Acho que na vida pessoal tem algumas de paisagens que eu gosto pelos momentos que foram. Profissionalmente, eu não sei.
Hugo: Acho que não existe uma foto específica, cada trabalho a gente vem desenvolvendo uma história mais interessante, e técnicas mais refinadas. Acho que ainda estou em busca dessa foto.
Qual situação mais engraçada vocês vivenciaram como fotógrafos?
Leandro: Na época em que eu fotografava festa era engraçado ver a galera bêbada, dormindo nos sofazinhos.
Hugo: A gente ainda não alugava o estúdio no Espaço Arp, mas tinha 4 flashs jurássicos, uns tripés que não seguravam muito tempo no mesmo lugar, duas sombrinhas que Deus me livre e um fundo infinito de papel usado. Pois bem, com muita luta conseguimos um cliente para fotografar e antes da sessão começar, modelo pronta, tudo pronto, fomos desenrolar o rolo do fundo. Pronto, a modelo não cabia no fundo. O papel estava mofado e a gente tinha cortado um pedaço que estava amassado no dia anterior, ou seja, só tinha um metro e meio de papel enrolado. Dica do dia, confira tudo antes!
Cite algumas inspirações para o trabalho de vocês…
Leandro: Alessio Albi, Jacob Suton, Camila Cornelsen, Elizaveta Porodina, Steve Giralt, entre outros.
Hugo: Pretendo um dia fotografar como a Elizaveta Porodina e o Alessio Albi.
Fale um pouco sobre como a pandemia afetou o trabalho de vocês…
Leandro: É uma situação difícil. A gente parou total por quase três meses e agora voltamos aos poucos tomando os cuidados possíveis, limitando a equipe envolvida além de todos os outros cuidados. Acho que todo mundo que possui um negócio sente um pouco ter que passar por momentos difíceis. Mas nada se compara a uma vida, né? O mínimo que podemos fazer é cuidar um dos outros.
Hugo: Ficamos três meses parados, a sorte é que nos organizamos antes de tudo acontecer para investir em equipamentos novos. Com isso conseguimos arcar com nossos custos nesse período.
Falando em pandemia, provavelmente vocês se reinventaram em alguns aspectos… como foi isso?
Leandro: Acredito que todo mundo, né? Tentei aproveitar esse tempo pra crescer em outras áreas internamente. Descobrir outras paixões. Fez ver que o trabalho imediatista só faz mal pra gente mesmo. Podemos e devemos viver uma vida mais responsável com o nosso tempo e com nossa saúde e tudo vai ficar bem.
Hugo: Aos poucos fomos voltando a trabalhar, com a mentalidade de que devemos nos cuidar e diminuir o excesso de pessoas envolvidas nas produções. A limpeza e higienização do local de trabalho também foi redobrada.
Sobre seguir sonhos… Qual conselho vocês podem dar para quem está começando nessa área?
Leandro: Estudar bastante. Entender como a luz funciona. Observar o que a gente encontra no dia e tentar reproduzir aquilo de forma natural. Equipamento ajuda obviamente mas nunca vai ser o ponto mais importante. Tem que acreditar e seguir em frente. Postar, debater, procurar canais e fotógrafos que inspiram a gente a fazer mais e criar.
Hugo: Arrume um trabalho (não importa a área), faça uma reserva de dinheiro, acredite em você e no seu esforço e "mete a cara!"
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