Vamos defender a liberação da maconha?

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Mês passado o presidente da ABP – Associação Brasileira de Psiquiatria, dr. Antônio Geraldo da Silva, fez um breve discurso no Senado Federal em Brasília falando sobre o tema da descriminalização da maconha. Em seguida coloco para você algumas das ideias dele, que foi corajoso no que falou o que precisava.

Ele começou falando do cenário no Brasil sobre as doenças mentais, no qual 70 milhões de pessoas têm doenças mentais. Somos campeões mundiais em transtornos de ansiedade. Antes da pandemia já tínhamos 9,3% das pessoas sofrendo algum transtorno de ansiedade. Isto mostra que o Brasil é um país de pessoas ansiosas, não tranquilas. Antes da pandemia tínhamos 5,8% dos brasileiros com depressão. Só perdíamos para os Estados Unidos que tinha 5,9%, país de primeiro mundo!

Em 2022 a Vigitel liberou uma pesquisa que mostrou que pulamos de 5,8% para 11,3% da população com depressão no tempo pós-covid. Dr. Antônio mencionou sobre a esquizofrenia, uma doença mental grave, que pode ser desencadeada pelo uso da maconha, sendo vários casos sem retorno à normalidade mental.

No cenário mundial houve nos últimos anos uma queda dos índices de câncer e de Aids, mas em relação ao suicídio estamos crescendo assustadoramente, sendo uma causa importante o fácil acesso ao álcool e outras drogas. A segunda maior causa de suicídio é o uso e o abuso de substâncias psicoativas, álcool e outras drogas. E no cenário político se fala em liberação do uso de drogas, como pode?

Entre 48% a 50% da população brasileira consumia cigarros e não houve campanha para liberação do uso disso, mas restrição. E o trabalho feito para controlar o uso de cigarros resultou numa queda importante no consumo deles, caindo para 10%. E este é um dos melhores resultados no mundo quanto à saúde pública nesta área de dependência química.

Como, então, políticos querem a liberação e facilitação do acesso à maconha, uma droga perigosa, não inocente? Os que defendem esta ideia possivelmente são ignorantes quantos aos dados científicos sérios sobre o assunto, ou possuem outros conflitos de interesses.

No seu discurso no Senado, o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria perguntou aos parlamentares: “Sabe qual é a quantidade prevista que é segura para o consumo da maconha?” E ele respondeu: “Zero!”. E completou dizendo: “Se há que banir uma droga da face da Terra, é a maconha!... Temos que diminuir a produção desta droga e a facilidade de distribuição. Foi possível fazer isso com o antibiótico, assim é possível fazer isso com todas as drogas.”, disse dr. Antônio Geraldo. E comentou que o Brasil não produz uma folha de coca, mas tem todos os insumos que transformam a folha na pasta base da cocaína.

“Por que não regulamentamos as substâncias usadas para fazer da folha de coca a pasta base da cocaína?” – pergunta ele. Não há nenhum benefício para a saúde em qualquer substância da maconha fumada. Por que esta planta é alvo deste desespero de alguns para ser liberada?

Dr. Antônio Geraldo terminou sua fala aos senadores, dizendo: “Pelo amor de Deus senadores, não permitam isso [a liberação da maconha], nós não podemos criar uma fábrica de loucos no Brasil.” E acrescentou que não acredita que por uma canetada os políticos irão liberar as drogas, porque isso iria destruir nossa população.

O espaço aqui não permite, mas já publiquei artigo mostrando os resultados de locais deste planeta (países e estados dentro de alguns países, como EUA) onde liberaram o uso da maconha e o desastre que foi e está sendo para a comunidade é imenso e muito destruidor.

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

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