Yoga e um amor que não conta cromossomos

sexta-feira, 20 de março de 2020
por Igor Fonseca*
Yoga e um amor que não conta cromossomos

O Yoga é uma prática inclusiva, por ser muito mais do que uma rotina de exercícios físicos: é uma filosofia de harmonização  do corpo com a mente, do indivíduo com o todo e uma prática social e moral que deve ser vivida por todos. 

Costuma-se falar que se você tem um corpo, uma mente e um pulmão que respira, então o Yoga é para você.

Todas as pessoas são dignas de encontrar vislumbres de paz dentro de sua própria vida, e o Yoga pode ser uma ferramenta imprescindível para isso. 

Qualquer pessoa, independentemente de suas habilidades físicas, origem e história de vida, merece igualdade de acesso aos ensinamentos milenares do Yoga, pois eles trazem empoderamento individual e despertar espiritual. 

Na maioria dos casos, pessoas com síndrome de Down podem desenvolver suas capacidades e habilidades para ter uma vida padrão. Neste caso, o Yoga pode ajudar muito, já que desenvolve um trabalho integral, que inclui o físico, o cognitivo e o respeito ao ser. 

A prática regular pode desenvolver a atenção, a memória, a motricidade grossa e fina e até mesmo a área da fala. São pessoas capazes de sentir, amar, aprender, se divertir e trabalhar e, que poderão perfeitamente ler, escrever e deverão ir à escola como qualquer outra criança e levar uma vida autônoma.

É verdade que conseguir ultrapassar limites pessoais e realizar uma postura física mais avançada pode ser muito estimulante e divertido e, sim, trazer muitos benefícios. Mas, a face do Yoga que, de fato, tem o potencial de transformar as nossas vidas, é uma nova forma de lidar com pessoas e situações, nos fazendo sentir leves, aliviando todo o peso do estresse e da ansiedade. 

O Yoga pode ajudar pessoas com síndrome de Down pois sua prática pode ser adaptada para atender a várias condições e necessidades tanto físicas quanto mentais, através de atividades que fortalecem o corpo, melhoram o equilíbrio, a flexibilidade, aumentam a autoestima, desenvolvem a concentração, o foco e aumentam a consciência corporal.

Movimentos  lúdicos e criativos

O preconceito e a discriminação são os verdadeiros inimigos dos portadores dessa síndrome. O fato de apresentarem características físicas típicas e algum comprometimento intelectual não significa que tenham menos direitos e necessidades. 

Podemos entender que o verdadeiro resultado da prática do yoga vem do esforço pessoal dentro daquilo que cada um é capaz de realizar, dentro dos seus limites. É uma ótima notícia se no meio do caminho este limite se expande, mas este não é nem de longe o foco principal. 

Todos são capazes de praticar, independente da condição física. Aqueles que participam de uma aula de yoga suave podem experimentar os efeitos benéficos alcançados com as posturas clássicas modificadas para atender as necessidades individuais. 

Ao se criar variações dos asanas, as posturas de yoga, consideramos compreender o princípio implícito daquela posição. Ela tem um propósito, recruta alguma inteligência e pede algo do praticante. É exatamente essa exploração contínua que permite a elaboração de movimentos lúdicos e criativos, que permitem a esse praticante o benefício de uma prática equilibrada. 

Como resposta temos o estímulo do sistema nervoso central, um corpo mais tonificado e com mais consciência corporal, aumento de força e do equilíbrio, incentivo à concentração e memória, melhora da autoestima e da relação com os outros: tudo isso é muito mais significativo do que a performance em uma posição impactante. 

Essa falsa ideia de que a prática se resume a posições elaboradas e corpos habilidosos dificulta que o verdadeiro potencial do Yoga se manifeste.

É importante frisar que a síndrome de Down não é sinônimo de deficiência intelectual, o que significa que algumas pessoas têm e outras não têm o comprometimento cognitivo. Até porque é relevante notar que a diversidade que existe dentro de um grupo de pessoas com a síndrome existe em qualquer grupo. 

A prática de yoga faz parte, junto com outros atores da comunidade escolar, de uma educação inclusiva, para todos, afinal, trata-se de um dos maiores e mais antigos tesouros da humanidade, que só tem a acrescentar para todos nós. 

O Yoga não é somente desenvolvimento pessoal, é também aceitação pessoal, que é a base para a aceitação do outro como ele é.

 

*Igor Fonseca é instrutor de yoga do Instituto Samsara

 

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