Os artistas friburguenses estão órfãos dos palcos. Desde da tragédia de janeiro de 2011, o Centro de Arte, onde funcionava o histórico teatro, está fechado, depois de ser destruído pela lama que tomou conta do espaço. E, o Teatro Municipal Laercio Rangel Ventura foi interditado pela Defesa Civil, em 2021.
Mas, a tão esperada reforma do Teatro Municipal Laercio Ventura, na Praça do Suspiro, finalmente começou em março desse ano. De acordo com a prefeitura, a obra está em fase de troca de telhado. Mas o equipamento também está recebendo reforma interna e da fachada, além da recuperação e adequação do anfiteatro, e ajustes no telhado da Praça das Colônias, ao lado do Teatro.
O investimento na reforma é de R$ 1,4 milhão, verba proveniente do Programa de Manutenção Continuada, do Estado do Rio. A expectativa de duração das obras é de até oito meses, com término em dezembro desse ano.
Com capacidade para 564 pessoas sentadas, o Teatro Municipal é o maior de toda a região e já foi palco de grandes espetáculos nacionais e internacionais. O espaço está interditado desde 2021, embora tenha sido usado durante a pandemia da Covid-19 pela própria prefeitura e entidades para alguns eventos particulares e empresariais, inclusive a posse do atual prefeito, Johnny Maycon. O teatro, que nunca passou por uma reforma desde a sua inauguração em 2008, já estava visivelmente deteriorado pelo uso e ação do tempo.
Obras do Centro de Arte sem previsão para o início
A novela sobre a reforma do Centro de Arte, na Praça Getúlio Vargas, parece não ter fim. O espaço está fechado há 12 anos, desde que foi atingido severamente pela enchente em janeiro de 2011. Naquela ocasião, o espaço foi totalmente tomado e destruído pela lama.
De acordo com o governo municipal, o 6º Grupamento de Bombeiros Militares negou o último pedido de aprovação de projeto contra incêndio e pânico do casarão — onde funciona a Fundação D. João VI —, feito pela prefeitura, que engloba o Centro de Arte.
(Centro de Arte)
“O projeto apresentado com o número de cadeiras solicitado pelos artistas, 75 lugares, foi negado e não foi aberta mais oportunidade para se aprovar esse projeto no grupamento local. O projeto foi refeito para apresentação no Comando Geral dos Bombeiros, na capital. Com esse pedido, a expectativa é de que, tendo essa aprovação, o projeto contra incêndio e pânico possa ter continuidade. O projeto arquitetônico de alterações internas já está concluído há bastante tempo.”
A prefeitura informou que houve necessidade de encaminhar o projeto para o Rio de Janeiro, porque, quando há metragem maior que 900m2 de área e capacidade de movimento de público muito grande, isso é avaliado pelo Bombeiro do Rio, que tem um setor de análise de projetos para shows, eventos, etc. A nota disse que “o nível de exigência sobe também. É preciso incluir mais itens de proteção que tornam o projeto mais caro de execução.”
A prefeitura finalizou a nota informando que “não tem previsão de quando será feita a licitação e a obra, porque não se sabe quanto tempo levará para se aprovar o projeto contra incêndio e pânico no Rio de Janeiro. Além da questão financeira, que também ficará mais cara, devido às mudanças que o município foi obrigado a fazer para que o projeto possa avançar.”
Luta dos artistas dura longos anos
Conforme mostrado em várias matérias de A Voz da Serra, os artistas promoveram protestos durante todos esses longos quase 12 anos de fechamento do Centro de Arte. Governos se sucederam e muitas promessas, também.
“Em setembro de 2020, exaustos que estávamos de tanta espera, iniciamos o Movimento Volta Centro de Arte. A adesão nas redes sociais e presencialmente, foi grande. Foi convocada uma reunião online e os artistas puderam tomar ciência de que no projeto de reforma, o "novo" teatro, teria 47 cadeiras, um número pequeno de espectadores, que impactaria as produções locais, inviabilizando as atividades”, explicou Daniela Santi. Mesmo com a discordância da classe artística a licitação foi publicada no Diário Oficial do município.
Com a mudança de governo em 2021, foi criada uma comissão legalmente constituída, com representantes da classe artística, poder público e Fundação D. João VI, que é responsável pelo prédio onde está o Centro de Arte, para elaboração de um novo projeto, que contemplasse mais lugares, oferecendo a segurança necessária exigida pelo Corpo de Bombeiros, e acompanhamento de todo o processo.
“Um novo projeto foi apresentado, contemplando 73 cadeiras, mais duas especiais. O projeto foi levado diversas vezes ao Corpo de Bombeiros. Entre idas e vindas para ajustes, finalmente, em dezembro de 2021, recebemos a notícia de que estava aprovado”, relatou Daniela.
Mas, a empresa licitada em 2020 não faria mais a obra, por alegações orçamentárias, então seria publicada nova chamada, para a licitação. Na ocasião, a Prefeitura de Nova Friburgo informou através de nota que “o projeto (de reforma do Centro de Arte) que foi aprovado pelo Corpo de Bombeiros continha um erro na aprovação”, o que não permitiu que a prefeitura desse continuidade aos trâmites burocráticos para licitação.
Quando o erro foi detectado pelas equipes técnicas da Secretaria de Cultura e da Fundação D. João VI, o Corpo de Bombeiros foi informado, mas a permissão já havia sido revogada e o processo teve de voltar ao início.
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