Stucky: um bairro inteiro a um passo do isolamento

Ponte ameaça desabar. Moradores têm projeto já aprovado pelo Inea para obra, que só depende da prefeitura
sábado, 01 de agosto de 2020
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)

Localizado a cerca de 15 quilômetros do centro de Nova Friburgo, o Vale do Stucky, no distrito de Mury, é um dos locais mais bonitos de Nova Friburgo e um dos destinos turísticos muito procurados para lazer e descanso. Lá vivem pouco mais de 1.200 moradores que ajudam a manter a beleza da região, mas que precisam de ajuda do poder público para resolver alguns problemas urgentes.

Ao chegarmos na localidade tivemos uma prova do engajamento dos moradores: uma comitiva nos aguardava para descrever suas demandas na esperança de sanar todos os entraves. Apontado como problema principal, está a construção de uma ponte para ligar a região central do bairro a todo o Vale do Stucky, onde residem a maioria dos moradores. Segundo os relatos, a única ponte existente apresenta sérios problemas estruturais e corre risco de desabar. Se isso acontecer, segundo eles, logística, transporte público, turismo, segurança, saúde e educação sofrerão graves consequências.

“A ponte é estratégica. Se ela cair, ninguém vai conseguir ir ao único mercado que tem na região. As pessoas ficarão ilhadas, sem ônibus, sem acesso uma ambulância, se houver necessidade. É o único acesso à creche e ao posto de saúde”, alertou o morador Humberto Bronzo.

Segundo os moradores, parte dessa ponte desabou há alguns meses, mas uma ação paliativa do município mantém a estrutura em pé. Os moradores observam que não há segurança para passar porque a ponte não tem corrimão e está esburacada. Basta um simples descuido para um veículo cair no rio.

A vontade de fazer a diferença é tanta que há quatro anos os próprios moradores elaboraram um projeto para tentar solucionar o problema. O empresário Márcio Branco, que mora na região e encabeça o projeto, foi até a sede do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) a fim de autorização do órgão para realizar as melhorias que a ponte necessita.

De acordo com ele, para construir uma nova ponte no local será necessário mudar o curso do rio e após apresentar cálculos estruturais, o Inea deu o aval para a obra em outubro de 2016, com validade para dois anos, ficando, a realização dos reparos à cargo da Prefeitura de Nova Friburgo, que até hoje não providenciou a tão esperada obra. Como o prazo de validade da autorização está prestes a terminar, Márcio voltou recentemente ao órgão e conseguiu renovar a permissão que agora vai vencer em outubro deste ano. Caso a obra não seja realizada, a autorização vai expirar e ele acredita ser difícil obter novo aval.

Obra exigirá mudança do curso do rio

O arquiteto Gustavo Alvarez, contratado pela comunidade para fazer o projeto, explicou que a nova ponte terá que ser construída cerca de 50 metros adiante da atual e justificou a necessidade da mudança. “Ela está em um local de erosão, onde o rio faz uma curva muito pesada. Fizemos vários estudos, inclusive com a participação de um engenheiro hidrológico que avaliou a situação. Foi uma equipe multidisciplinar que aprovou esse projeto no Inea”, disse Gustavo.

“Eu propus uma parceria, já que o projeto original precisou ser modificado para a inclusão da mudança do curso do rio. Assim como toda a comunidade, estou disposto a ajudar o município com esse recurso”, destacou Márcio. Os benefícios, segundo ele, serão múltiplos. Desde a melhora de infraestrutura no transporte público, quanto na logística de tráfego na região, já que a atual ponte permite apenas que um veículo passe por vez e com a nova ponte dois veículos poderão passar simultanemente.

A nova ponte vai permitir um melhor escoamento da produção de flores (maior do Brasil) e também vai incentivar o turismo local, já que a localidade integra o circuito eco-turístico Ponte Branca, além de aumentar a segurança em dias de fortes chuvas porque  quando há uma tempestade o leito do rio sobe rapidamente, transborda e cobre toda a ponte, impedindo motoristas e pedestres de enxergá-la.

A prefeitura informou, em nota, que considera e reconhece a relevância da obra de construção de uma nova ponte para a comunidade. Existe o desejo de torná-la realidade, mas no momento não há previsão para início do serviço.

Sumiço de placas, barulho de motos e reforma do posto de saúde

Outros problemas também têm a necessidade de solução destacada pelos moradores do Vale do Stucky. Quando chegamos ao bairro notamos algo curioso: postes no meio da rua. “É algo que eu nunca vi”, disse Humberto ao dizer que a reivindicação para realocar os postes já vem de alguns anos. Já aconteceram vários acidentes e  atropelamentos de animais aqui. É um problema social, econômico e turístico”, completou.

O morador informou que nesta mesma via, carros e motos costumam passar em alta velocidade. Surgiu então um pedido a prefeitura para instalar quebra-molas naquele trecho, mas até hoje nada foi feito. “Foi reivindicado à comunidade que providenciasse as placas de sinalização desses quebra-molas. A comunidade se cotizou, conseguiu confeccionar essas placas, instalaram na via, mas as lombadas nunca foram feitas e o pior, algumas placas foram furtadas”, lamentou Humberto.      

“Há união de muitos moradores que querem resolver os problemas do Stucky. O posto de saúde local foi reformado com os recursos particulares. Há coisas que funcionam no bairro porque tem gente que ajuda”, disse Daiane de Souza, dona do mercado local.

Outro morador,  Ricardo Oliveira reclamou do péssimo comportamento de alguns motociclistas por conta do barulho provocado por esses veículos. “Elas (as motos) são equipada para serem silenciosas, mas tem piloto que faz questão de acelerar fazendo um barulho estridente na porta da casa dos outros”, observou.  

Potencial turístico

Os turistas que visitam o Vale do Stucky geralmente buscam sossego e a localidade traz isso. Alguns gostam tanto que procuram terrenos para comprar e tornar-se veranistas na região. “A natureza aqui chama a atenção e muitos dos nossos serviços são voltados para a interação. Tem turista que cria um vínculo de amizade tão grande com a gente que sempre que eles querem viajar para cá nos perguntam antes como que está o clima”, diz um morador.

 

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TAGS: obra | Trânsito