Mesmo com o desemprego mostrando sinais de recuperação, o nível de inadimplência dos brasileiros continua alto. O último Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas da Serasa, divulgado em março, mostra que mais de 70 milhões de pessoas estão nesta condição. O cenário traz uma reflexão importante neste 1º de Maio sobre os efeitos que as dificuldades financeiras trazem na vida do trabalhador.
Levantamento feito na última semana pela Serasa mostra as diferenças das perspectivas entre os brasileiros que negociaram suas dívidas no último Feirão Limpa Nome, realizado em março, e os inadimplentes. De acordo com a pesquisa Impactos da Vida Financeira no Trabalho, 65% dos inadimplentes concordam que a situação financeira impacta diretamente na sua vida profissional, seja no crescimento individual como na produtividade. “É importante que a educação financeira seja uma pauta constante, mas também que esteja na agenda das empresas e empregadores em ações que auxiliem a vida financeira dos brasileiros", diz a gerente e especialista em educação financeira da Serasa, Patrícia Camillo.
A pesquisa buscou entender quais os sentimentos em relação ao futuro profissional. Para o grupo de pessoas em situação de negativação, a palavra 'superação’ foi a mais apontada (39%), enquanto o grupo que conseguiu renegociar dívidas elegeu o termo 'motivação' (38%). "Esses sentimentos são muito simbólicos para nós, porque mostram que, quando a pessoa tem a oportunidade de quitar dívidas, voltar a ter acesso ao crédito, elas se sentem motivadas a voltar a sonhar e fazer planos, sejam eles pessoais ou profissionais, com mais consciência do que antes", explica Patrícia.
Entre os aspectos que as dívidas mais impactaram na vida profissional, está o aumento do estresse no ambiente de trabalho (19%) e a redução de oportunidades de crescimento profissional (17%), os quais foram unânimes entre os dois públicos. Um segundo ponto apontado pelos inadimplentes foi o sentimento de medo constante de perder o emprego (13%).
O levantamento trouxe também um dado preocupante sobre informalidade: 76% dos entrevistados precisaram recorrer a um trabalho extra, os chamados "bicos", para complementar a renda. "Isso traduz também, além da inflação e do alto desemprego, a falta de acesso ao crédito no mercado, já que muitas pessoas não têm onde conseguir crédito e recorrem à informalidade", analisa.
Mesmo com o nível de desemprego, o brasileiro segue otimista sobre o futuro: 49% dos consumidores estão esperançosos e têm melhores perspectivas em relação ao mercado de trabalho. Sobre as metas pessoais, quitar as dívidas continua sendo o maior objetivo, principalmente entre os inadimplentes (57%). Para os consumidores que fecharam acordo no último feirão, esse percentual é de 43%, mas alguns planos como comprar um imóvel ou casa própria (31%), investir e empreender (25%) ganham mais espaço.
Sobre se conseguirão pagar as contas em dia, 65% do grupo que renegociou dívidas respondeu que sim, enquanto 29% afirmam não ter certeza e 6% não acreditam que seja possível. Entre os negativados, 51% estão confiantes em manter as contas em dia, 38% não têm certeza e 11% acreditam não conseguir arcar com as despesas. A pesquisa ouviu 4.610 consumidores entre os dias 22 e 26 de abril, via questionário online.
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