Santuário da biodiversidade e patrimônio natural da humanidade em risco

"O Pantanal não é para amadores”
sexta-feira, 04 de outubro de 2024
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Marcelo Camargo - Agência Brasil)
(Foto: Marcelo Camargo - Agência Brasil)

O mundo enfrenta o maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial, com 56 guerras ativas, em 2024, e 92 países envolvidos, ameaçando a segurança mundial. Os dados são do Global Peace Index (GPI) ou Índice Global da Paz, divulgados anualmente pelo Institute for Economics and Peace. Dados que nesta semana foram drasticamente alterados, com a escalada do conflito no Oriente Médio. 

Outro tipo de tragédia atinge o meio ambiente, também em escala mundial. No Brasil, quatro anos após os devastadores incêndios que incineraram cerca de 30% do Pantanal, o fogo voltou a ameaçar as espécies animais que vivem na região, considerada um santuário da biodiversidade e um patrimônio natural da humanidade. 

A destruição de biomas, a perda de milhares de animais, a morte de voluntários, a saúde de tantos afetada quando da tentativa de apagar incêndios, a luta do povo da agricultura familiar empenhado em salvar plantações e vidas, enfim, todos se juntam nesse embate que não dá trégua.

Desde julho, o desastre climático se alastrou por diversas regiões do país, arrasando cidades do Norte, Centro-Oeste e Sudeste. Enquanto brigadistas, bombeiros, militares e voluntários tentam apagar as chamas, biólogos, veterinários e outros profissionais se dedicam a minimizar o sofrimento animal. 

"O Pantanal não é para amadores. É preciso conhecer bem a área, saber como se formam os corredores de propagação do fogo. O fogo é assustador. A velocidade com que ele avança e o tamanho da área atingida são impressionantes. Combater as chamas e proteger a fauna é um trabalho difícil", disse o biólogo Wener Hugo Arruda Moreno, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), organização não governamental que desde 2002 atua na conservação e preservação do Pantanal.

No fim do mês passado, o fotógrafo da Agência Brasil, Marcelo Camargo, passou dias acompanhando brigadistas combatendo as chamas. Camargo testemunhou e registrou o sofrimento animal e a devastação da vegetação pantaneira. Em certa manhã, enquanto se deslocavam de helicóptero para uma área de difícil acesso, as equipes avistaram um tuiuiú, ave símbolo do Pantanal, pousado na copa de uma grande árvore, em meio a uma área ainda fumegante. Olhando mais atentamente, perceberam que o animal parecia estar protegendo seus ovos, em um ninho construído entre os galhos mais altos.  

Uma família de bugios teve um pouco mais de sorte, ou muito mais sorte, considerando que, apesar de expulsos de seu bando e com dificuldades para encontrar alimentos, não sofreram qualquer ferimento e estão recebendo ajuda dos membros do Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap), conforme contou o biólogo do IHP.

"Recebemos o chamado de uma senhora, ribeirinha, que achava que a fêmea tinha sofrido queimaduras e precisava de cuidados. Ao chegarmos à área, na região de Baía do Castelo, na margem direita do Rio Paraguai, a cerca de duas horas de viagem de barco a partir de Corumbá, encontramos um bando de bugios e macacos-da-noite. Só na segunda tentativa localizamos, isolada, a fêmea que procurávamos. Ela não tinha queimaduras. Era seu filhote, recém-nascido, bastante magro e debilitado, que se segurava nela. Além deles, havia um macho. Provavelmente, os três foram expulsos de seu grupo devido à escassez de recursos. Nestes casos, nossa estratégia é monitorar os animais. Administramos frutas, um aporte nutricional básico, e instalamos câmeras na área para observar se o bando vai aceitar os alimentos", concluiu Wener Hugo Arruda Moreno.

(Fonte: Alex Rodrigues repórter da Agência Brasil)

 

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