Essa é uma bebida tão tradicionalmente brasileira, que somente as aguardentes de cana-de-açúcar produzidas no nosso país é que podem ser chamadas de cachaça. Existem diversos tipos de cachaças produzidas por todo o Brasil, com sabores e, principalmente, qualidades completamente diferentes. Mas como saber que você tem em mãos uma cachaça das boas para saborear? Confira algumas dicas para identificar uma deliciosa branquinha para compartilhar com os amigos!
Atenção à pureza e outras propriedades da cachaça
Uma boa dose, servida em qualquer tipo de copo, tem características bastante específicas. Primeiro, é interessante observar o conteúdo do copo — que deve ser, preferencialmente, transparente — para ver se encontra alguma impureza ou partícula junto com o líquido. A cachaça, diferentemente de outras bebidas como o vinho e a cerveja, deve ser sempre pura e bem branquinha (ou dourada, no caso de cachaças envelhecidas).
Depois de observar o aspecto visual da bebida, faça movimentos circulares com a bebida no copo. Ela deve sempre escorrer pelas laterais como um óleo, sinalizando sua concentração alcoólica. Cachaças que escorrem pelo copo rápido demais geralmente não tem boa qualidade.
Investigue a embalagem
Toda cachaça boa tem em seu rótulo um registro do MAPA, a sigla para Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Esse registro garante a qualidade dos alambiques produtores da bebida, exigindo que eles mantenham padrões de produção e de segurança em todas as suas etapas de desenvolvimento.
Cachaças feitas em alambiques não registrados podem, além de ter péssima qualidade de aroma e sabor, colocar a sua saúde em risco por conter compostos químicos nocivos.
Aroma peculiar e pouco agressivo
As cachaças são consideradas bebidas fortes, com teor que varia entre 38% a 48% de álcool em sua composição. Apesar disso, elas não devem ‘agredir’ o nosso olfato. Ao cheirar uma dose de cachaça, você não deve se sentir desconfortável com o aroma da bebida, mas sim perceber perfumes adocicados que podem lembrar a madeira, vegetais e frutas.
Caso o aroma da cachaça cause desconforto e sensação de ardor nas narinas e olhos, desconfie: sua qualidade pode não ser das melhores.
Uma boa cachaça não queima na boca
Ao saborear uma boa cachaça, da mesma maneira que ela não deve agredir o olfato, também não deve ser desagradável ao paladar.
Então, vão aqui duas dicas ao levar a cachaça à boca: essa bebida deve ser apreciada com pequenos goles, que permitem diminuir a agressividade do álcool para que você perceba todas as suas características; e nada de goles grandes ou “shots”.
Uma aguardente de qualidade é aveludada, discretamente adocicada, que esquenta a região da garganta e do peito após a ingestão. Por isso, inclusive, ela é a bebida preferida de muita gente em dias mais frios.
Não existe bafo, nem ressaca para uma cachaça de qualidade
Se mesmo com a ajuda de todas essas características indispensáveis para identificar uma cachaça de qualidade, você teve dificuldade de saber se tem um bom rótulo ou não em mãos, é no dia seguinte que a última dica será percebida.
Uma cachaça boa, muito dificilmente (a não ser que você exagere na ingestão de bebidas na noite anterior), lhe deixará com dores de cabeça e sintomas de ressaca no dia seguinte. Além disso, boas aguardentes também não costumam deixar hálitos ruins após seu consumo. Se ao acordar no dia seguinte se sentindo muito bem, é sinal de que ingeriu bons rótulos.
A cachaça é uma ótima bebida para fazer excelentes drinks e receitas, mas também para saborear pura e se surpreender com suas propriedades. E se quiser alongar um programa com uma branquinha saborosa, prepare acompanhamentos como os tradicionais petiscos de boteco, queijos e carne vermelha! (Fonte: content.paodeacucar.com)
Quais suas infusões com cachaças prediletas?
O processo de mergulhar um ingrediente na cachaça é uma forma de trazer para os destilados as propriedades sensoriais de sementes, cascas de árvores, flores, folhas, especiarias e frutos. São famosas as misturas de cachaça com cravo, canela, carqueja e tantos outros ingredientes. E por sermos tão curtidos na cachaça como uma bela infusão brasileira, separamos 5 misturas brasileiras famosas. Confira:
*Jambu, também conhecida como agrião-do-pará é uma erva típica da região norte do Brasil, muito utilizado nas culinárias paraense e amazonense, entre outras, podendo ser encontrado em iguarias como o tacacá, o pato no tucupi e até mesmo em pizza combinado com mozarela. Um dos efeitos mais interessantes da erva é a capacidade de anestesiar os lábios e a língua, tornando a experiência gastronômica algo especial. A medida que você mastiga as folhas, dependendo do grau de cozimento da mesma (quanto mais crua, mais intenso o efeito), começa a sentir o efeito de dormência e formigamento da boca. Basta um gole pra sensação de dormência tomar conta dos lábios, lingua e céu da boca. Ao mesmo tempo vem um quê de salgado e refrescância.
* Na cidade de Bombinhas (SC), surgiu uma nova tradição, a mistura de cana com café. Chamada Consertada, nela o café ganha mais sabor com a adição de especiarias (gengibre, canela, cravo e erva doce), açúcar e uma boa dose de cachaça. A cultura da Consertada é tão séria que, em 2013, a então prefeita de Bombinhas declarou, por meio de uma lei, que a bebida era patrimônio cultural do município. À medida que enaltecia os costumes da cidade, também resguardava a receita original do drink.
*Com mais de um século de história, a Azuladinha de Paraty é uma cachaça destilada com folhas de tangerina — fazendo com que a aguardente ganhe uma cor azulada contra a luz. Segundo o livro Cachaça, Prazer Brasileiro, de Marcelo Câmara, a primeira versão da Azuladinha (que hoje só existe em coleções e acervos de degustadores) ganhou, em 1908, a Medalha de Ouro da Exposição Nacional do mesmo ano. Atualmente, versões da bebida são produzidas por engenhos de Paraty (RJ), como o Engenho D’Ouro, e sua história faz parte da tradição cachaceira da cidade. A bebida tem tamanha importância histórica que está enquadrada com a Indicação Geográfica de Paraty concedida pelo INPI.
*Em Monte Alegre do Sul (SP), toda Sexta-Feira Santa centenas de visitantes aproveitam o feriado religioso para participar do ritual de beber o Fecha Corpo. A receita é uma mistura de cachaça curtida em guiné e arruda colhidos na noite anterior ao preparo. A simpatia consiste em ingerir, em jejum, esse preparado para garantir proteção contra mau-olhado, inveja e doenças do corpo e da alma por pelo menos um ano.
*A Pituconha, famosa infusão do “polígono da maconha”, região pernambucana conhecida pela produção da erva em áreas irrigadas pelo rio São Francisco, ganhou destaque em meados de 2014, apesar de existir há muito mais tempo. Segundo perícia realizada pela PF, a concentração de THC (tetrahidrocanabinol), o princípio ativo da maconha, nas raízes da planta, é muito baixo.
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