Sororidade: afinal, o que isso quer dizer? Se você é mulher e tem o hábito de acompanhar páginas, grupos e/ou referências feministas nas redes sociais, provavelmente já ouviu falar muito de sororidade. A origem da palavra vem do latim soror, que significa irmã, e na língua portuguesa evoca a solidariedade e o apoio mútuo entre as mulheres, como alternativa feminina à fraternidade (frater, que significa irmão).
O conceito de sororidade começou a tomar forma com os movimentos feministas, sobretudo os norte-americanos, que passaram a se organizar politicamente nas décadas de 1960 e 1970. Contra a opressão imposta ao gênero feminino, a sororidade é eleita pelas feministas como uma ferramenta de defesa e proteção às violências cotidianas, por meio da união entre as mulheres. A primeira obra a ser reconhecida como referência desse feminismo é, justamente, Sisterhood is powerful (“A sororidade é poderosa”), antologia publicada em 1970 pela norte-americana Robin Morgan.
A partir de 2010, a sororidade desponta como fundamento ético que sustenta o ideal das relações entre as mulheres do século 21. Isso devido ao avanço do debate sobre o assunto e a popularização das diversas teorias de teor feminista estimuladas pela democratização das mídias sociais. Para além da teoria, o conceito alçou novos voos, alcançando meninas e mulheres de idades, classes, cores e trajetórias diferentes.
“Vamos juntas?”
Em 2015, a jornalista Babi Souza criou o movimento “Vamos juntas?”, que não só viralizou nas redes sociais como acabou se tornando um símbolo de sororidade no Brasil. Inspirada pelo medo constante de andar sozinha nas ruas, vulnerável a assédios, abordagens agressivas e perseguições, Babi lançou nas redes uma proposta a todas as mulheres: “Quando estiver sozinha, olhe para os lados e procure outra mulher. Por que não vão juntas?”.
A ideia rompeu as barreiras da internet e tomou os espaços públicos da cidade. No Twitter e no Facebook, por exemplo, pipocavam relatos de mulheres que encontraram em outras mulheres a segurança necessária para exercerem, em paz, o seu direito de ir e vir. O movimento deu origem ao livro Vamos juntas?, publicado em 2016 pelo selo Galera da Editora Record, e inspirou garotas em todo o país a praticarem a sororidade em suas relações cotidianas.
Em uma cultura que encoraja a rivalidade feminina e a busca por aprovação masculina a todo custo, a sororidade oferece um caminho mais saudável de conexão entre mulheres, promovendo identificação e reconhecimento entre pessoas que compartilham problemas semelhantes.
Importante destacar que sororidade não é “amar todas as mulheres”, e muito menos concordar com elas o tempo todo. Cada uma de nós é única e carrega histórias e lutas diferentes. O ideal da sororidade deve ser buscado em consonância com as nuances biopsicossociais que distinguem nossas trajetórias individuais, como classe, raça, identificação de gênero, etnia, culturas e múltiplas formas de amar, sentir e perceber o outro e o mundo.
Hoje, a união entre as mulheres pressupõe mais do que o reconhecimento da condição comum que nos aproxima – o “ser-mulher”. É preciso, sobretudo, enxergar também as características que nos distanciam umas das outras. Por isso, praticar a sororidade envolve assumir privilégios, dar voz a mulheres historicamente silenciadas, promover a escuta ativa e, acima de tudo, exercitar diariamente a empatia.
Pare, pense e reflita
Esqueça a velha e ultrapassada rivalidade feminina. As mulheres não são suas inimigas naturais. Como você, elas recebem, em média, salários menores do que homens na mesma função; como você, costumam enfrentar triplas jornadas de trabalho; e, como você, todas já sofreram assédio, agressão sexual ou violência psicológica, em maior ou menor grau. Portanto, se existe um inimigo a combater, não é outra garota.
Escute e assimile a fala de outras mulheres que vivem realidades diferentes da sua. Se discorda, converse. Às vezes, ficamos tão concentradas em defender uma verdade absoluta que acabamos perdendo oportunidades de adquirir novos conhecimentos e descobrir lições valiosas de vida.
Não meça o comportamento de outras mulheres pela sua régua — muito menos quando essa régua utiliza critérios diferentes para medir mulheres e homens. Às vezes, estabelecemos, inconscientemente, padrões morais e éticos machistas ao avaliar outras mulheres. Antes de criticar, pare e pense: Se fosse um homem, eu a julgaria tanto? Reflita sobre isso! (Fonte: www.ecycle.com.br/sororidade)
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