O foco nas soluções

Segunda revisão das NDCs avaliará cumprimento de metas do Acordo de Paris antes da COP.
sexta-feira, 15 de agosto de 2025
por Isabela Braga
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

Sem dúvida, as controvérsias em torno da hospedagem em Belém tiraram o foco do que realmente importa na próxima Conferência das Partes: acordos mais robustos em suas metas de redução das emissões de gases do efeito estufda; e soluções (financeiras e tecnológicas) capazes de atender a urgência climática atual, sem esquecer da importância de uma transição energética justa e da preservação da floresta em pé.

Após uma década do Acordo de Paris, essa será a segunda oportunidade de revisão das NDCs (Contribuição Nacionalmente Determinada, da sigla em inglês) como previsto em seu artigo 14. Esses novos dados devem estar disponíveis antes do início da COP sua consolidação trará entendimento sobre a lacuna existente entre o que cada país prometeu, conseguiu cumprir e o quanto falta ser feito para conter o aumento da temperatura média do planeta entre 1.5-2 ºC. 

Embora muitos países tenham a meta de neutralidade de carbono até 2050, os esforços propostos nas primeiras NDCs, segundo cálculos do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), levariam a um aumento de 2,7 ºC na temperatura do planeta. Antes de Paris, a trajetória indicava 4 ºC - o que mostra que o Acordo influenciou essa queda, embora ainda aquém do que necessário para a próxima década. 

Portanto é imprescindível que, se quisermos que as economias se diversifiquem para longe dos combustíveis fósseis, uma transição energética justa seja amplamente discutida, pois muitos trabalhos, comunidades e regiões dependem da cadeia produtiva do petróleo. É um momento de evitar que novas injustiças sejam cometidas com os que historicamente contribuem menos para as emissões, mas que costumam ser os mais afetados. 

Diante desse cenário, Belém carrega a obrigação de apresentar soluções para financiar a transição justa e ações de adaptação à emergência climática em curso. O presidente da próxima COP, o embaixador André Corrêa do Lago, junto com o da última, já trabalham em um roteiro de financiamento climático que será apresentado em novembro e que pretende aumentar os US$300 milhões anuais propostos em Baku para US$1,3 trilhão.

Resta saber se haverá consenso quanto à implementação de ações concretas para descarbonização da economia e adaptação às mudanças climáticas de comunidades e ecossistemas vulneráveis. Precisamos triplicar as renováveis e dobrar a eficiência energética se quisermos atingir a neutralidade daqui a 25 anos. É essencial que se defina como atingir essa meta e quem a financiará. Por fim, o sucesso do evento poderá ser medido pela adoção de políticas de longo prazo e soluções locais eficazes para preservar a Amazônia.

 

(*) Isabela Braga é bióloga e cientista climática. Escreve nas edições de fim de semana 

 

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