O Brasil terá dois estados governados por mulheres a partir de 2023. A totalização da contagem de votos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no último domingo, 2, indica que duas mulheres foram eleitas. Ao todo, 38 mulheres concorreram ao cargo de governadora e 94 ao cargo de vice-governadora. A única mulher eleita em primeiro turno neste ano foi a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT). A petista foi reeleita com 58,31% dos votos.
Em Pernambuco, duas mulheres disputarão o segundo turno: Marília Arraes (Solidariedade), que recebeu 23,97% dos votos, e Raquel Lyra (PSDB), 20,58%. O número de governadoras em 2023 será menor do que atualmente. Hoje, três mulheres estão à frente do Executivo estadual. Além de Fátima Bezerra, Regina Sousa (PT) governa o Estado do Piauí e Izolda Cela (sem partido) está a frente do governo do Ceará.
No caso de Regina e Izolda, no entanto, as mandatárias foram eleitas como vice-governadoras em 2018, assumindo o governo no decorrer do mandato. No total, 9.892 mulheres pleitearam algum posto nas eleições deste ano — o que representa 34% das candidaturas.
O número de candidatas é recorde, embora ainda não reflita a realidade de um país em que mais da metade da população é constituída por mulheres. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados em julho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 51,1% da população brasileira em 2021 era de mulheres.
Além disso, a taxa de crescimento de candidaturas femininas está desacelerando no país. Enquanto o aumento foi de 60,6% de 2010 a 2014, e de 13,3% de 2014 a 2018, neste ano o crescimento ficou em 7,4% em comparação com as eleições gerais anteriores.
Apenas quatro mulheres foram eleitas para o Senado
Na disputa pelo Senado, quatro mulheres foram eleitas no último domingo, 2. No pleito de 2018, sete candidatas foram eleitas. Diferente da Câmara dos Deputados, o mandato de senadores dura oito anos, mas a eleição de novos integrantes é realizada a cada quatro anos. Nesse sistema, o Senado renova 1/3 ou 2/3 das 81 cadeiras da casa.
Deputadas transexuais eleitas para o Congresso
Em feito inédito, duas mulheres trans ocuparão cadeiras na Câmara dos Deputados a partir de 2023. Erika Hilton (Psol-SP) e Duda Salabert (PDT-MG) se tornaram as primeiras parlamentares transgêneras da história do Congresso Nacional.
Vereadora da cidade de São Paulo-SP, Hilton recebeu quase 257 mil votos. Ela foi a nona parlamentar mais votada no estado e a mulher mais votada entre as candidatas do Psol. Salabert, que é vereadora em Belo Horizonte-MG, teve pouco mais de 208 mil votos e terminou em terceiro na disputa estadual, ficando atrás apenas de Nikolas Ferreira (PL) e André Janones (Avante).
A primeira travesti em cargo político no Brasil foi Kátia Tapety, vereadora em Colônia do Piauí-PI, em 1992. As candidaturas, porém, vêm ganhando força nos últimos ciclos eleitorais. Em 2018, São Paulo elegeu Erica Malunguinho (Psol), a primeira deputada estadual travesti do país. O Legislativo federal, porém, seguia sem representantes do grupo.
A Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) contabilizou 38 candidaturas para o Congresso neste ano. Destas, apenas duas são de pessoas identificadas como não-binárias – ou seja, que não se encaixam nos gêneros homem e mulher– e duas de homens transexuais.
As demais candidatas se identificam como mulheres trans ou travestis. E, apesar de não eleitas, outras candidaturas tiveram votações expressivas. É o caso da co-deputada estadual Robeyoncé Lima (Psol-PE), que recebeu mais de 80 mil votos, mas não entrou na bancada pernambucana.
No Rio Grande do Norte, a vereadora de Carnaúba dos Dantas, Thábatta Pimenta (PSB), recebeu cerca de 40 mil votos, mas também ficou de fora da bancada final. No Distrito Federal, a drag queen Ruth Venceremos (PT) recebeu 31 mil votos, mas não foi eleita. (Com informações da CNN e Folha de S. Paulo)
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