O Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) estima em 15% o crescimento médio do mercado de flores, em 2021, considerando as variações por segmento (flores de corte, em vaso, plantas verdes e suas inúmeras variedades, além de produtos para paisagismo). O resultado positivo, sem os sobressaltos de 2020, deve-se a diversos fatores, inclusive à retomada, ainda lenta e gradual, dos casamentos, festas em geral e eventos no segundo semestre deste ano. O mercado de decoração representa cerca de 30% das vendas da floricultura nacional.
De acordo com o diretor do Ibraflor, Renato Opitz, as previsões para 2022 também são otimistas. “Esperamos um crescimento de 12% sobre 2021, mas que dependerá muito da situação econômica do país”, explica. Ele credita os bons resultados do mercado como um todo a um grande ganho da floricultura nacional em eficiência este ano graças, principalmente, às melhorias na comercialização, na cadeia do frio e na logística. Os resultados foram a redução do tempo que as flores e plantas levam para percorrer o trajeto entre o produtor e o consumidor, com a consequente diminuição das perdas e dos desperdícios.
“Os principais mercados investiram em tecnologia e em infraestrutura, facilitando as atividades comerciais e operacionais dos atacadistas e varejistas, que passaram a ter mais opções de horários para compras e carregamento dos produtos adquiridos”, analisa.
Diversificar para crescer
A pandemia da Covid-19 afetou o mercado de plantas e flores ornamentais nos primeiros meses, em 2020. “O começo da pandemia foi muito difícil, pois quando tudo parou, ninguém sabia o que iria acontecer. No entanto, aos poucos, o mercado foi retomando. Ao permanecer mais tempo em casa, nos últimos dois anos, as pessoas passaram a utilizar mais as flores e plantas para decorar os ambientes, deixando-os mais verdes, vivos e mais bonitos, alavancando o crescimento do mercado das plantas verdes e das flores em vaso. Já as flores cortadas, utilizadas na decoração de casamentos e formaturas, entre outras festas, sofreram um grande baque em 2020 e continuaram sofrendo em 2021”, avaliou.
Renato Opitz avalia que o bom desempenho do comércio em importantes datas para o setor, como o Dia da Mulher, das Mães e dos Namorados, mostrou um mercado firme e forte, o que permitiu a projeção de um crescimento médio da ordem de 15%, que deve ser consolidado no fechamento do ano.
Os comerciantes também fizeram a sua parte, encontrando novas formas para que as flores e plantas chegassem até o consumidor final, como por meio de vendas online, de melhorias nas formas de delivery ou do desenvolvimento de novos aplicativos, além de estímulo ao comércio em condomínios e lojas de autosserviço etc., colaborando para o crescimento também nesse segmento.
Panorama otimista em Nova Friburgo
O presidente da Associação de Agricultores Familiares e Amigos da Comunidade de Vargem Alta (Afloralta), Amauri Verly, informou que, devido à pandemia, 2020 foi um ano de muitas perdas para os floricultores. Cancelamento de pedidos, novos contratos para negócios futuros e fechamento do comércio acarretaram grandes prejuízos devido ao fechamento de tudo, detalhou o presidente.
“Mas, em 2021, graças às vacinas, já sentimos uma melhora, percebemos a recuperação do setor com a liberação de festas e eventos, ainda que restritas devido aos protocolos. Mesmo assim, as vendas foram aumentando e tomaram impulso do meio do ano para cá. Acho que em 2022 teremos mais abertura de espaços para comemorações, o que pode garantir eventos que são os principais consumidores de flores. Estamos otimistas”, comentou Verly.
O município de Nova Friburgo é referência na venda de flores de corte — o maior polo de produção no Estado do Rio — com mais de 200 agricultores familiares. Por causa da Covid-19, os produtores sofreram uma queda significativa na comercialização, mas, como no resto do Brasil, o setor local também vem se recuperando.
Segundo o escritório local da Emater-Rio, em 2018/19 o setor faturava (receita bruta) em torno de R$ 40 milhões; em 2020, o faturamento caiu para R$ 16 milhões. Com tamanha queda, 2021 não deve registrar o faturamento de antes da pandemia, mas talvez alcançar entre 25, 30 milhões de reais, portanto, um resgate em torno de 20 a 30%.
“Em relação a 2022, o panorama se apresenta mais otimista, considerando mais flexibilização e a realização das festas e eventos que foram adiados, desde 2020. Por outro lado, como ainda não estamos com uma produção plena, o setor produtivo tem menos a oferecer para o mercado consumidor que voltou a crescer. Com isso, o preço das flores deve subir. De qualquer forma, a tendência é um 2022 muito bom e produtivo, com boa geração de receita”, revelou o responsável pelo escritório.
Confirmando essa perspectiva para o ano que vem, a Emater tem recebido uma demanda importante por crédito rural, de custeio e investimento no segmento. “O que demonstra o interesse dos agricultores em resgatar suas áreas e, melhor ainda, expandir suas áreas de produção. Portanto, o setor está confiante que em 2022 retome os patamares de antes da pandemia e com alguma sorte, até supere. Vamos ser positivos, nesse sentido, e acreditar na recuperação plena em 2022”.
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