Hoje no Brasil, vivem aproximadamente 250 povos originários com mais de 150 línguas faladas, garantindo ao nosso país uma incrível diversidade cultural. Através da arte, podemos conhecer cada povo, suas culturas e seus diferentes modos de vida. Engana-se quem pensa que existe uma unidade; cada povo tem sua língua, sua estética, seus grafismos e adornos. Estas peças são minuciosamente feitas à mão por homens e mulheres que expressam na arte a força da ancestralidade.
A arte tradicional indígena é um trabalho coletivo que carrega em si a expressão e a identidade de cada povo, criando diálogo e promovendo visibilidade às tradições dos povos originários brasileiros. As máscaras indígenas, por exemplo, são repletas de significados que vão muito além da nossa imaginação. São representações de forças da natureza, da pesca, das colheitas, dos animais lendários e dos ancestrais em cerimônias específicas e festejos.
Na Galeria Canoa (Paraty/RJ), o público tem a oportunidade de conhecer máscaras de diversos povos, como Ticuna (Amazonas), Kayapó (Mato Grosso e Pará), Mehinako (Mato Grosso), Wayana (fronteira Brasil, Suriname e Guiana Francesa), entre outras peças. Seus materiais e significados variam de acordo com cada povo, que fazem a conexão entre os mundos terreno e imagético.
Yewekuwitxumã Mehinako — A máscara cabeçuda é confeccionada pelo povo Mehinako e representa um espírito que vive nas matas. O Yewekuwitxumã é o dono do fumo do pajé e só pode ser visto pelo mesmo. Em muitas culturas indígenas, as máscaras personificam seres cosmológicos, antropomorfos e/ou zoomorfos. Além da caracterização de "rosto" da máscara, os indígenas recorrem a gestos, sons e posturas para simular a aparência do ente representado. Habitantes da região conhecida como Alto Xingu, no Mato Grosso, são falantes de uma língua da família Aruak.
Atuxuwa Mehinako — Atuxuwa ou (Atujuá) é a denominação dada à máscara Mehinako, que representa o espírito da árvore do Jatobá, responsável pelos ventos e redemoinhos. É uma peça sagrada com uso ritualístico durante os períodos da seca ou para a cura de determinadas doenças presentes em algum membro do grupo. O Pajé enxerga a presença do espírito e, a partir disso a máscara é produzida e preparada para o uso ritual. Essa é a representação da maior máscara, considerada a “chefe”. O uso ritualístico é feito pelos homens Mehinako que dançam vestidos com as máscaras. Habitantes da região conhecida como Alto Xingu, no Mato Grosso, são falantes de uma língua da família Aruak.
Kukôire Kayapó — A máscara Kukôire é a representação do macaco prego, feita durante a festa de Kôkô. Após sua confecção os indígenas do povo Kaypó a vestem e circulam pela aldeia, buscando comida e outros objetos para uma troca. Quando os guerreiros vêm com a caça da floresta, os Kukôires levam os objetos coletados para trocar pela caça e distribuem para outros indígenas que precisam do alimento. Os Kayapó vivem nos estados do Mato Grosso e Pará, e a língua falada pertence à família linguística Jê, do tronco Macro-Jê.
(Fonte: Galeria Canoa Arte Indígena)
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