Lembranças de uma Friburgo que deixou saudades

Do Som Boite à Taberna, relembre estabelecimentos que marcaram a memória recente dos moradores da cidade
sexta-feira, 31 de janeiro de 2020
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
Domingueira no cinema Eldorado no início da década de 70 (Reproduções da página
Domingueira no cinema Eldorado no início da década de 70 (Reproduções da página "Baú de História e Memória" e do grupo "Amantes de Nova Friburgo")

Som Boite. Bar do Seu Mario. Adega da Áustria. Beliscão. Castelão. Mickey. Mob Dick. Overdose. Paradinha. Chico Rei. Confeitaria Primu’s. Taberna. Canton Lanches. Bar Club 21. Kids Batidas. Bambuzinho. Eldoradinho. Tyllus. Pandulheta. Chayenne. Kneipe. Clube dos 50. Restaurante Majórica. Cancelão. Porão da Arte…

Do Centro ao Vale dos Pinheiros, do Cônego a Mury, não faltam estabelecimentos que deixaram saudades (cujo dia é celebrado em 29 de janeiro) na memória recente dos friburguenses, dos anos 60 para cá. Eram pontos de encontro, diversão, paquera. Alguns, de tão marcantes, são referência até hoje, caso da extinta sapataria A Bota Preta: a rua onde ficava (Oliveira Botelho ou Fernando Bizzotto?) ninguém grava o nome, mas a esquina é inconfundível.

Era, sem dúvida uma cidade bem divertida. Ao lado da antiga rodoviária urbana, com sua arquitetura diferente, havia um parquinho com brinquedos e um rinque com carros de bate-bate, enquanto o trenzinho dava voltas pela Praça Getúlio Vargas, onde as crianças passeavam em charretes puxadas por bodes.

Os jovens, por sua vez, esgueiravam-se no mar de gente que costumava ocupar os dois lados das calçadas em frente aos bares, como hoje ainda acontece na Rua Monte Líbano. Naquela época, no entanto, foram vários points. Quem não se lembra da Taberna, na Praça Getúlio Vargas, e da Rua Portugal, sempre lotada de gente mesmo na época em que ainda era aberta ao trânsito de carros?

E tinha ainda o boliche, na subida para o Teleférico. E os cinemas de rua, como Eldorado, São José e Marabá. Ronald Vieira, de 81 anos, conta, com tristeza, que foi o último espectador do último filme exibido no Cine Eldorado antes do fechamento, para sempre, das portas de grade: foi "Uma janela para o céu", no dia 31 de maio de 1976.

Até as pulgas do Cine Teatro Leal, na Augusto Spinelli, são lembradas, quase meio século depois. "Assisti lá um filme do Elvis Presley. Voltei para casa todo empolado", lembra Roberto Henrique Fernandes de Oliveira, hoje morando em Santa Maria (RS).

Ronald lembra também do Bar Central, eternizado como o "Bar do Seu Mário Babo", o primeiro, dizem, a servir chope em Nova Friburgo, além das confeitarias Viena e Danúbio Azul. 

Na Avenida Alberto Braune, ainda em mão dupla, circulavam Fuscas, Rural Willys e Opalas. O último trem, não custa lembrar, passou por lá em 1964.  Compras eram feitas no Ensa, que depois virou Casas da Banha, ou no Superetti, em Olaria.

No carnaval, houve uma época em que Friburgo chegou a ter 14 bailes, recorda-se Ronald. Os mais disputados eram os da Sociedade Esportiva Friburguense (SEF), do Clube de Xadrez, do Clube dos 50 e do Country.

Friburguense “da gema” bebia guaraná Adonis e Caledônia, além de Mineirinho. Jantar romântico era pizza no Don Carrero, sob o antigo Hotel Avenida, com vinho Liebfraumilch, o da garrafa azul. Medo, só da mulher da faca e sua insana coreografia, açoitando a saia com uma vara enquanto caminhava sozinha pelas ruas.

Já Evandro Bittencourt se recorda até de momentos inusitados, como quando instalaram a réplica de um foguete em plena Alberto Braune, nos idos de 1969, em homenagem à chegada do homem à Lua. “Penduraram uma cápsula espacial, na época a Apollo, com dois astronautas, enfeitaram a praça luas, estrelas, planetas… Foi um carnaval”.

E mais uma curiosidade: o bairro Ponte da Saudade tem este nome devido ao fato de muitos moradores da cidade terem o costume de ir até lá despedir-se dos viajantes que desciam a serra a cavalo, na época que ainda não havia a linha férrea. Com a chegada do trem, o costume das despedidas na ponte continuou, sendo a maria fumaça denominada pelos friburguenses como “cavalo de ferro”.

 

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