A importância do cuidado oftalmológico na volta às aulas

Cerca de 20% das crianças em idade escolar apresentam problemas de visão, segundo o CBO
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
por Liz Tamane
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

Com o retorno das aulas, semana passada, nas escolas de todo o país, muitos pais e professores voltam a se preocupar com o rendimento escolar das crianças. Entre os diversos fatores que influenciam o aprendizado, a saúde ocular é um dos mais relevantes, mas também um dos menos percebidos. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), cerca de 20% das crianças em idade escolar apresentam problemas de visão, o que pode comprometer significativamente seu desempenho acadêmico e o bem-estar social.

A visão desempenha um papel fundamental na absorção de conhecimento. Desde a leitura no quadro até a interação com materiais didáticos, grande parte do aprendizado ocorre de forma visual. Quando uma criança tem dificuldade para enxergar, ela pode ter problemas para acompanhar as aulas, copiar corretamente os conteúdos e entender as explicações dos professores.

(Foto: O oftalmologista Alexandre Ribeiro integra o projeto social “De Olho no Futuro” )

O oftalmologista Alexandre Ribeiro, de Nova Friburgo, explica quais são os principais exames que devem ser feitos entre os pequenos, de preferência no início do ano letivo, para que possíveis danos na saúde visual não atrapalhem o aprendizado.

“Os exames fundamentais para avaliação da visão da criança são o de acuidade visual, que mede a visão da criança, o exame de refração, que vai ver se a criança tem algum tipo de grau, e o exame de motilidade ocular, que verifica se o aluno tem algum desvio ocular. Esses são os três exames fundamentais”, observa o médico. 

Os exames são importantes porque problemas de aprendizado ou desinteresse por determinadas atividades escolares podem ser sinais de complicações oculares. Dores de cabeça frequentes, fadiga visual e dificuldades na leitura também são indicativos de que a criança pode precisar de avaliação oftalmológica.

“Às vezes, a criança tem dificuldade de enxergar, não consegue acompanhar a aula, não consegue ver o que está sendo passado no quadro por problemas de visão. E isso, muitas vezes, demora a ser diagnosticado e a criança perde um tempo precioso na alfabetização, nos primeiros anos do ensino fundamental”, alerta o oftalmologista.

Principais problemas de visão na infância

Dentre as alterações visuais mais comuns em crianças estão:

  • Miopia: dificuldade para enxergar de longe, o que pode afetar a leitura do quadro;

  • Hipermetropia: dificuldade para enxergar de perto, prejudicando a leitura e a escrita;

  • Astigmatismo: visão distorcida em todas as distâncias, causando desconforto e fadiga visual;

  • Estrabismo: desvio ocular que pode levar a problemas de percepção de profundidade e coordenação motora;

  • Ambliopia ("olho preguiçoso"): quando um dos olhos não desenvolve a capacidade visual adequadamente, podendo levar a uma deficiência permanente se não tratado de forma precoce.

O oftalmologista Alexandre Ribeiro observa ainda que os problemas de visão mais comuns na infância são os de refração (miopia, hipermetropia e astigmatismo). Segundo ele, são fáceis de identificar e basta um óculos para solucionar. 

“Os problemas mais comuns que afetam o aprendizado são os problemas de grau de refração, ou seja, a miopia, a hipermetropia e o astigmatismo. Isso tudo é corrigido com óculos. Com um exame simples e uma consulta simples, de rotina, é possível diagnosticar e prescrever um óculos”, diz o médico.  

O oftalmologista destaca também que ao passar a usar óculos é comum que a criança mude até mesmo seu comportamento em sala de aula. “Existem até muitos casos de hiperatividade da criança por conta da visão. A criança tem dificuldade de enxergar e acaba se desconcentrando e fazendo bagunça na sala, incomodando outras crianças. Muitas vezes o paciente começa a usar óculos, e até o comportamento dele na sala de aula muda.”, explicou.

Muitas crianças não conseguem identificar que têm problemas de visão, pois nunca enxergaram de outra forma. Cabe aos pais, professores e profissionais de saúde estarem atentos a alguns sinais:

  • Aproximar-se excessivamente de livros, cadernos e telas;

  • Dificuldade para enxergar o quadro ou copiar conteúdos corretamente;

  • Dores de cabeça frequentes e cansaço ocular;

  • Lacrimejamento excessivo ou sensibilidade à luz;

  • Desinteresse por atividades que exigem esforço visual, como leitura e desenho;

  • Piscar excessivamente ou esfregar os olhos com frequência.

Se qualquer um destes sintomas for identificado, é essencial procurar um oftalmologista para uma avaliação detalhada. Além dos impactos acadêmicos, problemas de visão também podem afetar a autoestima das crianças. Dificuldades para acompanhar as aulas podem levar à desmotivação, queda no rendimento escolar e, em alguns casos, serem confundidas com transtornos de aprendizado, como o déficit de atenção.

Crianças com estrabismo ou ambliopia podem enfrentar desafios adicionais, como dificuldades na coordenação motora e até mesmo bullying por conta da aparência dos olhos. Isso pode comprometer sua interação social e desenvolvimento emocional.

O alcance do projeto ‘De Olho no Futuro’, do Rotary Nova Friburgo

O Rotary Club Nova Friburgo realiza todos os anos a entrega de óculos gratuitos pelo projeto social “De Olho no Futuro”, beneficiando alunos de escolas municipais. Criado em 2003, o projeto já transformou a vida de mais de 20 mil estudantes por meio da triagem realizada por professores, que identificam dificuldades visuais nas crianças e as encaminham para exames oftalmológicos gratuitos em clínicas parceiras. 

Além de oferecer óculos para os alunos que precisam, o projeto busca aprimorar a experiência educacional e melhorar a qualidade do aprendizado por meio da prevenção, identificação e correção de problemas visuais.

Garantir a saúde visual das crianças é um investimento no futuro delas, e é  nisso que o projeto também acredita. Um simples exame oftalmológico pode prevenir dificuldades de aprendizado, melhorar a qualidade de vida e evitar complicações permanentes.

Pais e educadores têm um papel essencial na identificação precoce de possíveis problemas e na busca por atendimento especializado. Afinal, uma criança que enxerga bem tem mais chances de desenvolver plenamente seu potencial acadêmico e social, construindo um futuro mais promissor.

 

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