As dificuldades são conhecidas pelo torcedor de Nova Friburgo. Com o passar dos anos e a queda das receitas, as despesas correntes se acumulam e ampliam o cenário desafiador. Mesmo com o esporte cada vez mais caro, o Friburguense continua apostando no trabalho feito há alguns anos no Eduardo Guinle. A começar pelas divisões de base, que sempre nortearam o início dos planejamentos feitos pela direção de futebol do Tricolor da Serra.
O desafio principal para o clube, em 2022, continua sendo a disputa da Série A2, a segunda divisão carioca, com o objetivo de conquistar a taça e voltar a figurar entre os clubes da elite do Rio. No ano passado a competição começou no mês de junho, mas por conta da disputa da Copa do Mundo no final do ano, o campeonato deste ano terá início em maio, provavelmente entre os dias 1º e 8, com previsão de término para a última semana de julho.
“O campeonato começa em maio, e este será o nosso calendário. É o que os times da segunda divisão têm, juntamente com uma Copa Rio logo depois. Trabalhamos na formação de grupo, com uma qualidade muito grande de jogadores da base. Eles vão ajudar bastante. Continuamos treinando no final do ano passado, mesmo sem competições, fazendo apenas alguns amistosos”, explica o gerente de futebol José Siqueira, o Siqueirinha.
A manutenção do trabalho com a base e o garimpo em busca de novos talentos tornam-se as principais alternativas para cobrir parte do hiato deixado pela falta de competições. Sem rankeamento nacional, o Friburguense praticamente possui três meses de competições oficiais por ano, podendo chegar a quatro ou cinco, dependendo do desempenho na Copa Rio.
“Sem calendário, a maioria do time de 2021 já está empregada. Não dá para esperar uma competição até maio e ficar sem receber. Perdemos vários jogadores, e a base será o início para começarmos a competição. É um trabalho, como todo ano, árduo, mas em cima do que sempre observamos, há possibilidade de fazer um time competitivo, mesmo com garotos”, aposta o dirigente, que projeta contratações de jogadores mais experientes apenas para o final de março.
“Quando falamos do Friburguense parece que é só o profissional. Mas a nossa base já retornou, o Sub-11 e Sub-13 também. O Sub-15, 17 e 20 voltam no início de fevereiro. Alguns garotos do juniores, já a partir do mês que vem, passam a treinar em separado, de repente com o comando do Cadão, já visando a Série A2. Os jogadores a serem contratados só devem chegar no final de março, início de abril, uma vez que a competição começa em maio. Ainda temos um ou outro jogador emprestado. Outros nós iremos observar em campeonatos para tentar trazer”, comenta Siqueira.
Todo este cenário é agravado pela questão da pandemia e pelo fato de a Rede Globo ter rescindido o contrato com a Federação de Futebol do Estado do Rio, justamente no ano em que o Friburguense esperava receber a verba a que teria direito pela disputa da Seletiva. “Fato é que, com a pandemia e a falta de calendário, toda a estrutura que trabalhava o ano todo se perdeu. Fazemos um trabalho e, no ano seguinte, praticamente começa tudo do zero. Vamos disputar uma competição que vai até julho, e depois, uma Copa Rio, que pode durar um jogo ou dois meses. Se acaso não subir, só joga em maio. Se conquistar o acesso, joga em janeiro e para em março. O grande ponto é classificar para uma competição nacional, uma Série D, e ir subindo de divisão. É complicado organizar um calendário para 100 clubes e asfixiar 300”, conta o gerente de futebol.
“A parte financeira preocupa mais para a questão da manutenção. Sempre tivemos os pés no chão, mas nos perdemos um pouco com a saída da Rede Globo do Campeonato Carioca. Não é só sair, e sim, perder o que tínhamos para receber, um dinheiro adquirido. Ficamos devendo e, realmente, saiu um pouco do controle financeiro. Uma possibilidade é a Globo, que já perdeu em duas instâncias, perca também na terceira, pague o valor devido à Federação e assim faça o repasse para os clubes”, projeta Siqueira.
Caso o regulamento seja realmente mantido, a série A2 do próximo ano, salvo alguma situação extraordinária, será disputada por 12 clubes, divididos em duas chaves com seis cada. Eles se enfrentam dentro dos seus grupos no primeiro turno, e os dois primeiros de cada avançam para uma eliminatória. O campeão tem vaga nas semifinais do torneio. No segundo turno, os times enfrentam rivais do outro grupo, novamente classificando os dois primeiros de cada chave para a fase seguinte. O campeão do segundo turno se junta ao campeão do primeiro e às duas melhores campanhas no geral, para disputarem as semifinais. Os vencedores fazem a final, e apenas o campeão subirá para a Série A1.
“Para fazer um bom time, um investimento, só com boa vontade, não existe. Mas acredito que, em cima do trabalho que temos e condições que temos no mercado, o Friburguense continua forte e em condições de competir. Porém, financeiramente, posso garantir que vamos estar entre as folhas de pagamento mais baixas da A2”, aposta Siqueira.
Estão qualificados para a segunda divisão estadual, além do Friburguense, as equipes da Cabofriense, Gonçalense, Artsul, Americano, América, Macaé, Sampaio Corrêa, Olaria, Maricá e Angra dos Reis
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