Estado do Rio perdeu mais de 500 mil empregos em quatro anos

Comissão de Economia da Alerj debate a possibilidade de avanços após a pandemia
sexta-feira, 10 de julho de 2020
por Jornal A Voz da Serra
Estado do Rio perdeu mais de 500 mil empregos em quatro anos

Levantamento do Ministério da Economia, através de dados obtidos pela Relação Anual de Informações Sociais (Rais), emitidas pelas empresas, e pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostra que o Estado do Rio de Janeiro teve uma redução de, pelo menos, 588 mil empregos formais no período entre dezembro de 2014 e dezembro de 2019. A informação do Governo Federal foi divulgada durante um debate por vídeoconferência, na última semana, da Comissão de Economia, Indústria e Comércio da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A casa de leis tenta discutir e sugerir propostas para a retomada de setores da economia fluminense no pós-pandemia.

“Tivemos uma crise nacional político-econômica e o Brasil perdeu mais de dois milhões de empregos nesse período. No Rio de Janeiro isso foi muito mais pesado. Enquanto no país perdeu-se 5,6% postos de trabalho, no Estado do Rio a porcentagem do desemprego foi de 15,6%. Isso ocorreu mesmo com a realização das obras para as olimpíadas e demais investimentos federais no Rio. Essa situação mostra que, se não houver uma estratégia regional, uma estrutura pública, as oportunidades são pouco aproveitadas”, explicou o economista Mauro Osório, chefe da Assessoria Fiscal da Assembleia Legislativa fluminense.

O presidente da Comissão, deputado estadual Renan Ferreirinha (PSB), frisou que o momento de contingência do coronavírus tem sido desafiador, mas que a casa legislativa tem atuado de forma intensa: “O Poder Legislativo do Estado do Rio tem assumido o protagonismo, e temos vivido uma etapa interessante de pessoas que estão comprometidas a pesquisar e a ouvir. Vamos continuar estudando possíveis pautas que podem se traduzir em legislação para avançarmos. Temos de seguir fomentando essas discussões técnicas, econômicas, fiscais e da identidade carioca e fluminense”, observou Ferreirinha. 

Reestruturação do setor público

Mauro Osório reforçou a necessidade da realização de uma reestruturação do setor público, principalmente na esfera estadual para poder estimular a economia no Estado do Rio. “Temos um Estado com um problema fiscal grave e com poucos funcionários públicos. O Governo Federal arrecada R$ 170 bilhões no Estado do Rio e devolve RS 33 bilhões. Estamos na 11ª posição em termos de receita pública per capita. É uma situação complicada, é necessário ter estratégia, coordenação de política, utilização das estruturas públicas para fazer planejamento”, salientou.

O deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) comentou sobre a possibilidade de amenizar a questão da capitalização do setor de aposentadoria e pensão. De acordo com o parlamentar, o imposto de renda do funcionário estadual deveria sair da fonte do Tesouro e ser destinado exclusivamente para financiar o sistema previdenciário. Esse processo poderia gerar R$ 5 bilhões por ano. O imposto de renda, descontado pelo funcionário, poderia custear a própria aposentadoria.

“Fiz essa proposta, ela virou lei, mas até hoje o Governo do Estado do Rio não a incorporou. Não creio que seja esta a solução, pois não resolve o problema, mas minimiza a situação. Esse item de reestruturação tem de ser encarado com um foco verdadeiro, para gue possamos buscar uma saída real. A nossa crise é de receita, mas precisamos resolver outras questões”, explicou o deputado.

O vice-presidente da Comissão de Economia da Alerj, deputado estadual Waldeck Carneiro (PT), observou a necessidade de se ter cautela ao analisar o setor público e questionou sobre as organizações sociais na gestão da saúde fluminense: “Será que é melhor termos uma Secretaria de Saúde com servidores públicos estaduais concursados e profissionalizados ou ter organizações sociais? As OSs foram um péssimo caminho para a gestão da saúde no Rio”, observou o parlamentar.  

Waldeck Carneiro ainda destacou que o Estado do Rio precisa do auxílio do Governo Federal para sair da crise, o que só deve acontecer com a recuperação econômica a partir da geração de emprego e renda. “O Rio de Janeiro precisa do Brasil. É necessário que o país faça um redesenho do pacto federativo. Os estados e municípios foram assumindo responsabilidade na prestação de serviço, na saúde, na educação, na assistência e a União concentra grande parte dos tributos arrecadados e pode até legislar afetando tributos estaduais. O Rio pode ser um potente polo de conhecimento e inovação, e isso gera renda. Aqui, nós sediamos o maior acervo de universidades de pesquisas do Brasil, federais, estaduais, Cefet, institutos federais, entre outros. Precisamos transformar isso em desenvolvimento econômico”, concluiu.

 

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