A montagem “Fala-me de Amor” é inspirada em obra do escritor francês Michel Quoist — com o viés filosófico que permeia todos os seus livros, ligando-os à sabedoria que reside na simplicidade das “criaturas cansadas”, por vezes desesperançadas. Para melhor desenvolver essa forma filosófica, o espetáculo utiliza multilinguagens, “alimentando-as do prazer de amar sem dimensões", explica a diretora Jane Ayrão.
A peça pretende passar para o público a celebração da vida, com o intuito de levá-lo a descobrir ao longo do espetáculo, que cada personagem carrega uma característica do próprio Michel Quoist. As cenas do andarilho, com as marcas dos ‘caminhantes da América Latina’, mostram a trajetória de um jovem pelo mundo, que vai aprofundando suas reflexões enquanto caminha pela estrada da vida. Não se trata de uma história de amor, mas de muitas histórias com amor. “Oriun é o personagem central que desenrola o novelo da trama: para ele, o ‘amor é a indispensável seiva de quem vive’", destaca Jane.
No decorrer do espetáculo, o andarilho Oriun surge caracterizado como o escritor Michel Quoist, em cena embalada pela canção "Hino ao Amor", de Edith Piaf. “Mais uma vez contaremos com a criatividade do estilista Virgílio Santos, que dá forma a um figurino criativo, inovador e sustentável, e cenário do artista plástico Márcio Arqueiro. O diretor musical Agni de Souza revisita várias épocas, em perfeita harmonia com as coreografias idealizadas por Isabela Cigano e Mirelle Ruiz”, revela a diretora.
Produção já recebe convites
Jane Ayrão conta que antes mesmo de estrear (em data ainda a ser definida) a produção tem despertado interesse da comunidade friburguense, em geral. A rede de ensino pública, por exemplo, entrou em contato com ela para viabilizar apresentações para professores do ensino fundamental e para ouvi-la falar sobre o tema e o autor, ainda pouco conhecido no Brasil.
“Tivemos reuniões na secretaria municipal de Educação e com pessoas que estão descobrindo agora Michel Quoist, sua história e seus livros, que vêm sendo reeditados e voltando a despertar o interesse de leitores na Europa. Penso que esse movimento se dá principalmente pela necessidade de se falar de amor, da carência que as pessoas estão sentindo nesses tempos de tantas guerras, conflitos, agressões. Há uma carência enorme de fraternidade, tolerância e compaixão”, reitera.
Sobre o autor
Michel Quoist — nascido em Havre/França, em 1921, onde veio a falecer em 1997 —, foi um presbítero e escritor francês autor de várias obras. Em trabalho missionário no exterior, integrou o Comitê Episcopal, na América Latina, destacando-se como pregador em retiros e escrevendo livros de meditação.
Órfão de pai, começou a trabalhar aos 14 anos, e um ano depois, apoiou as reivindicações da classe operária francesa. Participou de peregrinações e, em uma delas, despertou para a missão religiosa. Em 1947, aos 26 anos, foi ordenado sacerdote.
Prosseguindo seus estudos em Ciências Políticas e Sociais, obteve doutorado defendendo a tese “A Cidade e o Homem”. Comunicativo, tornou-se diretor da Rádio Diocesana, e nos anos 1970 foi nomeado diretor de ações pastorais. Convicto de que “só o amor poderia salvar o mundo”, percorreu vários países da América Latina.
Como um ‘andarilho com atributos de pregador’, realizou o sonho de sua vida: “Falar de amor para as pessoas, antes que elas se transformem em pedras”. Acometido por um câncer no pâncreas, faleceu aos 76 anos, seis dias após lançar o livro Construir o Homem.
Principais obras: Orações, Ressuscitar, Cristo está Vivo, O Evangelho na Televisão, Amor, Economia e Humanismo, Novos Poemas para Rezar, Fale-me de Amor.
Equipe técnica da Cia de Arte
Presidente: Margareth Farah
Direção artística: Jane Ayrão
Direção de cena: Eduardo Ramos
Direção musical: Agni de Souza
Coordenação de elenco: Tininha Nagato
Coordenação de dança: Isabela Cigano
Coreografia: Mirelle Ruiz
Caracterização: Nina Queiroz e equipe
Cenografia: Márcio Arqueiro
Figurino: Virgílio Santos
Elenco
Eduardo Ramos; Adriana Esteduto; Josane Marchon; Matheus Rangel; Beatriz Canela; Margareth Farah; Isabela Cigano; Ana Beatriz Santos; Helena Fragoso; Agni de Souza; Erlange Borges; Martha Coelho; Leonardo Couto; Aline Bergamo; Jorge Coelho; Maysa Canto Borges.
Os ensaios vêm sendo realizados no GPH-Cônego, em dois encontros por semana: às quintas-feiras e sextas-feiras (a partir das 18h) e aos domingos (14h30), em dias alternados a cada semana.
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