Chupetas viram acessório para alívio do estresse nos jovens

Expert avalia tendência em que jovens e adultos usam chupetas contra sintomas de ansiedade
sexta-feira, 15 de agosto de 2025
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

O uso de chupetas por adultos, que recentemente ganhou destaque nas redes sociais, pode parecer apenas uma excentricidade ou uma tendência divertida. No entanto, especialistas alertam que, por trás desse hábito, existem aspectos psicológicos e físicos que merecem atenção.

Segundo psiquiatras, esse comportamento pode ser compreendido como uma regressão, mecanismo de defesa no qual o indivíduo retoma hábitos de fases anteriores da vida para encontrar segurança.

Esse hábito curioso já bem popular na Coreia do Sul, é defendido pelos adeptos com a justificativa de controlar o estresse. A prática, que promete resgatar memórias de conforto da infância, tem sido apontada por adeptos como uma forma de aliviar a ansiedade e melhorar a qualidade do sono de quem sofre de insônia. No entanto, especialistas em saúde já alertam para possíveis riscos físicos e psicológicos associados ao uso prolongado. 

Em um mundo hiperconectado e acelerado, a procura por soluções para problemas como insônia, ansiedade e estresse cresce cada vez mais. Há quem opte por chás, massagens, técnicas de respiração e, acredite, chupetas. Em países como a China e os Estados Unidos, o acessório tem sido a aposta de jovens e adultos para aliviar tensões. Tradicionalmente usadas para acalmar bebês e crianças durante períodos de inquietação, elas são associadas à infância e geram estranhamento ao serem utilizadas por adultos.

"O uso de chupetas por adultos pode trazer inúmeros prejuízos físicos, psicológicos e sociais, especialmente quando a intenção é aliviar sintomas de ansiedade. Esse transtorno tem causas múltiplas, combinando fatores biológicos, emocionais e ambientais. Entre eles, estão traumas passados, baixa tolerância à incerteza, questões de autoimagem, pensamentos disfuncionais, predisposição genética e desequilíbrios cerebrais ou hormonais. Trata-se, portanto, de uma condição complexa que não pode ser resolvida apenas com recursos externos", analisa a psicóloga Carla Campos.

Segundo a especialista, quando a chupeta é utilizada como estratégia para lidar com a ansiedade, ela pode gerar efeitos psicológicos negativos, como regressão comportamental. "Esse hábito estimula comportamentos infantis e pode retardar o desenvolvimento emocional, a autonomia e a capacidade de lidar com frustrações e regular emoções", diz.

De acordo com Campos, embora a sucção e a mordida proporcionem um alívio imediato, funcionando como um efeito placebo, “o uso não trata a causa da ansiedade e pode atrasar o amadurecimento emocional da pessoa”.

Comportamento infantil

Diante de um cenário marcado por instabilidade econômica, polarização política e crescente preocupação com as mudanças climáticas, muitos jovens — especialmente da geração Z — buscam formas de conforto emocional e alívio da ansiedade.

Nesse contexto, tendências como os bebês reborn, bonecos Labubu, livros de pintura Bobbie Goods e, mais recentemente, o uso de chupetas, ganham força como portos-seguros simbólicos, oferecendo uma fuga temporária da pressão e da incerteza do mundo real.

De acordo com o South China Morning Post, as chupetas são vendidas sob a premissa de até mesmo auxiliar no processo de abstinência do fumo. A popularidade dos produtos pode ser analisada na psicologia por meio do fenômeno conhecido como regressão, no qual o indivíduo retorna a uma fase de desenvolvimento anterior, buscando conforto e segurança naquilo que é conhecido.

Nas redes sociais, internautas têm compartilhado vídeos usando chupetas no trânsito, no trabalho e durante crises de burnout. Em alguns deles, mostram até como customizar o acessório com adesivos, pedrarias e miçangas.

“Psicologicamente, trata-se de um comportamento infantil que, no nível inconsciente, simboliza fuga da realidade e da fase adulta, revelando também o desejo de evitar obrigações e responsabilidades — que, no entanto, não deixarão de existir”, afirma o psicólogo Alexander Bez.

“É um modismo passageiro, incapaz de ajudar a lidar com os sintomas do estresse, que sempre parte do meio externo para o interno, e que encontra na ansiedade um grande aliado”, acrescentou o psicológo.

 

(Fontes: Metrópoles e Terra)

 

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