Para quem vive sozinho ou com familiares, adaptações na arquitetura das residências facilitam a rotina e a integridade física para pessoas a partir dos 65/70 anos. Segundo dados recentes computados no censo realizado Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas acima de 60 anos, representando 13% da população do país, uma parcela que tende a dobrar nas próximas décadas em função do crescimento da expectativa de vida constatada no Brasil e no mundo.
Com a celebração do Dia Internacional do Idoso na última quinta-feira, 1º de outubro, volta-se o olhar para as medidas que contribuem para a vida saudável desse importante grupo de brasileiros. Nesse aspecto, a arquitetura é fundamental, já que o ambiente do lar deve proporcionar todas as condições para uma vida confortável e segura, já que 70% dos acidentes com queda entre os idosos, ocorrem dentro de casa.
O arquiteto friburguense Rogério Kato, fala da importância desse cuidado. “Uma casa adaptada a idosos tem a função primordial de minimizar possíveis acidentes típicos da idade. Deve-se buscar a ergonomia dos equipamentos domésticos a fim de se tornar o ambiente mais funcional e consequentemente mais confortável”, comentou.
Kato revelou que “não há grande demanda em Friburgo, não que não haja consciência sobre a questão, porém, o perfil de clientes é em sua maioria formada por jovens que, provavelmente, farão uso específico desta necessidade no momento adequado”, complementou.
Transformando a casa em um local seguro e confortável
A casa deve ser um local seguro, confortável e deve se adaptar à rotina dos moradores. É essencial proteger aqueles que têm problemas de equilíbrio e flexibilidade, seja no caso de crianças, idosos e/ou daqueles que possuem mobilidade reduzida. Planejar a residência e garantir a autonomia dos idosos permite que sua rotina seja a mais estável possível. Problemas de visão, redução da audição, hipertensão, labirintite, efeito colaterais de remédios, dentre outros fatores são algumas das causas de acidentes.
Através da prevenção é possível reduzir o número destas ocorrências, reduzindo também os custos com médicos e hospitais e melhorando a qualidade de vida do idoso e de quem vive com eles. Aplicando algumas dicas, é possível transformar a casa em um local mais seguro e confortável.
- Tapetes: devem ser evitados, mas caso permaneçam, opte por aqueles com cerdas baixas e instale fitas adesivas antiderrapantes para fixá-los;
- Cores: paredes de cor clara refletem melhor a luz e detalhes com cores mais fortes podem estimular os sentidos do idoso e tornar a rotina mais dinâmica;
- Móveis: evite que o idoso tenha que se abaixar ou se esticar muito para alcançar os objetos (utilize móveis com altura média); cadeiras e sofás com assento médio e espaldar alto são mais confortáveis para se levantar; cantos arredondados são mais seguros; mesas laterais devem ser fixas para permitir que se apoiem quando necessário; gavetas devem ter travas de segurança para que não caiam ao abrir; armários com portas de correr são melhores por não interferirem na área de circulação; evite móveis de vidro;
- Circulação: deve ser a mais livre possível e, em geral, no mínimo 80cm (segundo a norma brasileira de Acessibilidade (NBR 9050); uma pessoa com bengala precisa de 75cm livres para circular, já alguém com um andador com rodas precisará de 90cm, assim como uma pessoa em uma cadeira de rodas;
- Acesso a escadas: o ideal é que seja através de rampas, com no máximo 8,33% de inclinação (segundo NBR 9050); para maior proteção instale corrimão com 90cm de altura nas escadas e rampas; elevadores e plataformas elevatórias são uma boa solução para evitar escadas e desníveis;
- Escadas: devem ter patamar entre 28 e 30cm para que os pés tenham o apoio necessário; marque o início e o fim da escada, o que pode ser feito utilizando um material de cor e textura diferente; balizadores (pontos de iluminação) em cada degrau facilitam sua visualização; evite desníveis pequenos que podem provocar tropeços (prefira pequenas rampas);
- Piso: opte pelos antiderrapantes, como cerâmicas com textura tátil e pisos emborrachados;
- Iluminação: deve ser abundante e uniforme, evitando pontos escuros que possam esconder objetos, compensando as dificuldades visuais; as lâmpadas devem ser anti-ofuscante (lâmpadas leitosas permitem iluminação indireta); facilite o acesso aos interruptores escolhendo os iluminados;
- Portas: se possível sempre com vão mínimo de 80cm, principalmente para o banheiro e entrada da casa (esta pode ser maior, com 90cm); maçanetas de alavanca (e não redondas) são recomendadas;
- Banheiro: adapte barras de apoio e banco dentro do box;
- Cozinha: torneira de monocomando ou alavanca facilita o manuseio; copos de plástico e de metal evitam cortes no caso de acidentes; ter um carrinho com rodas facilita o transporte dos objetos de um ambiente para o outro;
- Quarto: deve ficar no andar térreo, com acesso fácil ao banheiro; a cama deve ter altura que permita estar sentado e apoiar os pés no chão; colchão e travesseiros devem estar de acordo com as necessidades de saúde da pessoa (como o peso); deve haver lanterna, telefone e campainha próximos da cama; a mesa lateral deve ter cantos arredondados;
- Jardim: deve ser bem iluminado para que quem esteja dentro da casa enxergue bem o que há do lado de fora, garantindo segurança física e psicológica. Capriche no paisagismo: o contato com o jardim acalma e traz muitos benefícios para a saúde.
(Com informações do site Clique Arquitetura)
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