Alguns trechos de estradas próximas a Nova Friburgo e que ligam o município a outras também foram bloqueadas por algumas horas nos últimos dias e a exemplo do que aconteceu em todo o país, as empresas que trabalham com transportes de mercadorias na região sofreram reflexo dos bloqueios. O movimento feito por caminhoneiros insatisfeitos com o resultado das eleições presidenciais, que garantiram a condução de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência da República no lugar de Jair Bolsonaro (PL) a partir de 1º de janeiro de 2023, teve início ainda na noite do último domingo, 30 de outubro, logo após o anúncio da totalização dos votos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os bloqueios começaram a se dissipar na quarta-feira, 2, depois que o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes determinou atuação rígida da Polícia Rodoviária Federal nas ações para liberação total das rodovias e do presidente Bolsonaro ter apelado, através de uma transmissão online por redes sociais, para que os manifestantes liberassem totalmente o tráfego nas estradas.
Uma das empresas transportadoras de Nova Friburgo teve seis carretas de sua frota impedidas de seguir viagem em um bloqueio realizado na Via Dutra, altura do município de Barra Mansa, no Sul fluminense. Os veículos ficaram parados até a madrugada da última terça-feira, 1º. De acordo com o empresário Jackson Jackson Thedin, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Nova Friburgo (Setcanf), que administra a empresa junto com os irmãos, cinco dessas carretas, com destino a cidade do Rio de Janeiro, conseguiram chegar à filial da transportadora friburguense na capital do estado. “O outro veículo, que estava indo para São Paulo ficou bloqueado em Taubaté-SP e só foi liberado nesta quinta-feira, 3, para seu destino final”, disse ele.
“Assim que começou a paralisação, a ordem na empresa foi de não colocar caminhões na estrada. Não podemos colocar em risco as mercadorias dos clientes, que podem sofrer roubos e saques ”, explicou Jackson.
Com filiais em diversas cidades e estados, a empresa ficou com cerca de 50 carretas paradas em cada unidade. “Trabalhamos nesse período apenas com a coleta das mercadorias internamente, em algumas cidades onde foi possível fazer”, disse ele, explicando ainda que caso os bloqueios continuassem, nem esse trabalho poderia mais ser feito devido aos seus depósitos já estarem lotados de cargas.
Para colocar em dia as entregas que ficaram pendentes, segundo Jackson, será preciso pelo menos uma semana de trabalho. “Retornamos com as carretas para as estradas na madrugada desta quinta, 3. Mas sexta-feira já é, tradicionalmente, um dia mais difícil de se fazer entregas. Ainda bem que os clientes têm consciência de que não temos como fazer os transportes com as estradas bloqueadas”, esclarece ele.
Possibilidade de desabastecimento
O presidente do Setcanf acredita ainda que, caso os bloqueios continuassem, muitas cidades começariam a sofrer desabastecimento, como aconteceu na paralisação de 2018. “Os efeitos das paralisações dos caminhoneiros afetam diretamente a vida das pessoas. Ficamos bem apreensivos com a possibilidade de paralisação das estradas por qualquer motivo, hoje em dia. Independente de quem ganhou as eleições, para o setor, o que importa é o resultado nas urnas e fechar as estradas só traz prejuízos à população”, finalizou.
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