O tradicional bloco Otávio e Carolina já está se preparando para mais um carnaval. A festa do bloco será no seu berço: o distrito de Amparo, na segunda-feira, 20, e terça-feira, 21. No primeiro dia, a animação será ao som do Baião de Três e Flávia Oliveira, que também vai se apresentar na terça, sempre a partir das 16h.
O bloco, que agora está sob responsabilidade da Associação de Moradores de Amparo (Assamam), tem cinco bonecos gigantes feitos de espumas com base em ferro e arame, um boi feito de espumas e arame, um boneco pequeno feito de espuma, uma nega maluca feita de pano e duas mulinhas feitas com fuxico e pedrarias.
“O morador de Amparo, Zezinho Rocha, é o patrono dos bonecos. Ele sempre cuidou do bloco com muito orgulho e carinho. Na pandemia ele pediu para a associação de moradores tomar conta dos bonecos e nós aceitamos. Assim, vamos manter viva a cultura dos bonecos gigantes em nosso Distrito”, disse Maria Gorete de Oliveira Reis, presidente da Assamam.
Os bonecos foram feitos pela artesã Cristina Azevedo, de Nova Friburgo e agora estão sendo reformados e preparados para a folia. “Como esse será o primeiro ano pós pandemia que o bloco estará na rua, nossa expectativa é grande de trazer muita alegria no Carnaval”, diz Maria Gorete.
Como tudo começou
O bloco carnavalesco Otávio e Carolina, característico com seus bonecos gigantes tem mais de 100 anos. O casal de bonecos Otávio e Carolina é pioneiro do carnaval de Amparo, que há mais de 20 anos vem sendo continuada por José Elias Rocha, o Zezim.
Com o passar dos anos, os bonecos ganharam estruturas diferentes, passando da composição de bambu para a armação de metal, mas mantêm a alegria dos carnavais anteriores. Ao longo da história, novos integrantes foram se juntando ao bloco. Otávio e Carolina ganharam dois filhos: Clarinda e Antenor. Um boi-bumbá e um burrinho também passaram a desfilar no carnaval, e o companheiro mais recente foi um boneco do ilustre Luiz Gonzaga, com óculos de sol, chapéu e sanfona.
Como tudo começou, é difícil dizer, garante Zezim. Histórias dão conta de que na virada do século 19, quando o bloco foi criado, havia um casal muito festeiro que morava na região, cujos nomes serviram de inspiração para os três fundadores: Lico Costa, Sebastião Lamblet e Rufino Schuenck. O que realmente se sabe é que no carnaval de rua naquele período era comum os blocos terem carros ornamentados e bonecos que os representavam. Com Otávio e Carolina não foi diferente.
O casal de bonecos foi pioneiro do carnaval de Amparo. Passando por administrações diferentes após a morte dos seus fundadores, como a de Ibanez Winter e Nilton Teixeirão, no primeiro retorno ao carnaval, os bonecos ganharam novas configurações. Assim que assumiram o bloco eles mandaram refazer os fantoches, que ganharam uma armação feita de bambu.
“O bloco tem mais de 100 anos e foi criado para desfilar em Amparo. Na época, o carnaval aqui era muito animado, mas ainda havia segregação. Além do ‘Otávio e Carolina’, na região ainda havia os blocos ‘da Rosa’, ‘das Flores’ e o ‘Estrela do Oriente’, que eram formados por negros. Após a morte de Lico, Sebastião e Rufino, o bloco acabou. Quem resgatou a história foram o Nilton e o Ibanez, que mandaram fazer os bonecos de taquara. Eram grandes e bem feitos, mas a armação era muito pesada, brincar carnaval carregando os bonecos era um teste de resistência”, conta Zezim.
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