O novo aumento dos combustíveis anunciado pela Petrobras na última sexta-feira, 17, chegou às bombas em Nova Friburgo na tarde de segunda-feira, 20, quando os postos subiram, em média, R$ 0,20 em cada litro de gasolina comum para os consumidores. Desde o último fim de semana, o preço médio de venda de gasolina da Petrobras para as distribuidoras passou de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro. Considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passou de R$ 2,81, em média, para R$ 2,96 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,15 por litro. Esse valor, somado aos impostos, custo do transporte e lucro dos proprietários de postos já faz os motoristas friburguenses terem que desembolsar entre R$ 7,75 e R$ 7,99, dependendo do posto, pelo litro da gasoina. Antes, o valor variava entre R$ 7,55 e R$ 7,79.
Se o aumento pesa no bolso do cidadão comum, quem depende diretamente do carro para trabalhar, como os motoristas de aplicativos e os taxistas, está apreensivo. Sebastião Rabelo da Costa (abaixo) é motorista de aplicativo há três anos. Depois da disparada de preços dos combustíveis ano passado, mais os aumentos deste ano, somados aos reajustes de insumos, como pneus, óleo, pastilha de freio, entre outros, Sebastião teve que buscar alternativas para conseguir equilibrar as contas.
“Fui obrigado a diminuir minhas horas trabalhadas nos aplicativos, hoje trabalho só na parte da manhã e no restante do dia, estou trabalhando como motoboy, pois só no aplicativo a conta não estava fechando. Tive que diversificar minha fonte de renda para pagar as contas”, explica ele.
Isso porque, segundo Sebastião, as corridas de aplicativos não tiveram reajuste. “O aumento médio de R$ 0,20 pode ser pouco para quem roda menos. Mas, para nós, que gastamos em torno de 15 a 20 litros de combustível por dia, faz muita falta no final do mês”, esclarece ele.
Já o taxista Luperes da Rocha apelou para o abastecimento com álcool para poder rodar. E ainda aumentou o horário de serviço, trabalhando 15 horas por dia. “Sou taxista há dez anos e quando comecei a gasolina custava pouco mais de R$ 1. Hoje, sem aumento de tarifa há anos, temos que trabalhar muito mais para conseguir pagar as contas”, disse ele.
Efeito dominó
Para o consultor financeiro e colunista de A VOZ DA SERRA, Gabriel Alves (abaixo), o aumento dos combustíveis está diretamente ligado ao atual cenário internacional. “Não temos como falar em aumento de preço dos combustíveis sem falar sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia. Afinal, este é o principal fator responsável pela redução da oferta de petróleo no mercado global. Seguindo a lei de oferta e demanda, quanto menor a oferta, maior o preço de equilíbrio, caso a demanda permaneça a mesma, e maior ainda se a demanda pelo produto aumentar”, explica ele, acrescentando que “por outro lado, analisando nosso cenário nacional, a política de Preços de Paridade Internacional (PPI) praticada pela Petrobras interfere diretamente na realidade do bolso do consumidor brasileiro com a influência cambial na formação de preços dos combustíveis”, avalia Gabriel.
E é impossível o aumento dos combustíveis não interferir nos preços de todos os demais produtos no Brasil, já que no país o transporte de mercadorias é majoritariamente rodoviário. Os caminhões são abastecidos por diesel, que também sofreu reajuste no último sábado, 18.
De acordo com o anúncio feito pela Petrobrás, o preço médio de venda para as distribuidoras passou de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro. Considerando a mistura obrigatória de 90% de diesel A e 10% de biodiesel para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passou de R$ 4,42, em média, para R$ 5,05 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,63 por litro. Quando falamos em aumento de preços (efeito colateral da inflação) é indispensável analisar os impactos provocados pelos reajustes nos combustíveis: o efeito dominó. “É aqui onde toda a cadeia produtiva sofre recálculos de custos – desde a energia elétrica, até a rede de transportes –, o que impacta ainda mais o bolso do consumidor final”, finalizou Gabriel.
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